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A disputa comercial entre a China e os Estados Unidos tem gerado reviravoltas no mercado de aviação e colocado empresas brasileiras em uma posição estratégica.
Recentemente, declarações de autoridades chinesas sinalizaram uma oportunidade para a fabricante brasileira de aeronaves, que poderia conquistar novos contratos importantes, especialmente com companhias aéreas chinesas.
Isso ocorre em um momento de tensão crescente entre as potências globais, que afeta diretamente os interesses comerciais no setor aeronáutico.
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Em uma coletiva de imprensa realizada no dia 16 de abril de 2025, o governo chinês evitou confirmar a suspensão das compras de aviões da Boeing por empresas aéreas do país, conforme havia sido noticiado pela agência Bloomberg um dia antes.
A expectativa era de que a China tomasse uma posição firme a respeito da disputa com os EUA, mas, ao invés disso, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, focou sua fala em fortalecer as relações comerciais com o Brasil, elogiando a Embraer e ressaltando o papel estratégico do Brasil no setor de aviação.
“O Brasil é um país de grande importância na aviação, e a China valoriza muito a cooperação prática com o Brasil em vários setores, incluindo a aviação,” declarou Lin Jian, destacando o compromisso de Pequim em manter laços estreitos com o Brasil.
Essa declaração surge como uma sinalização positiva para a Embraer, que já há dois anos busca concretizar a venda de cerca de 20 jatos para uma companhia aérea regional chinesa.
O governo brasileiro tem se empenhado ativamente em apoiar essas negociações, incluindo diversas visitas de ministros e até mesmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Ásia.
Apesar do esforço diplomático, a venda dos jatos ainda não foi finalizada, o que tem gerado incertezas no setor.
Porém, as recentes palavras do porta-voz chinês, ao elogiar as companhias brasileiras, foram interpretadas como um sinal de que a Embraer pode, sim, ser beneficiada em um cenário de dificuldades para a Boeing.
O mercado chinês tem se mostrado cada vez mais receptivo aos produtos da fabricante brasileira, e a instabilidade entre China e Estados Unidos pode ser uma oportunidade única para a Embraer expandir sua presença na Ásia, um dos maiores mercados globais de aviação.
No mesmo dia em que a notícia sobre a possível suspensão das compras da Boeing foi divulgada, as ações da Embraer dispararam na Bolsa de Valores de São Paulo.
Investidores interpretaram a notícia como uma oportunidade para a fabricante brasileira, que poderia se beneficiar com a possível mudança de postura do governo chinês em relação à Boeing.
A alta nas ações reflete uma crescente expectativa no mercado, que vê a Embraer como uma alternativa viável para substituir a Boeing em algumas negociações no mercado chinês.
Críticas dos EUA acirram tensão com a China na América Latina
Além disso, as declarações do porta-voz chinês ocorreram em um contexto de crescente tensão entre a China e os Estados Unidos, especialmente na América Latina, onde os dois países competem por maior influência.
Em outra parte da coletiva, Lin Jian respondeu de forma contundente a críticas feitas por Scott Bessent, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, sobre os investimentos da China em países da América Latina.
Bessent havia se referido a esses investimentos como “vorazes” durante uma visita à Argentina.
Lin Jian rebateu as acusações, afirmando que a cooperação da China com os países da América Latina e do Caribe é baseada no respeito mútuo, na igualdade e no benefício mútuo, e que os investimentos chineses têm impulsionado significativamente o desenvolvimento econômico na região.
“Esses investimentos são bem recebidos pelos países da América Latina, que elogiam a parceria com a China,” comentou Lin, destacando o impacto positivo que os investimentos têm gerado nos países em desenvolvimento.
Em tom mais firme, o porta-voz também criticou a presença histórica dos Estados Unidos na região, afirmando que os EUA têm um histórico de “intimidação e pilhagem” que deixou a América Latina em uma situação de vulnerabilidade.
“Os Estados Unidos não estão em posição de criticar a cooperação entre a China e os países latino-americanos,” disse Lin, uma fala que ressoou como uma forte defesa da posição chinesa na região.
A embaixada chinesa em Buenos Aires também se manifestou sobre o assunto, chamando as declarações de Bessent de “calúnia maliciosa” e reiterando o compromisso da China com o desenvolvimento socioeconômico da América Latina.
A declaração de Lin Jian e as respostas contundentes da embaixada chinesa refletem o clima de crescente rivalidade entre Pequim e Washington, que está sendo intensificado em áreas-chave como a infraestrutura, tecnologia e, claro, a aviação civil.
Brasil ocupa posição estratégica no mercado de aviação
Essa disputa geopolítica coloca o Brasil em uma posição estratégica, especialmente quando se trata de garantir vantagens para empresas como a Embraer.
O país tem sido um ponto de conexão entre a China e os mercados latino-americanos, e a relação bilateral com Pequim tem se intensificado nos últimos anos, com o Brasil se tornando um parceiro comercial de destaque para a China.
Em um contexto de fragilidade para grandes gigantes da aviação, como a Boeing, a Embraer se encontra em uma oportunidade única de expandir sua atuação global, especialmente em mercados como o asiático, onde a China exerce grande influência.
No entanto, ainda existem desafios para que a Embraer consiga concretizar a venda de seus jatos para as companhias aéreas chinesas.
A negociação, que já dura dois anos, enfrenta entraves burocráticos e, principalmente, a resistência de concorrentes como a Boeing, que continua sendo a principal fornecedora de aeronaves para a aviação comercial mundial.
A pressão do governo brasileiro e os esforços diplomáticos têm sido essenciais, mas o futuro da Embraer dependerá não apenas da postura da China, mas também das condições econômicas globais e da relação entre as potências.
O futuro da Embraer no mercado global de aviação
O mercado global de aviação continua em um estado de incerteza, e a disputa entre China e Estados Unidos apenas aumenta essa tensão.
Enquanto isso, a Embraer continua sua trajetória de busca por novos mercados e oportunidades.
A fabricante brasileira precisa, agora mais do que nunca, estar atenta a esses movimentos globais e explorar ao máximo as chances que surgem, principalmente no setor de aviação regional, que tem se mostrado promissor na China e em outros mercados da Ásia.
Com a crescente rivalidade entre os dois gigantes econômicos, a pergunta que fica é: quais serão os próximos passos da Embraer para consolidar sua presença no mercado asiático?