Missão liderada por Alckmin busca novos mercados em meio à sobretaxa dos EUA sobre exportações brasileiras.
O governo brasileiro iniciou uma ofensiva comercial para ampliar seus negócios com o México e o Canadá. A medida é uma resposta direta às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos, que impactam fortemente as exportações do Brasil. Uma comitiva liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin já está no México para diversificar os destinos dos produtos nacionais.
A resposta brasileira à sobretaxa americana
A imposição de tarifas pelos Estados Unidos acendeu um alerta no governo federal. Atualmente, o mercado norte-americano responde por cerca de 55% dos itens brasileiros atingidos pela sobretaxa. Para reduzir essa dependência, a estratégia é clara: fortalecer laços com outros parceiros comerciais importantes.
A movimentação busca criar alternativas consistentes para os produtos nacionais. O foco no México e no Canadá representa um passo pragmático diante do novo cenário internacional, garantindo que o setor produtivo brasileiro não seja tão afetado pela política tarifária americana.
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Missão oficial busca fortalecer laços comerciais
Para concretizar essa estratégia, uma missão oficial desembarcou na Cidade do México. Na manhã desta quarta-feira (27), o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, reuniram-se com mais de 100 empresários brasileiros. O próximo destino da comitiva será o Canadá.
“O México é o sétimo destino das exportações brasileiras, e nós somos um novo destino para os produtos mexicanos. Estamos aqui para ouvir o setor produtivo e ampliar as oportunidades”, afirmou Alckmin. A aproximação, segundo o governo, não visa substituir o comércio com os EUA, mas criar novas e sólidas alternativas.
México e Canadá: mercados estratégicos e oportunidades reais
México e Canadá estão entre os dez principais destinos com maior volume de importações nos setores atingidos pelas tarifas dos EUA. Um levantamento da ApexBrasil identificou 449 oportunidades de negócios em 72 países, com destaque para os parceiros norte-americanos. Apenas no México, as exportações de carne bovina brasileira saltaram de US$ 20 milhões em 2021 para mais de US$ 400 milhões em 2023.
“Estamos falando de dois mercados estratégicos. A logística para o México e Canadá é tão eficiente quanto a dos EUA, e o nível de diversificação comercial também é elevado”, destacou Jorge Viana.
Setores em foco: de alimentos à tecnologia de ponta
O potencial de expansão no mercado mexicano é vasto. Os setores de alimentos, tecnologia, bioenergia e transportes são os mais promissores. O Brasil planeja aumentar especificamente as vendas de arroz, café e carne, além de abrir portas para empresas de inovação.
Um exemplo de sucesso já consolidado é a presença da Embraer no México, com mais de 100 aeronaves em operação. A atuação da empresa gera mais de mil empregos na cadeia produtiva local, mostrando a força da indústria brasileira na região.
Uma estratégia de longo prazo para a exportação
O ministro Carlos Fávaro ressaltou que a necessidade de diversificação já havia sido antecipada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A intuição do presidente estava certa. Essa missão começou ainda no início do governo. Agora, ela se mostra fundamental”, afirmou.
Esta já é a 20ª missão internacional organizada pelo atual governo. O plano é institucionalizar fóruns de negócios com o México a cada dois anos, consolidando uma relação comercial que Fávaro define como “ganha-ganha”, beneficiando tanto o Brasil quanto o empresariado mexicano.