Em meio à seca e às chuvas irregulares, produtores de Jaciara aceleram o plantio da soja para tentar salvar a safra e evitar prejuízos no algodão e no arroz
Em Jaciara, no sudeste de Mato Grosso, o atraso no plantio da soja preocupa os agricultores. A irregularidade das chuvas compromete a germinação das lavouras e pode encurtar a janela do algodão segunda safra.
Segiundo o Canal Rural, a queda dos preços e o aumento dos custos de produção têm levado o arroz a reaparecer como alternativa de renda, embora parte da colheita tenha acabado transformada em ração para o gado.
Plantio fora da janela ideal
O solo seco e o pó no ar revelam o cenário desafiador no campo. Numa propriedade com previsão de cultivo de 1.950 hectares de soja, as máquinas seguem em ritmo acelerado para aproveitar a pouca umidade restante. O produtor tenta evitar prejuízos na rotação com o algodão, que já deverá ser plantado fora do período considerado ideal.
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“A previsão de colheita está para o início de fevereiro, então o algodão segunda safra já vai entrar fora da janela ideal”, explicou Gelson Dobler, engenheiro agronomo.
As precipitações seguem desiguais na região: há talhões com até 100 milímetros acumulados e outros praticamente sem chuva, o que dificulta o avanço das semeaduras.
Produtores enfrentam incerteza
A situação se repete em diversas fazendas do município. Em uma delas, com área prevista de 2.500 hectares de soja, apenas 250 foram plantados até o momento. “Estamos com 10% da área plantada. Num ano normal, já estaríamos praticamente encerrando o plantio”, afirmou o agricultor Gilson Provenssi.
Ele ressalta que o atraso afeta diretamente o ciclo do algodão. “O ciclo é mais longo, e lá na frente a gente não tem chuva em abril e maio. Normalmente, 50% dos anos não têm chuva em maio. É uma loteria”, observou.
Custos altos e preço baixo pressionam o produtor
O atraso e a irregularidade das chuvas também comprometem a rentabilidade das propriedades. “Se não houver quebra de safra em outro país e continuarmos com estoques altos, os preços devem seguir ruins”, avaliou outro produtor.
Com a desvalorização das commodities, o arroz voltou a ocupar espaço nas lavouras, mas o excesso de oferta derrubou os preços. Em uma propriedade da família Jorge Shinoca, parte da produção virou ração para o gado. “É um absurdo tratar boi com arroz, um alimento nobre do brasileiro”, lamentou o agricultor.
Produção estocada à espera de valorização
A situação não é isolada. Outra fazenda do município mantém cerca de 600 toneladas de arroz armazenadas, aguardando um preço mais compensador para a venda.
Enquanto isso, os produtores seguem enfrentando incertezas climáticas e econômicas que ameaçam o desempenho da safra em Jaciara.



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