Impulsionado por um novo marco regulatório, o setor de ferrovias brasileiras despertou o interesse de gigantes da China, Espanha e Emirados Árabes, que disputam um pipeline de projetos bilionários em 2025.
O setor de infraestrutura do Brasil vive um momento de inflexão. Um grupo de quase 20 investidores, incluindo algumas das maiores empresas de construção e fundos de investimento do mundo, manifestou interesse formal em participar das novas concessões de ferrovias brasileiras. O movimento, confirmado no início de 2025, sinaliza o sucesso de uma nova política governamental para destravar o potencial do transporte sobre trilhos no país.
A chegada de gigantes como a chinesa CRCC, as espanholas Acciona e Sacyr, e o fundo soberano Mubadala, dos Emirados Árabes, para disputar os novos projetos marca o início de uma nova “guerra dos trilhos”. É uma disputa que promete bilhões em investimentos e uma reconfiguração completa da matriz logística nacional.
A aprovação do Marco Legal das Ferrovias em 2021
O grande motor para esse novo cenário foi o Marco Legal das Ferrovias (Lei nº 14.273/2021). Sancionada, segundo registros do governo, no final de 2021, essa lei modernizou o setor e, principalmente, criou o regime de autorização.
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Diferente do antigo e burocrático modelo de concessão de ferrovias brasileiras, o regime de autorização permite que empresas privadas proponham, construam e operem novas ferrovias por conta própria. Essa desburocratização, conforme análise de especialistas do setor, tornou o ambiente de negócios muito mais atrativo para o capital privado, tanto nacional quanto estrangeiro.
O anúncio de janeiro de 2025 e a rodada de reuniões em fevereiro
A prova de que a nova política deu certo veio no início de 2025. A notícia, divulgada em veículos como o jornal Valor Econômico, de que um grupo de quase 20 grandes investidores estava interessado nas novas concessões movimentou o mercado.
O governo, através do Ministério dos Transportes, liderado pelo ministro Renan Filho, agiu rápido para capitalizar sobre o interesse. Foram agendadas reuniões estratégicas para os dias 5, 6 e 7 de fevereiro de 2025, em São Paulo, para apresentar os detalhes dos projetos a esses potenciais investidores.
Quem são os interessados nas ferrovias brasileiras? As gigantes que miram o Brasil
A lista de interessados, confirmada por fontes governamentais, mostra a força do novo momento das ferrovias brasileiras. Além das maiores operadoras nacionais, como Rumo, VLI e MRS, o interesse internacional é forte e diversificado.
Entre os nomes confirmados, destacam-se a gigante chinesa de construção CRCC, que já atua na construção da ponte Salvador-Itaparica; as potências espanholas de infraestrutura Acciona e Sacyr, com vasta experiência em metrôs no Brasil; e o fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala Capital, que controla a Refinaria de Mataripe e o Metrô Rio.
O leilão da EF-118 e a estratégia do governo
O foco inicial de todo esse interesse está no projeto da EF-118, também conhecida como Anel Ferroviário do Sudeste. A ferrovia de 575 km ligará o Rio de Janeiro ao Espírito Santo, criando uma conexão vital para os portos da região.
O projeto é a grande vitrine do novo modelo de investimentos do governo. Com um custo total de R$ 4,6 bilhões, o plano prevê um aporte público de R$ 3,28 bilhões, segundo o Ministério dos Transportes, para cobrir o “gap de viabilidade” e garantir a atratividade para o investidor privado. O leilão da EF-118 está previsto para o último trimestre de 2025.
O que vem pela frente: o Plano Nacional de Ferrovias e os projetos de R$ 138,6 bilhões
A EF-118 é apenas o começo. O governo estruturou um ambicioso Plano Nacional de Ferrovias (PNF), que prevê investimentos de R$ 138,6 bilhões em 15 ativos ferroviários.
O pipeline, conforme detalhado em documentos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), inclui projetos estruturantes como o corredor Fico-Fiol, que ligará o agronegócio do Centro-Oeste ao litoral da Bahia, e a polêmica Ferrogrão, que, se sair do papel, criará uma nova rota de exportação pelo Arco Norte. O forte interesse dos investidores estrangeiros nos primeiros projetos é o sinal mais claro de que a era de ouro das ferrovias brasileiras pode estar apenas começando.