As famílias brasileiras estão cada vez mais endividadas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Dados apontam que, no ano de 2022, 78 famílias a cada 100 estavam com dívidas de empréstimos com veículos como garantia, o que significa um recorde para a série histórica da Peic iniciada em 2010.
Apesar da taxa básica de juros (Selic) ser de 13,75%, os brasileiros não têm condições de honrar suas dívidas, pois a inflação corroeu o poder de compra do dinheiro. Por esse motivo, muitos passaram a buscar formas alternativas de crédito com melhores taxas de empréstimos.
Uma dessas possibilidades é o empréstimo com veículo, ou seja, auto-equity, que usa os automóveis como garantia de pagamento. De acordo com dados concedidos pela Creditas à Forbes, houve um aumento de 275% nos pedidos desse tipo de crédito entre 2020 e 2022. Os principais usos para esse dinheiro foram quitação de dívidas, com um incremento de 210%, e a intenção de empreender, que subiu 223%.
Essa tendência reflete um momento preocupante na economia brasileira: “O Brasil tem uma realidade bastante complicada na gestão financeira familiar. Quando as taxas básicas são elevadas e o salário não é suficiente para cobrir as despesas necessárias, recorrer a alguma forma de crédito para equilibrar as contas é inevitável”, explica o economista Thiago dos Santos Coelho.
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De acordo com o economista Marcel Balassiano, os brasileiros precisam mudar seus hábitos financeiros: “É essencial ter disciplina no orçamento doméstico para evitar problemas futuros e garantir que as finanças estejam sempre equilibradas”.
Para driblar as taxas altas dos juros e conseguir melhores condições no financiamento dos seus projetos, muitos brasileiros estão optando por modalidades como os empréstimos com veículo como garantia. Ainda assim, é importante ter cautela antes de tomar qualquer decisão: “É fundamental fazer uma análise criteriosa sobre os custos envolvidos para avaliar se realmente compensa utilizar esse tipo de crédito”, indica Coelho.
Luana Bichuetti, vice-presidente de auto equity da Creditas, acredita que o aumento dos empréstimos com veículos na categoria nos últimos dois anos é positivo, mas ainda limitado. Segundo ela, isso se deve à falta de entendimento sobre o produto e à desconfiança das pessoas quanto à alienação de bens próprios como garantia.
Entretanto, a vice-presidente aponta que, quando as pessoas entendem o produto, a opção se torna mais atrativa para quem precisa de dinheiro. Na Creditas, por exemplo, é possível solicitar um empréstimo de R$ 5 mil a R$ 150 mil com parcelas prolongadas e juros muito menores do que os cobrados em outros tipos de crédito.
A taxa média de juros para empréstimo pessoal é 7,66% ao mês e no cheque especial é 7,96%, conforme levantamento do Procon-SP. Já nos empréstimos com veículo oferecidos pelas instituições financeiras para o auto-equity, os juros são menores: 1,49% ao mês na Creditas e 1,39% no Banco Pan.
Desse modo, Bichuetti prevê que os níveis de endividamento das famílias brasileiras continuarão elevados neste ano devido à manutenção da taxa Selic alta pelo Banco Central. Por isso, ela defende que as pessoas entendam que alienar o veículo para um empréstimo não significa perdê-lo. O automóvel continua com elas mesmas e só será retomado caso não haja cumprimento das parcelas.
Outras instituições financeiras também oferecem o auto-equity (empréstimos com veículos). São elas: Banco do Brasil, Santander, Banco BV, C6 Bank e outras. Estes empréstimos podem ser uma alternativa interessante para as famílias brasileiras que necessitam de recursos financeiros devido às taxas altas praticadas pelos bancos tradicionais.