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Em 2015, o carro mais barato do Brasil custava R$ 27 mil, mas em 2025 o valor quase triplicou, passando de R$ 70 mil e mudando o acesso ao carro popular

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 01/09/2025 às 12:19
Em 2015, o carro mais barato do Brasil custava R$ 27 mil, mas em 2025 o valor quase triplicou, passando de R$ 70 mil e mudando o acesso ao carro popular
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O acesso ao carro popular no Brasil sofreu uma transformação radical na última década. Em 2015, o título de carro mais barato do Brasil pertencia ao Fiat Palio Fire, vendido a partir de R$ 27.590. Já em 2025, a posição é ocupada pelo Citroën C3 Live, que chega às concessionárias por R$ 73.990. Em dez anos, o valor praticamente triplicou, alterando não apenas o bolso do consumidor, mas também o conceito de carro popular no país.

Carro mais barato do Brasil custava R$ 27 mil: o exemplo do Fiat Palio Fire

Na linha 2016, lançada em meados de 2015, o Fiat Palio Fire chamava atenção pelo preço acessível e pela simplicidade. A versão mais básica com duas portas custava R$ 27.590, enquanto a configuração de quatro portas saía por R$ 29.920.

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Apesar do preço baixo, grande parte dos equipamentos era oferecida apenas como opcional. Para ter direção hidráulica, o consumidor precisava desembolsar R$ 1.111 adicionais. O ar-condicionado, travas e vidros elétricos vinham em um kit de mais de R$ 3.100. Até o rádio, com entrada USB, custava R$ 182 extras.

No conjunto mecânico, o Palio Fire usava o veterano motor 1.0 Fire flex, com até 75 cv de potência, acoplado a um câmbio manual de cinco marchas. O consumo ficava na faixa de 8,8 km/l na cidade e 15 km/l na estrada, quando abastecido com gasolina. Com 3,82 metros de comprimento e porta-malas de 280 litros, era um carro compacto e sem luxos, fiel ao conceito de veículo de entrada.

Uma década depois, o carro mais barato do Brasil é o Citroën C3 Live, vendido por R$ 73.990. O hatch compacto, apesar de carregar o rótulo de popular, entrega muito mais tecnologia e equipamentos do que o Palio Fire oferecia em 2015.

Entre os itens de série estão freios ABS, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, direção elétrica, ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos. O destaque fica para a central multimídia de 10 polegadas, com suporte a Android Auto e Apple CarPlay.

Sob o capô, o C3 Live vem equipado com motor 1.0 Firefly de até 75 cv e 10,7 kgfm de torque. Nas dimensões, é visivelmente maior: 3,98 metros de comprimento, 1,73 m de largura, entre-eixos de 2,54 m e porta-malas de 315 litros. O consumo também mostra eficiência, chegando a 14,6 km/l na estrada com gasolina.

Inflação e custos de produção

Entre julho de 2015 e julho de 2025, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, acumulou alta de 70,1%. Isso significa que, se fosse apenas a inflação, o Palio Fire de R$ 27.590 deveria custar em torno de R$ 47 mil em valores atualizados.

No entanto, o valor de carro popular em 2025 ultrapassa R$ 70 mil, um patamar muito acima do que a inflação explicaria. O aumento também reflete outros fatores, como o encarecimento de insumos, maior carga tributária e a adoção de novas tecnologias obrigatórias de segurança e emissões.

Em 2015, o consumidor que buscava o carro mais barato do Brasil aceitava um veículo básico, sem direção hidráulica, ar-condicionado ou vidros elétricos. Hoje, o conceito de entrada mudou. Mesmo os modelos mais acessíveis trazem pacote de segurança eletrônico, central multimídia e itens que eram impensáveis para a faixa de preço de dez anos atrás.

Esse salto tecnológico, embora positivo para o conforto e a segurança do motorista, afastou o acesso ao carro popular de milhões de brasileiros. O que antes era uma opção viável para famílias de baixa renda ou para jovens no primeiro carro, agora se tornou um bem de consumo mais elitizado.

O preço do carro mais barato do Brasil praticamente triplicou em dez anos, criando uma barreira maior para quem deseja comprar um veículo zero quilômetro. Muitos consumidores, que antes poderiam migrar para o segmento de entrada, hoje recorrem ao mercado de usados ou optam por aplicativos de mobilidade como alternativa.

Enquanto em 2015 um trabalhador com renda próxima a dois salários mínimos conseguia financiar um Palio Fire, em 2025 é praticamente inviável adquirir um C3 Live sem comprometer grande parte da renda familiar. O resultado é um deslocamento do sonho do carro zero para uma parcela menor da população.

O futuro do carro de entrada no Brasil

A tendência é que os preços continuem elevados, principalmente com a introdução de novas exigências regulatórias e custos crescentes de produção. Por outro lado, especialistas acreditam que montadoras podem adotar estratégias como a produção de modelos híbridos mais simples ou até elétricos compactos, impulsionados por incentivos governamentais.

Ainda assim, o desafio permanece: como oferecer um veículo acessível e seguro sem comprometer a sustentabilidade financeira das montadoras? Até o momento, o mercado mostra que o acesso ao carro popular ficou mais restrito e que a definição de “carro de entrada” mudou completamente no Brasil.

E você, acredita que veremos novamente no mercado brasileiro um carro realmente popular, com preços compatíveis à realidade da maioria das famílias?

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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