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Em 1997, o mundo parou por causa do nascimento de uma ovelha — por quê?

Publicado em 04/07/2025 às 16:36
Ovelha Dolly, Dolly, Clonagem
Imagem: Mike Pennington/Wikimedea Commons
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O nascimento da ovelha Dolly em 1997 marcou a primeira clonagem de um mamífero adulto e reacendeu debates sobre os limites da ciência

Em 1997, o mundo assistiu atônito a uma notícia que parecia saída de um filme de ficção científica: o nascimento da ovelha Dolly. Foi a primeira vez que um mamífero foi clonado a partir de uma célula adulta.

A revelação dominou a imprensa e provocou debates acalorados sobre os limites da ciência. A pergunta que surgiu rapidamente foi inevitável: se agora era possível clonar uma ovelha, quanto tempo levaria até a clonagem de seres humanos?

Essa expectativa, no entanto, não se concretizou. Ainda não existem humanos clonados, e não há previsão para isso acontecer. Mas o feito de criar Dolly foi um marco importante por si só.

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Como Dolly foi criada

A técnica usada, chamada de transferência nuclear, consistia em retirar o núcleo de um óvulo e substituí-lo pelo núcleo de uma célula adulta doadora. Esse processo já havia funcionado em animais simples, como anfíbios, mas nunca em mamíferos.

Antes de Dolly, a maioria dos experimentos de clonagem usava células embrionárias. Elas são mais flexíveis, já que podem se transformar em qualquer tipo de célula do corpo.

Usar células adultas era muito mais difícil. A equipe do Instituto Roslin, na Escócia, liderada pelo geneticista Ian Wilmut, decidiu enfrentar esse desafio. Eles queriam “reprogramar” o núcleo da célula adulta para que ele voltasse ao estágio embrionário.

O núcleo escolhido veio de uma célula da glândula mamária de uma ovelha adulta. Ele foi inserido em um óvulo sem núcleo, que depois foi colocado em outra ovelha, que serviu de barriga de aluguel.

A primeira tentativa aconteceu em 1995. Depois de 276 fracassos, a tentativa número 277 deu certo. Nascia ali Dolly, batizada em homenagem à cantora Dolly Parton.

Repercussão mundial

O anúncio oficial da clonagem foi feito em fevereiro de 1997 na revista Nature. A repercussão foi imediata. Cientistas, jornalistas e o público em geral discutiram por meses as implicações éticas e científicas da clonagem. No mês seguinte, Dolly apareceu publicamente, e o debate se intensificou.

A experiência foi tão marcante que inspirou até uma novela. A autora Gloria Perez criou a história de O Clone, exibida pela TV Globo em 2001. Segundo ela, a ideia surgiu a partir da própria Dolly.

Avanços e limitações da clonagem

Com o sucesso da técnica, outros animais foram clonados nos anos seguintes. Vacas, cabras, porcos, gatos, coelhos, cavalos e até macacos entraram para a lista.

Porém, o processo sempre foi alvo de críticas. É caro, demorado, tem alta taxa de falhas e causa sofrimento aos animais.

Muitos embriões não sobrevivem ou nascem com sérios problemas de saúde. Além disso, os clones não geram diversidade genética, o que é fundamental para a sobrevivência de uma espécie.

Apesar das críticas, a clonagem trouxe ganhos importantes para a ciência. Permitiu entender melhor como uma célula adulta pode ser reprogramada para gerar um novo organismo.

Também possibilitou estudar genes específicos em clones geneticamente idênticos ao doador. E abriu portas para aplicações como a preservação de espécies ameaçadas e o uso de animais clonados para produção de órgãos compatíveis com humanos.

A principal contribuição de Dolly, no entanto, foi na área da clonagem terapêutica. Usando a mesma técnica de transferência nuclear, cientistas começaram a desenvolver embriões para produzir células-tronco.

O objetivo não era criar novos seres, mas sim regenerar tecidos e tratar doenças como Parkinson, diabetes e lesões na medula. Por serem compatíveis com o próprio paciente, essas células evitam os problemas de rejeição dos transplantes tradicionais.

O fim da ovelha e seu legado

Dolly ainda teve um filhote, o cordeiro Bonnie. Isso mostrou que clones podiam se reproduzir normalmente.

Em 2003, aos seis anos, Dolly foi sacrificada por causa de uma doença pulmonar e artrite. Embora sua vida tenha durado o esperado para uma ovelha da sua raça, surgiram dúvidas se os problemas estavam ligados à clonagem.

Hoje, Dolly está embalsamada e pode ser vista no Museu Nacional da Escócia. Um símbolo eterno de um experimento que transformou para sempre a biologia moderna.

Com informações de Revista Galileu.

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Romário Pereira de Carvalho

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