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Em 1990, um submarino nuclear britânico colidiu com o barco pesqueiro Antares na Escócia, afundando-o em segundos e ceifando quatro pescadores em plena calmaria

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 22/10/2025 às 13:50
O naufrágio do FV Antares chocou a Escócia ao revelar que um submarino da Royal Navy arrastou o barco ao fundo sem perceber a tragédia causada
O naufrágio do FV Antares chocou a Escócia ao revelar que um submarino da Royal Navy arrastou o barco ao fundo sem perceber a tragédia causada
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Em 1990, um submarino nuclear britânico colidiu com o pesqueiro Antares na Escócia, afundando a embarcação em segundos, deixando quatro mortos e abrindo um debate sobre segurança marítima em áreas de treinamento militar

A calmaria do mar no oeste da Escócia, na madrugada de 22 de novembro de 1990, foi quebrada por um choque silencioso e fatal. Um submarino nuclear britânico cruzava a região durante um exercício quando se enroscou nas redes do pesqueiro Antares, que operava ao lado de outras traineiras. Em minutos, o barco virou uma sombra no sonar, e quatro pescadores desapareceram com ele.

O que parecia mais uma noite de rotina de pesca se transformou em tragédia. O Antares seria encontrado horas depois no fundo do mar, de cabeça para baixo, a mais de 140 metros, com o casco intacto e sem sinais de colisão direta. A investigação revelaria que a interação entre redes de arrasto e um submarino nuclear britânico foi suficiente para arrastar a embarcação civil para o abismo.

Quem estava no mar e por que a rotina parecia segura

A vila vivia do compasso das marés.

O Antares, um barco de madeira com cerca de 15 metros, zarpou ao cair da noite em companhia de outras embarcações, repetindo um padrão conhecido de cooperação entre pescadores.

A linha do horizonte estava limpa, o mar estável, as luzes de navegação visíveis, nada sugeria risco imediato.

A tripulação era experiente. Dois homens em vigília, dois em descanso, redes lançadas em águas profundas.

Pouco antes das 2 da manhã, os barcos ainda trocavam referências visuais. Meia hora depois, o Antares não estava mais lá.

O sumiço silencioso é parte do que tornou o episódio tão perturbador, já que não houve pedido de socorro audível nem alerta por rádio vindo do pesqueiro.

Onde o exercício naval encontrou a pesca artesanal

Na mesma madrugada, um submarino nuclear britânico participava de um curso de qualificação de alto nível, com manobras em baixa profundidade.

O objetivo era testar aproximação discreta e evitar detecção, um cenário que exige navegação fina, mudanças de cota e atenção a ruídos de casco e hélice.

Pouco depois das 2h17, pancadas metálicas e ruídos de raspagem foram percebidos a bordo do submarino, seguidos de um som curto de hélice girando livre.

A embarcação submergiu para avaliar, avistou outras traineiras operando normalmente e identificou partes de rede presas ao casco.

A impressão inicial de que o incidente seria menor, somada à continuidade aparente da pesca ao redor, retardou a percepção do que havia acontecido.

Como a evidência submersa revelou o que ocorreu

Ao amanhecer, a inquietação tomou a costa. Caixas de peixe, brilho de óleo na superfície, um trecho de rede flutuando.

A guarda costeira isolou a área, e o sonar de varredura lateral apontou uma estrutura não mapeada no leito marinho.

Era o Antares, intacto, invertido, profundo. Três corpos foram recuperados inicialmente, o quarto seria encontrado meses depois.

A ausência de dano estrutural relevante no casco do pesqueiro indicou afundamento por arraste, não por impacto direto em alta velocidade.

A combinação de rede, lastro, geografia local e o deslocamento de um submarino nuclear britânico em baixa profundidade explica a rapidez do sinistro, que não deu margem a reação.

Por que decisões em minutos pesaram por décadas

Após avaliar a situação a partir da profundidade de periscópio e receber retorno de um navio de apoio distante da zona crítica, a tripulação do submarino interpretou que as traineiras próximas estavam seguras.

O tempo de resposta se alongou, e só horas depois o desaparecimento do Antares foi reportado em terra, o que reforçou a dimensão da tragédia para a comunidade.

A conclusão oficial reconheceu responsabilidade da operação naval sobre a área de pesca não segregada.

O episódio tornou-se um divisor de águas para procedimentos de coordenação entre exercícios militares e frotas civis, com protocolos mais rígidos de aviso, delimitação e exclusão quando submarinos operam próximo a arrastões.

Impactos humanos, memoriais e um legado operacional

A vila parou. Quatro nomes passaram a habitar a memória coletiva, gravados em uma placa instalada no porto no ano seguinte.

O casco do Antares foi recuperado, restaurado e exibido em museu, até ser retirado anos depois e sucateado.

A dor permaneceu como marca da relação entre pesca artesanal e operações militares em águas compartilhadas.

O submarino nuclear britânico envolvido seguiu sua carreira por décadas e seria desativado muitos anos depois.

Em paralelo, relatórios e registros internacionais apontaram que incidentes semelhantes entre submarinos e redes de arrasto ocorreram em outros pontos do mundo, com saldo humano doloroso, reforçando a necessidade de planejamento, comunicação e separação efetiva de tráfego.

O que aprendemos com uma noite de mar calmo

A tragédia expôs a fragilidade de áreas de múltiplo uso e a dificuldade de conciliar sigilo operacional com segurança de terceiros.

Operar um submarino nuclear britânico perto de frotas artesanais exige margens de segurança generosas, leitura precisa de profundidades efetivas de redes e resposta imediata diante de qualquer anomalia acústica.

Também deixou lições para a pesca: informação compartilhada sobre áreas de exercício, protocolos de contato e práticas de navegação em grupo ajudam, mas não substituem a responsabilidade de quem detém superioridade de massa e energia no mar.

O equilíbrio depende de prevenção, transparência e regras claras, especialmente à noite e em mar calmo. Você pode assistir o vídeo desse material nesse canal.

Você acha que exercícios com submarino nuclear britânico deveriam ser suspensos em períodos de pesca intensa nessas áreas, ou procedimentos mais rígidos de aviso e exclusão já são suficientes para evitar novas tragédias? Conte como você vê esse equilíbrio entre segurança, soberania e trabalho no mar.

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yryre
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22/10/2025 14:12

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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