Elon Musk agita a política alemã ao defender o partido de extrema direita AfD em artigo publicado no Die Welt. A controvérsia resultou na demissão de uma editora do jornal e intensificou debates sobre ética e liberdade de expressão na mídia. A intervenção ocorre às vésperas das eleições parlamentares na Alemanha, destacando o impacto político do bilionário.
A influência de Elon Musk, conhecido tanto por suas inovações tecnológicas quanto por suas declarações controversas, ultrapassou fronteiras mais uma vez.
Desta vez, o bilionário se envolveu diretamente no debate político alemão, causando uma reviravolta no ambiente midiático e político do país.
As consequências foram tão intensas que chegaram a provocar uma demissão em um dos principais jornais alemães.
- Esse é o Rio mais profundo do mundo — Com uma profundidade máxima de 220 metros e 4.374 quilômetro de extensão
- A pequena ilha que passou de país “mais rico” do mundo a “falido”
- O fim do Twitter (X)? Elon Musk envia e-mail para funcionários da rede social e desabafa: ‘mal estamos conseguindo nos sustentar’
- Indústria brasileira cresce como nunca, mas no Paraguai! Impostos baixos atraem empresários para o país vizinho
No último fim de semana, o jornal alemão Die Welt, em sua versão dominical, publicou um artigo assinado por Musk no qual ele defendia abertamente o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), uma sigla de extrema direita.
Segundo Elon Musk, a AfD não seria verdadeiramente extremista, uma visão que ele sustentou ao utilizar um tom apocalíptico e acusações controversas, como apontou a revista Der Spiegel.
A publicação gerou não apenas intensa repercussão pública, mas também divisões dentro da redação do periódico.
O contexto político e a repercussão do artigo
A Alemanha está em clima de campanha eleitoral, com as eleições parlamentares marcadas para 23 de fevereiro de 2024.
Atualmente, o AfD ocupa a segunda posição nas pesquisas de intenção de voto, consolidando-se como um ator importante no cenário político.
Nesse contexto, o artigo de Musk foi percebido como uma tentativa explícita de propaganda eleitoral, algo que acendeu alertas tanto na mídia quanto no meio político.
O conselho editorial do Die Welt já havia demonstrado preocupação com a publicação do texto de Musk. Em reuniões realizadas na semana anterior, vários editores expressaram oposição à sua divulgação, destacando o risco de comprometer a imparcialidade do jornal.
Apesar disso, o texto foi publicado, resultando na renúncia de Eva Marie Kogel, editora de Opinião do periódico.
Em postagem na rede social X (antigo Twitter), Musk também foi alvo de críticas após Kogel afirmar: “Apresentei minha demissão após o jornal ter sido impresso.” A atitude de Kogel ilustra as tensões internas que o artigo desencadeou.
Argumentos de Elon Musk e suas implicações
No artigo, Elon Musk argumentou que a Alemanha estaria “à beira do colapso econômico e cultural”, uma declaração que ele utilizou para justificar seu apoio ao AfD.
Segundo o bilionário, o partido seria a única solução viável para reverter a situação, enfatizando que sua opinião seria legítima por conta de seus “investimentos significativos” no país.
O maior desses investimentos é a fábrica da Tesla nos arredores de Berlim, a primeira da Europa, construída ao custo de € 5 bilhões (aproximadamente R$ 32 bilhões).
Apesar de ser um marco industrial, a instalação também enfrentou oposição de ambientalistas devido à sua localização em uma área de floresta.
Entre as declarações polêmicas de Musk, destaca-se a tentativa de desqualificar a classificação de extremista atribuída ao AfD pelo órgão alemão de proteção à Constituição.
Ele citou como exemplo a líder do partido, Alice Weidel, que é casada com uma mulher do Sri Lanka. “Isso soa como Hitler para você? Por favor”, escreveu Musk, em referência à associação comum entre o partido e ideologias extremistas do passado alemão.
Reações do Die Welt e de outros veículos
Antecipando o impacto negativo, Jan-Philipp Burgard, que assumirá como editor-chefe do Die Welt em 1º de janeiro, publicou um artigo criticando duramente as opiniões de Musk.
Conforme o futuro editor, a afirmação de que apenas o AfD pode salvar a Alemanha é “fatalmente errada”.
Ele argumentou que o partido defende ideias como a saída do país da União Europeia e “planos de reimigração” que seriam xenófobos e perigosos para a estabilidade do país.
A revista Der Spiegel também condenou o texto, classificando-o como um exemplo clássico da retórica sombria da extrema direita.
O tom utilizado por Musk no artigo foi descrito como alarmista e descolado da realidade atual da Alemanha.
Contradições envolvendo Alice Weidel
A líder do AfD, Alice Weidel, vive com a cineasta Sarah Bossard há mais de 20 anos.
Apesar disso, Weidel se posiciona publicamente contra o casamento homoafetivo, uma contradição que raramente é explorada na política alemã, devido ao respeito pela vida privada.
No entanto, Elon Musk não hesitou em mencionar essa questão em seu artigo, o que levantou mais críticas sobre a forma como ele abordou o tema.
Impactos na mídia alemã
O caso expôs a divisão interna no Die Welt, um dos jornais de qualidade mais respeitados da Alemanha e pertencente ao grupo Axel Springer.
O conglomerado também publica o tabloide sensacionalista Bild e é proprietário do site Politico. A controvérsia levantou debates sobre os limites éticos da liberdade de expressão na mídia, especialmente em tempos de polarização política.
Considerações finais
A intervenção de Musk no debate político alemão reforça seu papel como uma figura polarizadora, cujas ações frequentemente transcendem os limites da esfera empresarial.
Suas declarações inflamadas e decisões estratégicas continuam a impactar não apenas o mundo dos negócios, mas também a política e a sociedade global. Afinal, até que ponto o poder econômico pode influenciar o cenário político de uma nação?
O mundo está passando por transformações ideológicas e de valores. Estamos sendo espectadores presenciais (por estarmos vivos e acompanharmos pela mídia) de toda essa mudança global, e os mais diversos órgãos da mídia (TV, internet, redes sociais, etc) estão sendo um elo insubstituível nesse processo. O poder em mãos “erradas”, em posse e controle de quem não tem equilíbrio torna-se uma bomba-relógio radioariva na sociedade global. Poder nas mãos de ego inflamado é algo que requer muito cuidado.
The world is undergoing ideological and value transformations. We are being on-site spectators (because we are alive and follow it through the media) of all this global change, and the most diverse media outlets (TV, internet, social networks, etc.) are being an irreplaceable link in this process. Power in the “wrong” hands, in possession and control of those who are unbalanced, becomes a radioactive time bomb in global society. Power in the hands of inflamed egos is something that requires great care.
Die Welt durchläuft ideologische und wertmäßige Transformationen. Wir sind Zuschauer vor Ort (weil wir am Leben sind und ihn durch die Medien verfolgen) all dieser globalen Veränderungen, und die unterschiedlichsten Medien (Fernsehen, Internet, soziale Netzwerke usw.) sind ein unersetzliches Bindeglied in diesem Prozess. Macht in den „falschen“ Händen, im Besitz und unter der Kontrolle derjenigen, die unausgeglichen sind, wird zu einer radioaktiven Zeitbombe in der globalen Gesellschaft. Macht in den Händen entzündeter Egos ist etwas, das große Vorsicht erfordert.