Celulares contrabandeados impulsionam redes ilegais e preocupam autoridades com alta de apreensões em 2025
A entrada massiva de smartphones do Paraguai continua a estimular o contrabando pelas fronteiras do Brasil. A região de Foz do Iguaçu concentra boa parte dessa movimentação.
De acordo com a Receita Federal do Brasil (RFB), cerca de dez mil celulares entram ilegalmente todos os dias.
O valor movimentado ultrapassa R$ 1,1 bilhão entre janeiro e maio de 2025.
O valor médio de cada aparelho gira em torno de US$ 200, o que torna o mercado atrativo.
A demanda crescente e o preço competitivo favorecem o crime organizado.
Luciano Stremel Barros, presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), reforça os riscos.
Ele explica que esse comércio ilegal ameaça a economia nacional e coloca em risco a segurança de dados dos consumidores.
Volume disparado de apreensões indica alta demanda
Para dimensionar o impacto, a Receita Federal apontou aumento de 23,9% nas apreensões de celulares em 2025.
O salto foi de R$ 180 milhões retidos entre janeiro e maio de 2024 para mais de R$ 223 milhões no mesmo período deste ano.
Segundo o delegado-adjunto Cláudio Marques, duas situações sustentam essa alta.
O preço atrativo e o fácil transporte dos aparelhos impulsionam o descaminho.
Esquemas passam pequenas quantidades por viagem.
Somadas, representam volumes milionários.
Somente em Foz do Iguaçu, onde a fiscalização é intensa, apenas 3% do fluxo ilegal é interceptado.
Criminosos escondem celulares em compartimentos falsos, como robôs de limpeza, capacetes ou barris de chope.
Em junho de 2025, um morador foi flagrado com quase 2 mil aparelhos avaliados em R$ 2,9 milhões.
Artimanhas revelam estrutura sofisticada
Motocicletas desempenham papel central no transporte de celulares ilegais.
Em média, 20 mil motos cruzam diariamente a Ponte Internacional da Amizade, entre Brasil e Paraguai.
Misturam-se a mais de 45 mil veículos e 103 mil pedestres que atravessam a fronteira.
De janeiro a maio de 2025, fiscais apreenderam 82 motos com fundos falsos.
Essas motos foram responsáveis por inserir cerca de 75 mil celulares no Brasil.
O total transportado por motos chegou a R$ 84 milhões.
O IDESF observa que o contrabando não se limita a profissionais do crime.
Estudantes e pequenos transportadores também atuam como “mulas”.
Um único motoqueiro foi flagrado em março de 2025 com R$ 414 mil em smartphones.
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Paraguai vira polo de importação em escala recorde
O Paraguai se consolida como fornecedor indireto de celulares.
Dados da Direção Nacional de Ingressos Tributários (DNIT) apontam recorde em 2023.
As importações atingiram US$ 3.037 milhões, aumento de 212% frente a 2022.
Foram 18 milhões de unidades importadas para um país de apenas 6,4 milhões de habitantes.
Boa parte abastece o comércio de Ciudad del Este, Pedro Juan Caballero e Salto del Guairá.
Esses locais servem como elo para redes de contrabando.
Em 2024, Foz do Iguaçu registrou R$ 112,3 milhões em celulares apreendidos.
Em 2025, o valor chegou a R$ 49,3 milhões entre janeiro e maio.
O aumento foi de 7,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Riscos reais ao consumidor e apelo por diplomacia
Embora o preço seduza, além disso, especialistas alertam para riscos graves.
Muitos aparelhos não têm homologação, portanto, podem conter malwares.
Barros explica que o crime organizado se fortalece, além disso, com produtos ilegais.
As mercadorias chegam rápido, portanto, aos grandes centros.
Ele defende postura diplomática firme, além disso, mais acordos.
A ideia é reduzir importação, portanto, de produtos sensíveis.
Esses itens alimentam o mercado negro, além disso, fortalecem crimes.
Autoridades intensificam operações, portanto, mas enfrentam lacunas.
O objetivo é conter o fluxo, além disso, proteger o comércio.