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Eletrobras corta custos bilionários, dobra lucro após privatização e agora aposta em desinvestimentos de R$ 30 bilhões para voltar a ser gigante da energia

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 01/10/2025 às 16:44
Eletrobras corta custos após privatização, dobra lucro e acelera desinvestimentos de R$ 30 bi para voltar a ser gigante da energia no Brasil
Eletrobras corta custos após privatização, dobra lucro e acelera desinvestimentos de R$ 30 bi para voltar a ser gigante da energia no Brasil
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Aposta de eficiência após a privatização inclui redução de custos e pessoal, venda de ativos não centrais e nova gestão focada em disciplina de mercado, com ganhos de lucro e metas de até R$ 30 bilhões em desinvestimentos, segundo reportagens e entrevistas publicadas pela Folha de S. Paulo

A privatização da Eletrobras começa a mostrar resultados concretos: a companhia cortou custos operacionais em 18%, reduziu o quadro em 17% e dobrou o lucro em relação ao ano da oferta, conforme dados e entrevistas reunidos pela Folha de S. Paulo. A tese é simples: encolher estruturas ineficientes, vender o que não faz parte do core e criar uma governança que resista a pressões de curto prazo.

Ao mesmo tempo, a elétrica acelera um programa de desinvestimentos estimado em mais de R$ 30 bilhões para destravar valor e reposicionar o portfólio. Segundo a Folha, a estratégia inclui a saída de térmicas a gás já vendidas para a Ambar, novas alienações de participações minoritárias e acordos para reduzir obrigações legadas, enquanto o mercado precifica expectativa de uma Eletrobras mais previsível, transparente e rentável.

O que mudou após a privatização: eficiência, governança e foco

Desde 2023, a nova administração adotou padrões de gestão do setor privado: revisão de contratos, sede remodelada no Rio com escritórios abertos e metas de produtividade.

A mensagem é de disciplina: menos burocracia, mais accountability e integração entre holding e subsidiárias.

Resultados aparecem no DRE: a empresa reportou R$ 10,4 bilhões de lucro em 2024, ante R$ 3,6 bilhões em 2022, o ano da oferta, de acordo com a Folha de S. Paulo.

A tese de eficiência também passa pela padronização contábil e por processos que antes exigiam trabalho manual fragmentado.

Para analistas ouvidos pela Folha, a Eletrobras se tornou “mais transparente, previsível e atrativa”.

Desinvestimentos e alocação de capital: o plano dos R$ 30 bilhões

Segundo entrevistas publicadas pela Folha, a companhia mapeou participações minoritárias e ativos não essenciais avaliados em mais de R$ 30 bilhões.

Eduardo Haiama (CFO) afirmou que, “se dependesse dele, venderia tudo”, mas juros altos dificultam chegar a valuations justos.

Trata-se de abrir espaço no balanço para modernização e para negócios com retorno ajustado ao risco.

A reportagem também aponta alívio de obrigações como o acordo que retira a Eletrobras do financiamento de Angra 3, projeto estimado pelo governo em cerca de R$ 20 bilhões e citado em relatório da Fitch.

Ao reduzir capex não core, a empresa concentra capital no que gera caixa recorrente e melhora o perfil de risco do conjunto.

Mercado, preço de energia e a estratégia comercial

A reportagem descreve um cenário setorial pressionado por eólica e solar, que achataram preços no atacado nos últimos anos.

A resposta da Eletrobras foi tática: evitar travar contratos longos no piso do ciclo e deixar fatia relevante da energia descontratada (a empresa estima 32% a 43% em 2027), apostando em preços melhores adiante.

Esse posicionamento carrega risco de volatilidade, mas, se a curva reagir, pode capturar margens adicionais.

Para investidores citados, o sucesso depende de disciplina comercial, hedge bem calibrado e execução sem sobressaltos regulatórios.

Dividendos, FGTS e o termômetro do investidor pessoa física

370 mil pessoas entraram na oferta de 2022 via FGTS, com R$ 6 bilhões alocados, o que elevou a vigilância sobre dividendos.

No entanto, a própria gestão pondera: os R$ 4 bilhões distribuídos recentemente não devem ser vistos como novo normal; o equilíbrio entre remuneração e investimento seguirá caso a caso, evitando decisões de curto prazo que prejudiquem o ciclo de modernização.

Para o investidor de longo prazo, a previsibilidade de caixa e o cronograma de desinvestimentos tendem a dizer mais do que um único pagamento robusto.

A reportagem também registra casas como UBS BB projetando preço justo de R$ 59 em 12 meses, abaixo da meta anterior de R$ 70, refletindo o custo de capital atual e riscos de execução.

Ações, governança e a “sombra estatal”

De acordo com a Folha, as ações voltaram a negociar acima dos R$ 42 da oferta, depois de anos abaixo desse nível.

Ainda assim, a precificação carrega um desconto de governança: o governo mantém cerca de 45% por meio de estrutura de ações com direitos específicos e ampliou influência no conselho recentemente.

Analistas ouvidos pela Folha afirmam que o rating de “empresa privatizada” ainda não está plenamente no preço.

Para destravar esse prêmio, seria necessário queda de juros, continuidade da estratégia e estabilidade de governança. Em síntese: execução consistente é o antídoto para a “sombra estatal”.

Operação, dados e tecnologia: o papel da plataforma Atmos

A reportagem destaca que a Eletrobras lançou a plataforma meteorológica interna Atmos para prever demanda e planejar manutenção.

Esse tipo de ferramenta é cada vez mais crucial em sistemas com maior penetração de renováveis e padrões climáticos voláteis. A lógica é simples: previsão melhor, despacho e contratos melhores.

Ao integrar analytics ao core comercial e operacional, a empresa eleva a qualidade da tomada de decisão e reduz o custo de oportunidade no uso dos ativos.

Se o front de dados entregar o prometido, a eficiência incremental tende a aparecer nas margens.

O que observar daqui para frente

Três vetores decidirão o valuation, segundo a leitura consolidada pela Folha:

(1) velocidade e preço dos desinvestimentos,

2) disciplina comercial em um mercado mais volátil e

(3) estabilidade de governança para sustentar a estratégia.

A combinação desses fatores pode consolidar o “turnaround” ou reabrir o desconto se houver recuos.

A fotografia atual é de avanços mensuráveis (custos, lucro, vendas de ativos) com riscos conhe conhecidos (juros, política, ciclo de preços).

Para quem acompanha a tese, o foco deve estar em fluxo de caixa recorrente, alocação de capital e entregáveis trimestrais coerentes com o plano.

A privatização recolocou a Eletrobras no trilho da eficiência e abriu espaço para R$ 30 bilhões em desinvestimentos, mas o prêmio pleno de governança ainda depende de execução e estabilidade. Se a estratégia for mantida, a companhia tende a voltar ao patamar de gigante da energia.

Você concorda que a privatização já virou a página e que os desinvestimentos serão o motor da reprecificação? Como equilibrar dividendos, dívida e investimento em um setor cada vez mais exposto a renováveis e volatilidade de preços? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive isso na prática.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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