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Eles destroem lavouras em uma noite: mais de 200 mil javalis invadem plantações em estado brasileiro e líder do agro alerta: “Situação quase incontrolável”

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 02/09/2025 às 15:18
Mais de 200 mil javalis avançam em Santa Catarina, devastam lavouras em horas e desafiam produtores com prejuízos crescentes.
Mais de 200 mil javalis avançam em Santa Catarina, devastam lavouras em horas e desafiam produtores com prejuízos crescentes.
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Estimativas apontam mais de 200 mil javalis em Santa Catarina, com ataques que devastam lavouras inteiras em poucas horas e causam prejuízos crescentes aos produtores, enquanto lideranças do agro pressionam por medidas mais eficazes de controle.

A expansão de javalis em Santa Catarina acendeu o alerta no setor agropecuário.

Estimativas citadas pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc) apontam mais de 200 mil animais em 236 municípios, com registros de lavouras inteiras destruídas em poucas horas e prejuízos sucessivos a produtores.

Em artigo divulgado nesta segunda-feira (1º), o presidente da Faesc e do Senar/SC, José Zeferino Pedrozo, afirmou que a situação “está quase fora de controle”, defendendo ações mais rápidas e coordenadas de manejo.

Impacto nas lavouras e avanço territorial

Além do volume, o deslocamento dos animais agrava o quadro.

Em períodos de escassez de alimento nas áreas de refúgio, as manadas migram para propriedades rurais da serra, do meio-oeste e do oeste catarinense.

Colheitas de milho, feijão, soja, trigo e pastagens, além de hortas e até criações de aves e suínos, aparecem entre os alvos mais atingidos.

Em uma única noite, produtores relatam a perda de vários hectares, com rastros de solo revolvido e plantas derrubadas.

A região de Lages e o entorno do Parque Nacional das Araucárias, em Ponte Serrada e Passos Maia, são citados por entidades e órgãos ambientais como áreas de maior concentração.

No parque federal, que tem 12.841 hectares, o javali encontra abrigo e, à medida que a oferta de alimento varia, avança sobre áreas cultivadas nas redondezas.

O resultado são ondas de ataques em municípios vizinhos e dificuldade crescente de resposta no campo.

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Reprodução acelerada dificulta controle

O desafio operacional nasce, sobretudo, do potencial reprodutivo.

Em condições favoráveis, fêmeas podem ter até duas ninhadas por ano, com ninhadas que variam em média de 6 a 10 filhotes.

Essa dinâmica sustenta o crescimento da população mesmo com ações frequentes de controle.

Entre 2019 e 2024, segundo a Faesc, mais de 120 mil animais foram abatidos em Santa Catarina.

Ainda assim, o contingente atual permanece elevado.

Não se trata apenas de perdas econômicas.

Técnicos destacam riscos à segurança de moradores e trabalhadores rurais, em razão do comportamento agressivo de parte dos grupos quando acuados, e preocupações sanitárias, por possíveis doenças transmissíveis a animais domésticos e à fauna nativa.

As ocorrências se intensificam em períodos de plantio e pré-colheita, quando as lavouras oferecem disponibilidade de alimento e cobertura.

O que diz a lei e quem pode manejar

O Estado regulamentou o tema no fim de 2023.

A Lei nº 18.817/2023 autoriza o controle populacional e o manejo sustentável do javali-europeu (Sus scrofa) em Santa Catarina, abrangendo animais em vida livre e seus híbridos.

Na prática, o controle pode incluir perseguição, captura e abate, desde que cumpridas as exigências dos órgãos competentes.

O Decreto estadual que regulamenta a norma detalha procedimentos e condicionantes para a execução das ações, como a necessidade de autorização do proprietário da área e o uso de meios permitidos.

No plano federal, o manejo de espécies exóticas invasoras segue os regramentos do Ibama, que estabelece diretrizes, autorizações e sistemas de registro.

Para atuar em campo, são exigidas autorizações específicas de manejo, com cadastro e documentação prevista.

A orientação é que as operações observem protocolos de segurança, bem-estar animal e rastreabilidade, sob supervisão ambiental.

Antecedentes: declaração de nocividade desde 2010

O embate com o javali não é novo no Estado.

Em 2010, a Secretaria de Estado da Agricultura editou portaria declarando o Sus scrofa espécie nociva à agricultura catarinense e autorizando o abate por tempo indeterminado, medida alinhada à normativa do Ibama sobre fauna sinantrópica nociva.

Desde então, o tema passou por diferentes fases de coordenação e fiscalização, com variações na intensidade das ações e no apoio a equipes em campo.

A atual legislação estadual buscou consolidar essas providências em um arcabouço mais estável, permitindo a integração entre órgãos ambientais, forças de segurança e entidades do agro.

Ainda assim, relatos do interior indicam que o volume de animais supera a capacidade de resposta em determinadas regiões, sobretudo quando o plantio se estende em grandes áreas contíguas.

Gargalos operacionais no dia a dia

Embora o manejo seja permitido, produtores rurais afirmam enfrentar barreiras práticas.

A participação de agentes de manejo autorizados, com treinamento e documentação em dia, é requisito para as operações de campo.

O processo inclui cumprimento de regras específicas, logística de equipes e, quando necessário, apoio da Polícia Militar Ambiental.

Na avaliação de lideranças do setor, o número de times operacionais ainda é insuficiente frente à densidade das manadas em vários municípios.

O artigo assinado por José Zeferino Pedrozo sustenta que, além de reforçar as frentes de manejo, é preciso ampliar o monitoramento e a coordenação regional para reduzir perdas nas janelas críticas do calendário agrícola.

Segundo ele, medidas isoladas têm efeito limitado quando a pressão reprodutiva permanece alta e há trânsito constante de animais entre áreas de vegetação nativa e lavouras.

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Onde concentrar esforços e por quê

Especialistas defendem, como prioridade, ações contínuas em zonas de borda entre remanescentes florestais e propriedades com culturas de maior atratividade, como milho e soja.

A atuação nessas faixas tende a reduzir a frequência de incursões e a mitigar o dano agregado por vara, sobretudo em períodos de estiagem local, quando o forrageio nos ambientes naturais fica mais difícil.

Outro ponto recorrente é o planejamento pré-safra, com diagnóstico de risco por município, autorização de manejo organizada com antecedência e comunicação entre vizinhos.

Em áreas com histórico de ataques, a resposta rápida logo nos primeiros sinais de rastros e revolvimento de solo evita perdas exponenciais na mesma noite.

O reforço de equipes em datas estratégicas do ciclo produtivo, por sua vez, aumenta a eficácia das operações.

O que dizem as entidades do setor

A Faesc e o Senar/SC defendem intensificação dos mutirões de manejo, ampliação da formação de novos agentes autorizados e compartilhamento de dados entre produtores, prefeituras e órgãos ambientais.

A entidade lembra que o problema extrapola propriedades individuais e requer coordenação territorial.

“A situação está quase fora de controle”, escreveu Pedrozo, ao reforçar que o ritmo de reprodução e a dispersão dos bandos exigem ações contínuas, com base legal e suporte técnico.

Enquanto isso, comunidades rurais continuam registrando ocorrências e pedindo reforço operacional nas regiões mais atingidas.

A expectativa é que, com o alinhamento entre legislação, fiscalização e campo, o Estado consiga estabilizar a curva de danos e reduzir a pressão sobre lavouras e criações.

Para você, qual prioridade deveria vir primeiro: ampliar equipes de manejo, investir em monitoramento integrado ou reorganizar o calendário de ações nas áreas mais críticas?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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