Empresário Eike Batista apresenta ‘super cana’, capaz, segundo ele, de triplicar a produção de etanol e multiplicar por 12 a geração de biomassa. Para financiar essa revolução no agronegócio, lança a criptomoeda $EIKE, buscando captar US$ 100 milhões.
No cenário atual do agronegócio brasileiro, inovações tecnológicas têm sido a chave para aumentar a produtividade e a sustentabilidade.
Empresários visionários buscam constantemente soluções que possam transformar o setor e posicionar o Brasil como líder em energias renováveis.
Nesse contexto, surge uma iniciativa que promete redefinir os padrões da indústria sucroalcooleira nacional, unindo biotecnologia avançada, investimentos estratégicos e novas formas de financiamento digital.
O empresário Eike Batista anunciou recentemente um ambicioso projeto envolvendo uma variedade geneticamente aprimorada de cana-de-açúcar, denominada ‘super cana’.
Essa planta possui a capacidade de produzir até três vezes mais etanol e gerar 12 vezes mais biomassa em comparação com a cana tradicional.
Para viabilizar a expansão dessa cultura em larga escala, Eike firmou uma parceria que resultou na captação de US$ 500 milhões, com parte dos recursos vindo de investidores dos Emirados Árabes.
O montante será aplicado no cultivo inicial de 70 mil hectares dessa nova variedade nas proximidades do Porto do Açu, no Rio de Janeiro.
Segundo o Brazil Journal, além do investimento tradicional, o empresário lançou a criptomoeda $EIKE, com o objetivo de arrecadar mais US$ 100 milhões para o projeto.
A proposta da moeda digital é oferecer um novo modelo de participação financeira, permitindo que investidores comprem tokens que darão direito a 10% dos lucros futuros da iniciativa.
O movimento reflete uma crescente tendência no mercado, onde projetos agrícolas buscam o financiamento descentralizado por meio de blockchain.
A origem da ‘super cana’
A trajetória da ‘super cana’ remonta ao início dos anos 2000, quando o administrador Luis Carlos Rubio e o agrônomo Sizuo Matsuoka uniram forças para aprimorar geneticamente a cana-de-açúcar.
Em 2002, Rubio, então integrante da Votorantim Novos Negócios, colaborou com Matsuoka, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em um projeto que visava aumentar a produtividade e resistência da planta.
O resultado foi a criação da CanaVialis, uma empresa inovadora no setor.
O sucesso da CanaVialis atraiu a atenção de grandes corporações e, em 2008, a empresa foi adquirida pela Monsanto por US$ 290 milhões.
No entanto, em 2015, a multinacional descontinuou o negócio, interrompendo temporariamente o avanço da pesquisa.
A partir desse ponto, os criadores buscaram novas formas de dar continuidade ao projeto, apostando na retomada do desenvolvimento da ‘super cana’ por meio de parcerias estratégicas.
A parceria com Eike Batista
Em 2011, após deixarem a CanaVialis, Rubio e Matsuoka fundaram a Vignis, empresa dedicada ao desenvolvimento da ‘super cana’.
Quatro anos depois, Eike Batista investiu no projeto, iniciando o cultivo experimental da nova variedade em áreas próximas ao Porto do Açu.
Entretanto, desafios financeiros e problemas legais enfrentados pelo empresário em 2017 levaram à paralisação das atividades da Vignis, que acabou declarando falência.
Determinados a reativar a iniciativa, Eike e os pesquisadores voltaram a se aproximar em 2024, resultando em um novo acordo.
Dessa vez, Batista garantiu participação na BRXe, empresa que agora detém a tecnologia da ‘super cana’, condicionada ao sucesso na captação de recursos.
O projeto recebeu um novo fôlego e, com o suporte de investidores internacionais, ganhou escala para transformar a produção nacional de biocombustíveis.
Investimento robusto e expansão planejada
Em fevereiro de 2025, Eike Batista anunciou a obtenção de US$ 500 milhões em investimentos, provenientes de um fundo de infraestrutura estruturado pelo empresário Mário Garnero.
O fundo inclui a participação do Abu Dhabi Investment Group (ADIG) e do próprio Garnero, garantindo o capital necessário para a aquisição e operação do primeiro módulo do projeto.
O plano inicial prevê a produção de 1 bilhão de litros de etanol e 1 milhão de toneladas de biomassa anualmente.
O interesse dos investidores do Oriente Médio se deve à necessidade de combustíveis renováveis para a aviação, com o etanol sendo um insumo essencial para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF), utilizado pela Emirates e outras companhias aéreas.
Lançamento da criptomoeda $EIKE
Para diversificar ainda mais as fontes de financiamento, Eike Batista lançou a criptomoeda $EIKE, com o objetivo de arrecadar mais US$ 100 milhões.
A oferta inicial prevê a emissão de 100 milhões de tokens, vendidos a US$ 1 cada, principalmente para investidores norte-americanos.
Os detentores dos tokens terão direito a 10% dos lucros futuros do empreendimento, uma estratégia que alinha os interesses financeiros dos investidores com o sucesso do projeto.
A criptomoeda foi desenvolvida na blockchain da Solana e possui um período de lock-up de quatro anos para os fundadores, garantindo um prazo necessário para que o empreendimento atinja a lucratividade esperada.
Projeções financeiras e expansão futura
O plano de negócios prevê a implementação de múltiplos módulos de produção. Cada módulo iniciará com o plantio de 50 hectares no primeiro ano, expandindo progressivamente até atingir 70 mil hectares em plena operação.
A expectativa é que, com o aumento da demanda por combustíveis renováveis, a ‘super cana’ se torne um produto estratégico para a transição energética global.
Além da produção de etanol, o projeto inclui o desenvolvimento de bioplásticos sustentáveis a partir da biomassa gerada, um mercado promissor com potencial para reduzir a dependência de plásticos derivados de petróleo.
Essa iniciativa reforça o compromisso ambiental do projeto, alinhando-se às metas globais de redução de emissões de carbono e incentivo a materiais biodegradáveis.
O impacto da ‘super cana’ no agronegócio
Se bem-sucedida, a ‘super cana’ poderá representar uma revolução na indústria do etanol e biocombustíveis.
A alta produtividade da nova variedade promete tornar o Brasil ainda mais competitivo no mercado global, consolidando-se como o principal fornecedor de biocombustíveis para a transição energética.
A iniciativa também pode gerar milhares de empregos diretos e indiretos, impactando positivamente as regiões produtoras.
Com um modelo de financiamento inovador e apoio de grandes investidores, Eike Batista aposta na retomada do seu império empresarial, agora com um foco renovado na sustentabilidade e inovação tecnológica.