Arqueólogos egípcios revelam cidade submersa com mais de 2 mil anos próxima a Alexandria, contendo templos, esfinges e navio mercante. O achado reabre mistérios sobre Canopo, metrópole engolida pelo mar
As águas do Mediterrâneo voltaram a revelar um capítulo esquecido da história. Arqueólogos egípcios anunciaram a descoberta de uma cidade submersa com mais de dois milênios de existência diante da costa de Alexandria, no norte do Egito. O sítio arqueológico, localizado na baía de Abu Qir, foi descrito como uma das descobertas mais significativas da última década, contendo templos, tumbas, estátuas e até um navio mercante quase intacto.
Ruínas da antiga Canopo emergem do fundo do mar
De acordo com o Ministério das Antiguidades do Egito, a cidade recém-identificada pode ser uma extensão da lendária Canopo, um dos principais centros da dinastia ptolemaica, que governou o país entre 305 e 30 a.C., antes da conquista romana. A área, que também abrigou o porto de Heracleion, foi gradualmente engolida pelo mar após uma série de terremotos e o aumento do nível das águas há mais de 1.500 anos.
Durante as escavações subaquáticas, conduzidas pelo Instituto Europeu de Arqueologia Submarina (IEASM), foram encontrados edifícios de pedra calcária, tanques esculpidos na rocha e um cais de 125 metros de extensão, possivelmente utilizado como ponto de atracagem de pequenas embarcações nos períodos romano e bizantino.
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O arqueólogo francês Franck Goddio, responsável pela descoberta original de Heracleion nos anos 2000, afirmou que o novo achado “confirma a dimensão e complexidade urbanística das cidades que formavam a metrópole costeira do delta do Nilo”.
Estátuas reais e templos dedicados a Ramsés II
Entre os achados mais impressionantes estão estátuas e esfinges esculpidas em granito vermelho, algumas representando faraós como Ramsés II, que governou o Egito no século XIII a.C. Parte das esculturas permanecerá no fundo do mar para preservar o contexto arqueológico original, enquanto outras serão exibidas no Museu Nacional de Alexandria.
Os arqueólogos também identificaram tanques e depósitos esculpidos em rocha, utilizados tanto para o armazenamento de água doce quanto para a criação de peixes, uma forma antiga de aquicultura praticada nas margens do Nilo. O local revela a sofisticação tecnológica da época e a importância econômica de Canopo como centro portuário e religioso.
Além disso, fragmentos de cerâmica, âncoras de pedra e um guindaste portuário foram encontrados próximos à embarcação naufragada, que media cerca de 20 metros e transportava blocos de granito provavelmente destinados à construção de templos.
A ameaça moderna: Alexandria pode seguir o mesmo destino
Paradoxalmente, o mesmo fenômeno natural que destruiu Canopo ameaça hoje a moderna Alexandria, uma das cidades mais populosas do Egito. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a região do delta do Nilo afunda cerca de 3 milímetros por ano, tornando-se uma das áreas mais vulneráveis ao aumento do nível do mar causado pelas mudanças climáticas.
Estudos recentes indicam que, até o final do século XXI, partes da cidade histórica — incluindo o Forte de Qaitbay, construído sobre as ruínas do antigo Farol de Alexandria, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo — podem ser submersas se o ritmo de erosão continuar.
Ainda assim, as autoridades egípcias prometem investir em barreiras costeiras e na expansão do turismo subaquático, transformando as ruínas de Canopo e Heracleion em museus submersos acessíveis a mergulhadores, reforçando o papel do Egito como guardião de uma das civilizações mais fascinantes da humanidade.