O Egito investe US$ 60 bilhões na Nova Capital Administrativa, que terá arranha-céu de 385 m, ministérios transferidos e espaço para 6,5 milhões de habitantes.
O Egito está no meio de uma das maiores transformações urbanísticas de sua história. Para enfrentar a superlotação do Cairo, que hoje concentra mais de 20 milhões de habitantes e enfrenta problemas crônicos de mobilidade, poluição e falta de moradia, o governo decidiu erguer do zero uma Nova Capital Administrativa (NAC). O projeto monumental, avaliado em cerca de US$ 60 bilhões, pretende se tornar não apenas a nova sede do governo egípcio, mas também um polo de negócios, tecnologia e urbanismo futurista. Com uma área projetada de mais de 700 km², a nova cidade será maior que o Plano Piloto de Brasília — marco da arquitetura moderna no Brasil — e terá capacidade para receber até 6,5 milhões de moradores nas próximas décadas.
A grandiosidade em números
O projeto da Nova Capital Administrativa impressiona:
- Área total: mais de 700 km², o dobro do tamanho de Brasília.
- Arranha-céu de 385 metros: a Iconic Tower, em construção, já é o prédio mais alto da África.
- Espaço para 6,5 milhões de pessoas: capacidade projetada para abrigar parte significativa da população urbana egípcia.
- Custo estimado: cerca de US$ 60 bilhões, financiados em parte por parcerias com empresas chinesas e investimentos privados.
Além disso, o masterplan inclui bairros residenciais, centros empresariais, universidades, hospitais, áreas verdes e até uma réplica de tamanho monumental da Praça Tahrir.
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Transferência de ministérios e órgãos públicos
Um dos eixos do projeto é a transferência da máquina pública. O governo planeja deslocar mais de 30 ministérios e agências para a nova cidade, incluindo o parlamento e a residência presidencial.
Segundo autoridades egípcias, cerca de 50 mil servidores públicos já estão na lista de realocação gradual. O processo deve levar anos, mas a meta é que, em médio prazo, o Cairo seja aliviado do peso administrativo, passando a funcionar mais como centro histórico e turístico.
O papel da China e os investimentos estrangeiros
Grande parte da construção da Nova Capital tem a participação de empresas estrangeiras, especialmente da China State Construction Engineering Corporation (CSCEC), responsável por erguer a Iconic Tower e diversos complexos residenciais e comerciais.
Os acordos bilionários com a China evidenciam a parceria estratégica entre os dois países e consolidam o Egito como parte do cinturão de investimentos globais chineses, alinhados à Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road).
A cidade inteligente que promete ser referência
A Nova Capital foi projetada para ser uma “cidade inteligente”, equipada com sistemas de vigilância integrados, controle digital de tráfego, energia sustentável e uso intenso de tecnologias de gestão urbana.
Entre os destaques:
- Rede elétrica com maior uso de energia renovável.
- Sistemas de transporte rápido integrados a linhas férreas de alta velocidade e monotrilho.
- Estrutura digital para monitorar em tempo real serviços públicos, segurança e mobilidade.
Para os defensores do projeto, trata-se de um modelo de urbanismo que pode colocar o Egito como referência no Oriente Médio e na África.
Críticas e desafios
Apesar da grandiosidade, o projeto não escapa de polêmicas:
- Alto custo social: críticos afirmam que o investimento de US$ 60 bilhões poderia ser direcionado a hospitais, escolas e infraestrutura já existentes no Cairo.
- Exclusão social: há dúvidas se a nova cidade será acessível à população de baixa renda ou se ficará restrita a elites políticas e empresariais.
- Viabilidade econômica: manter uma cidade desse porte exige gastos contínuos, e parte da imprensa internacional questiona se haverá demanda real para tantos imóveis e serviços.
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Ainda assim, o governo insiste que a NAC será essencial para o futuro do Egito, aliviando a pressão sobre o Cairo e abrindo espaço para o crescimento econômico.
O Egito e seu lugar no mundo moderno
A Nova Capital Administrativa não é apenas uma solução urbana. Ela faz parte de uma estratégia mais ampla do Egito de se reposicionar no cenário internacional como potência regional moderna e atrativa para investimentos estrangeiros.
Assim como a China constrói cidades futuristas e a Arábia Saudita ergue megaprojetos como The Line e o novo aeroporto King Salman, o Egito busca seu lugar na lista de países que ousaram reconfigurar seu território para ganhar influência global.
Uma nova face para o Egito do século XXI
A Nova Capital Administrativa ainda está em fase de desenvolvimento, mas já simboliza uma mudança histórica.
O Egito, que abriga algumas das construções mais antigas da humanidade, como as pirâmides de Gizé, agora aposta em uma das mais modernas cidades planejadas do mundo.
Se alcançar suas metas, o país poderá não apenas aliviar o Cairo, mas também entrar para o seleto grupo das nações que construíram cidades inteiras como símbolos de sua força e ambição.
Entre críticas e expectativas, o futuro da Nova Capital egípcia ainda é incerto — mas uma coisa já é certa: seu tamanho, custo e ousadia a colocam entre os maiores projetos urbanísticos do século XXI.