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Efeito dominó no prato americano, com “buraco” deixado pelo Brasil, redes de fast food correm por fornecedores alternativos e começam a repassar custos

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 16/08/2025 às 08:10
Efeito dominó no prato americano, com “buraco” deixado pelo Brasil, redes de fast food correm por fornecedores alternativos e começam a repassar custos
Enquanto o Brasil redireciona cargas para a Ásia, o repasse ao consumidor americano tende a ganhar força nos próximos meses.
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Tarifa de até 50% sobre a carne brasileira aperta o custo do hambúrguer nos EUA e empurra redes de fast food a buscar fornecedores alternativos. Austrália, Canadá, México e Nova Zelândia entram no radar.

A decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de até 50% sobre uma série de produtos brasileiros elevou o custo de importação de proteínas e acendeu o alerta em toda a cadeia de carne bovina. Segundo a Reuters, o governo brasileiro anunciou um pacote de auxílio para mitigar impactos nas exportações após a medida, confirmando a mudança de cenário para quem atendia o mercado americano.

O choque tarifário encontra um mercado já pressionado por oferta limitada. De acordo com o USDA/ERS, 2025 começou com produção ajustada e maior dependência de carne importada para formar o blend do hambúrguer, quadro que tende a se agravar quando um fornecedor relevante encarece de uma hora para outra.

Do lado do consumidor, os sinais já aparecem nos índices de preços. Segundo o BLS, o subíndice de beef no CPI de julho subiu no mês e em 12 meses, enquanto “food away from home” também avançou, forçando as redes a decidir quanto absorver e quanto repassar.

No curto prazo, o efeito é simples, se a carne importada que abastecia parte da demanda americana fica mais cara, a matéria-prima do hambúrguer encarece e a margem aperta. Essa combinação tende a acelerar a busca por fornecedores alternativos e ajustes táticos de cardápio.

A corrida por fornecedores: Austrália, Canadá, México e Nova Zelândia no radar

Para compensar a perda de competitividade de parte da oferta brasileira, grandes cadeias e distribuidores recorrem aos parceiros tradicionais do lean beef. Dados compilados pela Meat & Livestock Australia com base no USDA mostram que, em 2024, Austrália, Canadá, México e Nova Zelândia responderam por fatias expressivas das importações de carne dos EUA, com o Brasil ganhando espaço até meados de 2025.

A substituição, porém, não acontece sem custo. Relatórios do mercado importado e boletins de entrada de carne no sistema americano indicam limites de capacidade de abate, logística e câmbio nessas origens, o que pode sustentar prêmios de preço enquanto o fluxo se reorganiza.

Na prática, o “buraco” deixado pelo Brasil em cortes e aparas para hambúrguer tende a ser preenchido de forma gradual, o que mantém a pressão sobre os custos das redes. Enquanto o equilíbrio não chega, o cenário mais provável é de cardápios ajustados por praça e por período promocional.

Quanto vai custar ao consumidor: promoções, bebidas e o repasse no balcão

Com proteínas mais caras, as redes intensificam estratégias de mix e de valor percebido. De acordo com análises de mercado citadas pela imprensa especializada, há um movimento de focar em bebidas de maior margem para aliviar a pressão no tíquete, ao mesmo tempo que se preserva competitividade no combo.

A fotografia dos preços ao consumidor confirma o aperto: “food away from home” avançou 0,3% em julho e acumula alta anual acima da inflação de supermercado. Isso sinaliza espaço restrito para aumentos agressivos, sobretudo no fast food, que cresceu menos do que o full service no mês.

Casos recentes de redes discutindo políticas de preços mostram que a comunicação com o cliente precisa ser cirúrgica. O desafio é manter a percepção de valor sem erodir margem em um ambiente de renda sensível e competição intensa entre marcas.

Em resumo, enquanto a oferta importada não se recompõe totalmente, o repasse parcial tende a continuar, com reforço de promoções pontuais e redesenho de combos para proteger rentabilidade.

E no Brasil? Redirecionamento de cargas e novos mercados na Ásia

Do lado brasileiro, a estratégia imediata tem sido redirecionar volumes e abrir portas em mercados asiáticos. De acordo com a ABIEC, com confirmação do Mapa, as Filipinas oficializaram a abertura para carne bovina com osso e miúdos, ampliando o acesso a itens de maior valor e ajudando a absorver parte da produção que perderia destino nos EUA.

A presença brasileira na feira WOFEX, em Manila, reforçou esse avanço institucional e comercial, com delegações público-privadas promovendo a qualidade e a diversidade do produto junto a importadores. Segundo a própria ABIEC e entidades setoriais, trata-se de um passo relevante para consolidar a participação no Sudeste Asiático.

Enquanto isso, Brasília acionou um plano de crédito e garantias para exportadores afetados. Segundo a Reuters, o pacote busca dar fôlego financeiro e evitar cortes bruscos de produção e emprego no setor, enquanto se buscam soluções diplomáticas e técnicas para reduzir o impacto tarifário.

A combinação de novos destinos e apoio doméstico tende a manter o ritmo de embarques totais do Brasil, mas com mudança no mix e nas margens por mercado. Para os EUA, isso significa que a recomposição de oferta via outras origens pode sair mais cara por mais tempo.

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Geovane Souza

Geovane Souza é especialista em criação de conteúdo na internet, ações de SEO e marketing digital. Nas horas vagas é Universitário de Sistemas de Informação no IFBA Campus de Vitória da Conquista.

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