A EDP inaugura eletrolisador em Portugal e inicia testes com hidrogênio em ciclo combinado, fortalecendo a transição energética na Europa
Em 15 de setembro de 2025, a EDP anunciou nesta segunda-feira (15) a produção da sua primeira molécula de hidrogênio na Europa, marcando um avanço significativo na transição energética global. O feito ocorreu na usina de ciclo combinado de Lisboa, Portugal, como parte do projeto europeu FLEXnCONFU, que visa validar a co-combustão de hidrogênio com gás natural em condições operacionais reais.
Durante a cerimônia, foi inaugurado um eletrolisador de 1,25 MW, responsável por gerar o hidrogênio utilizado na turbina a gás. Este marco posiciona a EDP como protagonista na adoção de tecnologias limpas e reforça o papel da Europa como líder na inovação energética.
Projeto FLEXnCONFU da EDP: inovação europeia na transição energética
O FLEXnCONFU — sigla para “Flexibilização de usinas de ciclo combinado através de soluções Power-to-X usando combustíveis não convencionais” — é um projeto piloto financiado pelo programa Horizon Europe, da União Europeia. Ele reúne 21 parceiros de dez países europeus, com o objetivo de testar a viabilidade técnica, econômica e ambiental da co-combustão de hidrogênio.
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A iniciativa busca tornar as usinas de ciclo combinado mais flexíveis e sustentáveis, integrando tecnologias que permitam a operação com diferentes vetores energéticos, como hidrogênio e amônia. O eletrolisador instalado em Portugal é um dos dois previstos no projeto — o segundo, localizado na Itália, utilizará amônia em ambiente laboratorial.
Co-combustão com hidrogênio: eficiência e sustentabilidade
A co-combustão é uma técnica que permite a queima simultânea de dois combustíveis. No caso da EDP, o hidrogênio gerado pelo eletrolisador foi injetado junto ao gás natural na turbina da usina de Lisboa. Essa abordagem reduz as emissões de carbono e melhora a eficiência energética, sem exigir a substituição completa das infraestruturas existentes.
A termelétrica de ciclo combinado do Ribatejo, participante do projeto, foi inaugurada em 2004 e possui capacidade instalada de 1.176 MW. A operação com hidrogênio continuará até o início de 2026, período em que serão coletados dados para orientar futuras decisões de investimento da EDP.
Testes técnicos e validações em múltiplos países da Europa
Desde abril de 2020, o FLEXnCONFU passou por diversas etapas de desenvolvimento. Testes laboratoriais independentes foram realizados no Reino Unido e na Itália, utilizando diferentes misturas de hidrogênio, amônia e gás natural. Esses estudos são essenciais para garantir a segurança, eficiência e viabilidade econômica da tecnologia.
A validação prática em Portugal representa o ápice desses esforços, demonstrando que é possível integrar o hidrogênio à matriz energética europeia de forma segura e eficaz. A expectativa é que os resultados sirvam de base para projetos em larga escala, contribuindo para a descarbonização do setor elétrico.
Investimentos da EDP e apoio institucional à transição energética
O projeto conta com financiamento do Horizon Europe, principal programa de pesquisa e inovação da União Europeia. Esse apoio demonstra o compromisso institucional com a transição energética e a adoção de tecnologias limpas.
Além disso, a EDP Renováveis Brasil também tem investido em fontes sustentáveis. Recentemente, a empresa obteve R$ 105,3 milhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) para a central eólica Borborema II, na Paraíba. O investimento total do projeto é de R$ 437,3 milhões, com geração estimada de 337 empregos diretos e indiretos.
Hidrogênio como vetor estratégico da transição energética
O hidrogênio verde — produzido por meio da eletrólise da água com energia renovável — é considerado um dos pilares da transição energética. Ele pode ser utilizado em diversos setores, como transporte, indústria e geração de energia, substituindo combustíveis fósseis e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.
A iniciativa da EDP reforça essa tendência, mostrando que é possível adaptar turbinas a gás para operar com hidrogênio, sem comprometer a eficiência ou a segurança. Essa flexibilidade é essencial para acelerar a descarbonização e garantir a estabilidade do sistema elétrico em um cenário de crescente participação das fontes renováveis.
O papel do eletrolisador na produção de hidrogênio
O eletrolisador inaugurado pela EDP em Lisboa tem capacidade de 1,25 MW e é responsável por converter eletricidade em hidrogênio por meio da eletrólise da água. Essa tecnologia é fundamental para viabilizar o hidrogênio verde, especialmente em regiões com alta disponibilidade de energia renovável.
A escolha por instalar o eletrolisador em uma usina de ciclo combinado permite testar a integração direta entre geração e consumo, otimizando o uso dos recursos e reduzindo perdas. Essa abordagem pode servir de modelo para outras iniciativas na Europa e no mundo.
Perspectivas futuras para a EDP e o hidrogênio na Europa
Com a produção da primeira molécula de hidrogênio em Portugal, a EDP dá um passo decisivo rumo à transição energética. Os dados coletados até 2026 serão cruciais para definir os próximos investimentos da empresa, considerando os contextos nacionais e internacionais do mercado de hidrogênio.
A Europa, por sua vez, continua a liderar os esforços globais de descarbonização, com políticas públicas e incentivos voltados à inovação tecnológica. Projetos como o FLEXnCONFU mostram que é possível combinar sustentabilidade, eficiência e segurança, criando um modelo energético mais limpo e resiliente.
EDP como referência global em inovação energética
A produção de hidrogênio pela EDP em Lisboa representa um marco histórico na transição energética europeia. Com o apoio do programa Horizon Europe e a colaboração de diversos parceiros internacionais, o projeto FLEXnCONFU demonstra a viabilidade da co-combustão em ciclo combinado, utilizando hidrogênio como vetor energético.
O uso do eletrolisador, a integração com turbinas a gás e os testes realizados em múltiplos países reforçam a credibilidade da iniciativa. Mais do que um avanço tecnológico, trata-se de um compromisso com um futuro sustentável, onde a inovação e a responsabilidade ambiental caminham lado a lado.
A EDP mostra que está preparada para liderar essa transformação, contribuindo para um sistema energético mais limpo, eficiente e acessível — não apenas na Europa, mas em escala global.