Deflação, crise no setor imobiliário, desemprego entre jovens e queda do consumo interno acendem alerta global
A economia chinesa, segunda maior do mundo, está dando sinais cada vez mais claros de colapso. O cenário atual combina fatores como queda no consumo interno, deflação crescente, crise imobiliária e alta poupança das famílias, o que vem gerando comparações diretas com a “década perdida” vivida pelo Japão nos anos 1990.
Segundo análise da UVP Capital, apesar de o PIB chinês ter crescido 5,3% no primeiro semestre de 2025, esse crescimento é insustentável no longo prazo, pois depende fortemente das exportações. Internamente, a confiança do consumidor segue em queda, a atividade econômica doméstica está desaquecida e os estímulos adotados pelo governo de Xi Jinping não estão surtindo efeito.
Quais são os sinais de alerta da economia chinesa?
A deflação é hoje o maior temor dos economistas que acompanham o desempenho da China. Ao contrário da inflação que encarece produtos, a deflação indica queda generalizada de preços, o que desestimula o consumo e paralisa a economia. O povo chinês tem optado por poupar em vez de gastar, o que contraria os esforços do governo de incentivar o consumo.
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Nos primeiros seis meses de 2025, os chineses depositaram mais de 10,7 trilhões de yuans, enquanto os novos empréstimos somaram apenas 1,17 trilhão. Com isso, a poupança líquida alcançou 78 trilhões de yuans, um recorde absoluto e sinal claro de aversão ao consumo.
Por que isso está acontecendo?
Mesmo com tentativas de estímulo como subsídios para a troca de veículos e aumento de aposentadorias a população continua retraída. Além disso, o mercado imobiliário, historicamente motor do crescimento chinês, sofre desvalorização de até 15% em imóveis usados desde 2021.
Estima-se que a perda total de valor patrimonial das famílias seja de 103 trilhões de yuans, equivalente a 77% do PIB de 2024.
Esse sentimento de perda de riqueza no papel leva os consumidores a segurarem ainda mais seus gastos. Ao mesmo tempo, o desemprego entre jovens de 18 a 25 anos está em alta, com mais de 6 milhões fora do mercado de trabalho, o que reduz ainda mais o potencial de recuperação pela via doméstica.
O modelo econômico está se esgotando?
Apesar do bom desempenho nas exportações, a China mostra desequilíbrios estruturais. O consumo interno não acompanha o crescimento externo, o que torna o modelo vulnerável a choques globais, como guerras comerciais e sanções.
Se os Estados Unidos ou a Europa decidirem ampliar tarifas, a dependência chinesa de exportações pode se tornar um gargalo ainda maior.
Além disso, o envelhecimento acelerado da população preocupa: um terço dos chineses terá mais de 60 anos até 2050. O governo já tenta induzir famílias a terem mais filhos, mas sem sucesso até agora.
O que isso tem a ver com o Japão?
As semelhanças com a crise japonesa dos anos 90 são notórias. Ambos os países enfrentaram bolhas imobiliárias, colapsos de preço e reações do consumidor baseadas na poupança.
A consequência no Japão foi uma década de estagnação, com crescimento pífio e deflação persistente e analistas temem que a China esteja seguindo o mesmo caminho.
Segundo a UVP Capital, o problema chinês pode ser revertido com estímulos vigorosos e rápidos, mas o tempo está se esgotando. A confiança da população precisa ser restaurada para que o ciclo de consumo volte a girar.
Quais os impactos globais?
A China representa 18% do PIB global. Se desacelerar, todo o comércio internacional sente. Países exportadores de commodities como o Brasil, já observam com atenção os desdobramentos.
A queda no apetite chinês pode afetar preços de minério, soja, petróleo e reduzir receitas de gigantes como Apple, Nike e conglomerados de luxo que dependem do consumo chinês.
Você acredita que a China vai conseguir escapar dessa armadilha econômica? A situação atual lembra a crise japonesa dos anos 90? Deixe sua análise nos comentários, queremos ouvir sua visão sobre os rumos da economia global.