Um novo tipo de madeira promete rivalizar com o aço ao combinar leveza, alta resistência e menor impacto ambiental, surgindo como alternativa inovadora para a construção civil e o design industrial.
Uma startup dos Estados Unidos lançou comercialmente um tipo de madeira engenheirada que promete relação resistência-peso até dez vezes maior que a do aço e massa até seis vezes menor.
Batizado de Superwood, o material é fabricado pela InventWood, empresa cofundada pelo cientista de materiais Liangbing Hu, referência mundial em pesquisas com celulose.
A proposta é disputar espaço com metais em aplicações arquitetônicas e de mobiliário, com desempenho mecânico elevado e melhor pegada ambiental.
-
A menor avenida do mundo fica no Brasil: tem apenas 50 metros de extensão, pode ser atravessada em menos de 1 minuto e guarda quase 100 anos de história
-
9 cidades brasileiras com casas a partir de R$ 100 mil e terrenos por R$ 40 mil que pouca gente conhece, ideais para morar ou investir
-
Xiaomi 17 Pro Max esconde tecnologia biônica de resfriamento e bateria de silício-carbono que dobra eficiência sem aumentar tamanho, um segredo que quase ninguém percebeu
-
O que significa a pessoa não postar fotos nas redes sociais, segundo a psicologia
O que é a Superwood e por que ela chama atenção
Segundo a InventWood, a Superwood continua sendo madeira “do ponto de vista químico e prático”, mas passa por um tratamento que reorganiza a celulose e reduz a porosidade interna.
O processo combina banho químico controlado e prensagem a quente, etapas que colapsam as células e aumentam consideravelmente a densidade e as ligações entre fibras.
Em termos de engenharia, o ganho vem do aproveitamento máximo do “biopolímero mais abundante do planeta”, a celulose, base estrutural das plantas.
A tecnologia deriva de estudos iniciados há mais de uma década, quando a equipe de Hu demonstrou que a densificação de madeiras comuns multiplica a resistência e a tenacidade.
À época, os pesquisadores também criaram versões transparentes do material ao remover parte da lignina, componente que confere cor e parte da rigidez à madeira natural.
O objetivo final, entretanto, era outro: tornar a madeira significativamente mais forte sem perder identidade, aparência e trabalhabilidade.
Da bancada ao mercado: o salto da pesquisa para a produção
O avanço decisivo ocorreu em 2017, com um tratamento que elevou a resistência da madeira e melhorou sua estabilidade.
A partir dali, Hu e colaboradores aperfeiçoaram a rota, acumularam mais de 140 patentes e estruturaram a InventWood para escalar a fabricação.
Hoje, a produção acontece em Frederick, Maryland, com ciclos medidos em horas, e a empresa afirma que está ampliando capacidade conforme a demanda.
Para o CEO Alex Lau, a principal virtude é a combinação de leveza e desempenho.
“Do ponto de vista químico e prático, é madeira”, afirmou.
Em edifícios, isso permitiria estruturas potencialmente até quatro vezes mais leves do que as atuais, o que aliviaria fundações e aumentaria a resistência a abalos sísmicos.
Em testes internos, diz a companhia, a Superwood é até 20 vezes mais resistente que a madeira comum e dez vezes mais resistente a amassados, graças ao colapso e ao endurecimento da rede celular.
Resistência ao fogo e durabilidade: o que já foi medido
A empresa relata que o material atinge Class A nos ensaios padronizados de reação ao fogo, a classificação mais alta do protocolo de referência, sem depender de retardantes químicos adicionados.
A densificação reduz a disponibilidade de oxigênio nos poros e dificulta a propagação de chamas.
O tratamento também cria uma barreira a fungos e insetos, além de diminuir a expansão e a contração por umidade, pontos fracos típicos da madeira tradicional.
Ainda que custem mais do que tábuas convencionais e tenham pegada de carbono de fabricação maior do que a madeira não tratada, os painéis de Superwood, segundo a InventWood, emitem cerca de 90% menos CO₂ que o aço em produção equivalente.
A meta industrial, diz Lau, “não é ser mais barato que a madeira, mas sim ser competitivo com o aço” à medida que a escala avance.
Primeiros usos e planos para ampliar o escopo
A InventWood prioriza aplicações externas na largada, como revestimentos de fachada e decks.
Em seguida, a previsão é ampliar ofertas para usos internos, a exemplo de painéis, pisos e mobiliário.
Na avaliação do CEO, a performance abre espaço inclusive para substituir componentes metálicos que hoje são críticos na vida útil dos móveis.
“As pessoas sempre reclamam que os móveis quebram com o tempo, e isso geralmente acontece porque eles cedem ou quebram nas juntas, que atualmente são feitas de metal porque a madeira não é forte o suficiente”, disse.
A Superwood, acrescenta ele, pode atuar nas juntas, parafusos, pregos e outros fixadores, reduzindo pontos de falha.
Projetos estruturais de maior porte seguem no horizonte.
Um edifício inteiro de Superwood, reconhece a companhia, exigirá mais testes e certificações antes de virar realidade.
O ponto, no entanto, é que o material “parece madeira e, quando você testa, ele se comporta como madeira”, afirma Lau, “exceto que é muito mais forte e melhor que madeira em praticamente todos os aspectos que testamos”.
Como se diferencia das madeiras engenheiradas já conhecidas
O mercado convive há décadas com produtos de madeira reconstituída, como MDF, compensado e CLT.
Neles, o ganho de resistência decorre do rearranjo de lâminas ou partículas e do uso de adesivos.
Na Superwood, o caminho é distinto: não se trata de colar pedaços, e sim de alterar a microestrutura da própria madeira, reforçando a matriz de celulose.
Em termos de design e obra, isso preserva veios, textura e trabalhabilidade, mas com propriedades mecânicas que se aproximam das de metais e ligas em cenários onde a relação resistência-peso é determinante.
Matéria-prima e adaptabilidade do processo
Em teoria, qualquer espécie lenhosa pode entrar na linha.
Na prática, a InventWood já testou 19 tipos de madeira e também bambu, com resultados positivos, segundo a empresa.
Essa flexibilidade tende a facilitar o uso de espécies subaproveitadas e a produção regionalizada, sem amarrar o desempenho a um único tipo de árvore.
Do ponto de vista ambiental, a possibilidade de armazenar carbono por longos períodos em painéis e componentes de alto desempenho aparece como um atrativo adicional frente a materiais intensivos em emissões.
O que falta para competir com metais na construção
Para ganhar espaço de maneira ampla, a Superwood precisará navegar normas técnicas, comprovar durabilidade em campo e mostrar competitividade de custo total em obras reais.
Ganhos de escala podem reduzir preço, enquanto ciclos de vida mais longos e instalação mais leve podem compensar o investimento inicial.
A validação por ensaios independentes e por projetos-piloto em diferentes climas será determinante para definir limites e melhores usos do material.
Enquanto isso, a InventWood acelera a fabricação e organiza o portfólio para a fase comercial.
A empresa afirma que a demanda já supera a oferta inicial, e que a expansão incluirá linhas dedicadas a produtos externos e, depois, a soluções internas, com comunicação antecipada a clientes que realizaram reserva.
Se a madeira reinventada pode, de fato, substituir o aço em partes significativas da construção, quais aplicações você considera mais promissoras para comprovar essa transição no dia a dia dos canteiros?