Cada vez mais CEOs de grandes empresas abandonam o home office e impõem a volta obrigatória ao escritório, mesmo contra a vontade dos funcionários, reacendendo um debate sobre produtividade, colaboração e o futuro do trabalho em um mundo pós-pandêmico.
O modelo de trabalho que ganhou força durante a pandemia de Covid-19, o home office, parece enfrentar uma virada definitiva em 2025.
Líderes de grandes empresas têm adotado uma postura mais crítica em relação ao trabalho fora do escritório, ecoando declarações incisivas como as de Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX.
Entre essas vozes, ganha destaque Jake Wood, cofundador e CEO da Groundswell, que segundo o portal Xataka, em informação publicada quinta-feira (19), afirmou recentemente que trabalhar em casa pode até funcionar para o indivíduo, mas representa um entrave para o desenvolvimento das equipes.
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A declaração de Wood traz à tona um debate que segue aquecido no mundo corporativo: os limites entre a produtividade individual e o desempenho coletivo.
“Uma tarefa realizada com excelência não significa, necessariamente, progresso para a empresa”, afirmou o executivo.
Para ele, o trabalho remoto favorece profissionais autônomos, mas dificulta a colaboração, o aprendizado entre pares e o crescimento organizacional.
Colaboração enfraquecida no trabalho remoto
Jake Wood afirma que a essência de um ambiente corporativo saudável está na colaboração presencial.
Para ele, mesmo que um funcionário entregue resultados dentro do prazo e com qualidade, isso não basta.
O impacto coletivo, segundo o CEO, sofre quando os profissionais mais produtivos — justamente os que mais prosperam em home office — se afastam fisicamente do grupo.
“Os trabalhadores de alto desempenho elevam a régua dos colegas ao redor. Quando trabalham de casa, esse efeito se perde”, declarou.
A consequência, segundo ele, é uma operação menos eficiente e com integração mais lenta de novos funcionários.
Profissionais iniciantes, especialmente, deixam de se desenvolver com a mesma intensidade que teriam ao lado de colegas mais experientes.
Jake Wood é taxativo: o modelo remoto cria um abismo entre o que é bom para o indivíduo e o que é melhor para o time.
“Se você prefere se concentrar apenas na sua produtividade pessoal, talvez devesse ser um profissional independente, e não parte de uma equipe em tempo integral”, afirmou.
Elon Musk e a crítica ao home office
As críticas de Jake Wood ao trabalho remoto dialogam com a já conhecida posição de Elon Musk sobre o tema.
O bilionário e CEO da Tesla, SpaceX e Twitter (atualmente X) ganhou repercussão ao chamar o home office de “besteira” e exigir que seus funcionários retornassem aos escritórios sob pena de demissão.
Para Musk, a presença física é insubstituível quando o objetivo é garantir eficiência, supervisão e inovação em larga escala.
A influência de Musk nesse debate não é marginal.
Um levantamento recente da KPMG, intitulado “CEO Outlook”, revela que 79% dos líderes empresariais dos Estados Unidos acreditam que o modelo presencial deve ser plenamente restabelecido até 2027.
A pesquisa, que ouviu mais de 1.300 CEOs de grandes empresas globais, mostra também uma queda drástica na confiança nos modelos híbridos, que passaram de 46% para apenas 17%.
CEOs pressionam pelo retorno aos escritórios
Além das declarações públicas, grandes empresas já adotam medidas práticas para forçar o retorno dos colaboradores aos escritórios.
Amazon, Dell e Salesforce são alguns dos nomes que exigem presença física por, pelo menos, alguns dias da semana.
A estratégia se justifica por múltiplos fatores: além do controle gerencial, os CEOs argumentam que a inovação, o engajamento e a cultura organizacional são prejudicados em ambientes 100% remotos.
Jake Wood, no entanto, adiciona um novo tom a essa discussão.
Para ele, mais do que eficiência ou inovação, o grande prejuízo do home office está na erosão dos vínculos entre colegas.
“Empresas crescem quando as pessoas cuidam umas das outras. Isso requer proximidade”, disse.
O dilema entre liberdade individual e produtividade coletiva
Com uma perspectiva mais voltada ao impacto coletivo, Wood reconhece que nem todos os funcionários possuem o mesmo nível de engajamento com os objetivos da empresa.
“Não tenho ilusões de que todos tenham dedicação altruísta. Mas sem ela, a empresa não progride como poderia”, afirmou.
Ele acredita que a escolha por trabalho remoto deve vir acompanhada de um reposicionamento profissional — talvez mais próximo do freelancing do que de um cargo corporativo tradicional.
Enquanto isso, o mercado corporativo observa uma tendência clara: o retorno aos escritórios parece ser uma exigência crescente, especialmente para cargos que exigem inovação, liderança e integração constante.
O home office, embora ainda defendido por muitos profissionais, precisa enfrentar um novo ceticismo por parte dos altos executivos.
A discussão permanece aberta: como equilibrar a liberdade individual do trabalho remoto com a força coletiva da presença física?
A resposta ainda parece distante — mas a pressão por mudanças já é concreta. E você, acredita que o home office ainda tem futuro ou já perdeu seu lugar nas grandes empresas?