Financiamento recorde cria uma joint venture dona do complexo na Louisiana, a Meta assina arrendamento por 20 anos e oferece garantia de valor residual, cláusula rara em tecnologia e pensada para o risco de obsolescência rápida.
A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, fechou um pacote de US$ 26 bilhões em dívida para construir o Hyperion, um megacentro de dados de 4 milhões de pés² (≈370 mil m²) em Richland Parish, Louisiana. O ativo será propriedade de uma joint venture, enquanto a Meta utilizará o campus sob locação de 20 anos.
O arranjo inclui uma garantia de valor residual, se a companhia sair do contrato e o imóvel valer menos que um piso definido, a empresa indeniza os investidores. A Bloomberg revelou os termos centrais do acordo em 5 de setembro de 2025; a estrutura vem sendo montada com Pimco à frente da dívida e Blue Owl Capital no equity, com apoio do Morgan Stanley.
O Hyperion foi anunciado como o maior data center da Meta, com campus de 4 milhões de pés² na Louisiana, dedicado a cargas de IA. O projeto aparece nos canais oficiais do empreendimento e da própria Meta, enfatizando escala e impacto regional.
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A garantia de valor residual (RVG), comum em outros setores, mas incomum em projetos de tecnologia dessa escala, foi o elemento-chave para atrair capital privado diante do risco de obsolescência acelerada típico da infraestrutura de IA. A cláusula protege credores caso o ativo perca valor ao longo do tempo, algo que especialistas apontam como uma inovação relevante para viabilizar captações dessa magnitude.
Estrutura financeira “fora do balanço” e corrida por crédito
Segundo reportagens de agosto e setembro, a Meta estruturou o pacote via joint venture e dívida off-balance-sheet, liberando espaço no próprio balanço enquanto acelera investimentos em supercomputação de IA. Na dívida, Pimco lidera cerca de US$ 26 bi, e a Blue Owl aporta em torno de US$ 3 bi em capital; o Morgan Stanley coordena a operação. O arranjo foi disputado por grandes casas de crédito privado e pode servir de modelo para novos campi de IA.
A combinação de locação de 20 anos com RVG procura equilibrar risco tecnológico (chips, refrigeração e arquiteturas mudam rápido) e risco imobiliário/energético (infra de rede e potência elétrica). Para investidores, a RVG funciona como colchão de valor em um ativo caro de adaptar; para a Meta, é o preço de destravar capital num ciclo de capex pesado.
O que é o Hyperion e por que a Louisiana
O campus Hyperion é descrito por canais oficiais como o maior da empresa até aqui e peça-chave para treinar modelos de IA. A localização em Richland Parish aproveita grandes glebas, acesso a energia e incentivos locais. Autoridades estaduais estimam centenas de empregos diretos e mais de 1,000 indiretos, além de milhares de postos na obra.
A demanda de energia é o ponto sensível: a Entergy Louisiana obteve aval regulatório para investir em geração e transmissão a fim de atender ao complexo, incluindo usinas de ciclo combinado e contratação acelerada de solar. Há, ainda, anúncio de PPA com a RWE para reforçar o suprimento renovável vinculado à meta de energia 100% renovável.
Relatos de imprensa local e nacional mostram que o projeto pode reconfigurar o mercado elétrico regional, com impactos tarifários e ambientais em debate, reflexo da escala inédita dos data centers de IA.
A cláusula que virou referência: garantia de valor residual
Na prática, a RVG promete indenizar credores caso o ativo caia abaixo de um valor-piso ao término (ou rompimento) do contrato. A medida é vista como resposta ao risco de obsolescência: a cada ciclo, novas gerações de GPUs, refrigeração líquida, topologias de rede e requisitos de energia podem exigir retrofit caro, ou mesmo tornar parte do ativo menos útil. O uso desse mecanismo num data center dessa escala é considerado inédito e pode inaugurar um novo padrão de financiamento para infraestrutura de IA.
Para o investidor, a RVG mitiga downside num cenário de mudança tecnológica abrupta; para o inquilino, eleva o custo financeiro mas viabiliza captações gigantes em prazos curtos, enquanto o negócio principal foca na IA generativa e em serviços de plataforma.
Quanto custa, afinal? Os números ainda estão em disputa
Há divergência pública sobre o custo total do complexo ao longo do ciclo: enquanto comunicações iniciais falavam em investimento de cerca de US$ 10 bilhões para o campus, declarações do presidente dos EUA em 26 de agosto de 2025 mencionaram US$ 50 bilhões para a estrutura na Louisiana. A diferença pode refletir fases (obras civis, potência, rede, compras de hardware) e expansões ao longo da década, a Meta não detalhou oficialmente um número consolidado para todo o ciclo.
O que está confirmado é o pacote financeiro de US$ 29 bilhões (US$ 26 bi em dívida + US$ 3 bi em equity) em torno do projeto, com Pimco e Blue Owl como protagonistas, e um contrato de 20 anos de ocupação com garantia de valor residual. Esses pontos definem o sinal estratégico do Hyperion para o mercado.
No curto prazo, o Hyperion acelera a aposta da Meta em IA; no longo, testa um novo padrão de financiamento para ativos de tecnologia com riscos de obsolescência rápida. Você concorda que a garantia de valor residual é um caminho responsável para destravar crédito, ou ela transfere riscos demais ao ecossistema (energia, tarifa, território) em troca de velocidade? Deixe sua opinião nos comentários.