A valorização do real ajuda, mas o risco fiscal impede aceleração na redução dos juros.
Segundo André Lion, sócio e CIO de ações da Ibiuna Investimentos, o dólar fraco tem colaborado para aliviar pressões inflacionárias no Brasil, mas não é suficiente para justificar cortes acelerados da taxa Selic. A autoridade monetária ainda observa riscos fiscais que podem comprometer a estabilidade do cenário.
Já Jerson Zanlorenzi, idealizador do Morning Call e head da mesa de ações e derivativos, reforça que, embora o real mais forte seja positivo, o Banco Central precisa manter prudência.
Reduzir juros rápido demais poderia obrigar uma reversão futura, com custos ainda maiores para a economia.
-
O método pouco conhecido que engenheiros estão usando para cortar até 40% dos custos em obras
-
TikTok desembarca no Brasil em plano audacioso R$ 10 bilhões para transformar estado brasileiro em novo ‘vale do silício’
-
Tendências de negócios e nichos lucrativos para 2026
-
INSS confirma aumento da idade mínima para aposentadoria em 2026; entenda as novas regras e pontos exigidos
O impacto do dólar fraco na inflação
O enfraquecimento do dólar no mercado internacional favorece o Brasil por dois canais: queda nos preços de commodities importadas e valorização do real frente à moeda americana.
Esse movimento reduz a pressão sobre os preços domésticos, especialmente alimentos e combustíveis.
No entanto, como lembra Lion, o efeito cambial é apenas uma parte da equação.
A política monetária precisa considerar também a trajetória fiscal do país, que continua como fonte de incerteza para investidores e pode limitar os efeitos positivos do câmbio.
Por que o Banco Central mantém a cautela
O Banco Central não quer repetir erros do passado, quando cortou juros de forma prematura e precisou reverter a trajetória pouco tempo depois.
Zanlorenzi ressalta que a comunicação da autoridade monetária é tão importante quanto a decisão em si, pois orienta expectativas do mercado.
Assim, mesmo com o dólar fraco, a prioridade é garantir que a inflação esteja de fato convergindo para a meta, sem abrir espaço para novos choques de credibilidade.
O risco fiscal segue como a principal trava para cortes mais agressivos.
O fator externo: Fed e produtividade americana
Outro elemento citado pelos especialistas é a política monetária dos Estados Unidos. O Federal Reserve equilibra inflação e emprego, e sua comunicação afeta diretamente o fluxo global de capitais.
Se o Fed sinalizar cortes, o Brasil pode ganhar espaço para reduzir juros sem pressionar o câmbio.
Ao mesmo tempo, discute-se se ganhos futuros de produtividade com inteligência artificial podem aliviar o fiscal americano.
Mas, para Lion, esse efeito é de longo prazo e não resolve os dilemas atuais da economia global.
Brasil versus Estados Unidos no radar fiscal
Enquanto os EUA contam com o privilégio de emitir a moeda global e sustentar déficits por mais tempo, o Brasil precisa dar respostas rápidas para manter a confiança.
A diferença de percepção entre investidores estrangeiros e locais sobre o risco fiscal brasileiro reforça a necessidade de disciplina.
Nesse contexto, o dólar fraco é um alívio temporário, mas não substitui reformas estruturais ou ajustes fiscais que sustentem um ciclo mais longo de cortes na Selic.
O debate entre André Lion e Jerson Zanlorenzi mostra que o dólar fraco anima o mercado, mas não basta para mudar a estratégia do Banco Central.
A política monetária precisa ser firme, mesmo sob pressão, para não perder a confiança conquistada a duras penas.
E você, acredita que o Banco Central deveria aproveitar o dólar fraco para acelerar os cortes da Selic, ou a cautela é o caminho certo diante do risco fiscal?
Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate.



Seja o primeiro a reagir!