EUA retiram tarifas após reconhecer dependência de dois insumos estratégicos brasileiros. Decisão expõe fragilidade de Washington e garante alívio parcial às exportações do Brasil
Os Estados Unidos deram um passo inesperado em relação às relações comerciais com o Brasil.
Depois de apenas um mês aplicando sobretaxas que chegavam a 40%, a Casa Branca anunciou a retirada da tarifa de 10% sobre a maior parte das exportações brasileiras de celulose e ferro-níquel.
A decisão surpreendeu pela rapidez, mas revela a dependência norte-americana desses dois insumos estratégicos e a pressão de setores industriais que não podiam arcar com o aumento de custos.
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O peso da celulose brasileira para os EUA
O Brasil é líder mundial em exportação de celulose de fibra curta, utilizada em larga escala pela indústria de papel e embalagens.
Para se ter uma ideia, cerca de 78% da celulose brasileira exportada tem como destino o mercado norte-americano, um número que evidencia a dificuldade dos EUA em substituir esse fornecimento no curto prazo.
Com a tarifa, os custos para as indústrias locais aumentariam de forma significativa, afetando desde gráficas e editoras até grandes fabricantes de embalagens para e-commerce e alimentos.
Foi justamente a pressão dessas empresas que levou Washington a rever a medida, temendo um impacto direto na cadeia produtiva doméstica.
Ferro-níquel: um insumo crítico para o aço inoxidável
Outro produto beneficiado foi o ferro-níquel, essencial na fabricação de aço inoxidável. O material é estratégico para setores como construção civil, automotivo e eletrodomésticos.
O Brasil está entre os maiores produtores globais e, em um momento de alta demanda por aço de qualidade, os Estados Unidos não podiam correr o risco de encarecer sua cadeia produtiva.
Manter o fornecimento brasileiro a preços competitivos garante estabilidade para indústrias que já enfrentam desafios com custos logísticos e disputas por insumos em mercados asiáticos e europeus.
A lógica política por trás da decisão
Apesar de parecer uma vitória brasileira, a retirada das tarifas não significa uma trégua completa nas tensões comerciais.
Na prática, foi uma concessão pontual da Casa Branca para não prejudicar sua própria indústria.
As sobretaxas de 10% e 40%, aplicadas inicialmente como resposta política a desentendimentos diplomáticos, continuam valendo para outros produtos agrícolas e manufaturados.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, celebrou o anúncio como um avanço, mas ressaltou que ainda há muito trabalho para reduzir tarifas em outros setores e ampliar a competitividade das exportações brasileiras.
O que esperar daqui para frente
A isenção para celulose e ferro-níquel mostra que, mesmo em cenários de atrito político, os interesses econômicos podem falar mais alto.
No entanto, também reforça a vulnerabilidade das exportações brasileiras a mudanças repentinas na política externa dos EUA.
Enquanto as negociações continuam, empresas brasileiras dos setores beneficiados respiram aliviadas. Já outros segmentos seguem pressionando o governo por novas concessões que possam garantir competitividade em um mercado que continua sendo estratégico para o Brasil.
Não podemos ficar dependentes de um único cliente, além de desenvolvermos outros compradores, temos que solidificar a indústria para manufaturar comodities e agregarmos valor e tecnologias!