Proposta de estudo para ampliar a chegada da água do São Francisco no Piauí promete transformar o cenário de escassez hídrica, atingindo diretamente comunidades do semiárido e movimentando políticas públicas de segurança hídrica no Nordeste.
O Governo Federal deu um passo decisivo para combater a escassez hídrica no semiárido do Piauí ao autorizar, nesta quarta-feira (23), o Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental (EVTEA) para uma nova etapa da transposição do rio São Francisco.
A iniciativa, conduzida pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, prevê o desenvolvimento do projeto que poderá beneficiar diretamente 1 milhão de habitantes em 131 municípios piauienses, levando água a regiões historicamente afetadas pela seca severa.
O anúncio da autorização do EVTEA ocorreu em meio ao contexto de intensificação das políticas públicas voltadas à segurança hídrica no Nordeste brasileiro.
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Segundo informações do Ministério, a expectativa é que a realização do estudo custe R$ 8,5 milhões, valor que será arcado pela Secretaria Nacional de Segurança Hídrica, órgão vinculado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Esse investimento reforça o compromisso federal em ampliar o acesso à água potável no semiárido, região marcada por longos períodos de estiagem e forte vulnerabilidade social.
Novo eixo de transposição e impacto para o abastecimento no Piauí
O Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental, conhecido como EVTEA, analisará a ligação hídrica entre o Reservatório de Sobradinho, localizado na Bahia, e as bacias hidrográficas dos rios Piauí e Canindé.
Esse novo eixo da transposição do rio São Francisco integrará o Eixo Oeste do Projeto de Integração do Rio São Francisco, ampliando o alcance do maior empreendimento de infraestrutura hídrica do país.
De acordo com Bruno Cravo, diretor do Departamento de Projetos Estratégicos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, o estudo será realizado com base em contrato de consultoria já vigente.
O impacto previsto é direto em 42 municípios e indireto em outros 89, totalizando 131 cidades atendidas na região semiárida do Piauí.
Cravo ressaltou que o planejamento da ação está em fase de conclusão e, em seguida, começarão as atividades de coleta de dados de campo e análises em gabinete, etapas fundamentais para viabilizar o início das obras.
Projeto de Integração do Rio São Francisco e ampliação da segurança hídrica
O Projeto de Integração do Rio São Francisco foi concebido como resposta à histórica carência de água no Nordeste brasileiro.
Reconhecida como a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil, essa iniciativa faz parte da Política Nacional de Recursos Hídricos e visa garantir o abastecimento em regiões vulneráveis à seca prolongada.
Com extensão total de 477 quilômetros, o projeto é dividido em dois grandes eixos — Leste e Norte — que abrangem os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Ao longo de sua trajetória, o Projeto de Integração do Rio São Francisco contempla a construção de 13 aquedutos, 9 estações de bombeamento, 27 reservatórios, 9 subestações de 230 quilovolts (kV), 270 quilômetros de linhas de transmissão de alta tensão e 4 túneis, elementos fundamentais para garantir o fluxo de água e energia necessários ao funcionamento do sistema.
Perspectivas para a conclusão da transposição no Nordeste
Em março de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, durante viagem ao Rio Grande do Norte, que a conclusão total das obras de transposição está prevista para o final de seu terceiro mandato, em 2026.
Na ocasião, Lula afirmou que restam apenas etapas finais para que o Projeto de Integração do Rio São Francisco esteja concluído, beneficiando diretamente entre 12 e 13 milhões de nordestinos residentes no semiárido.
Segundo o presidente, “falta pouquinha coisa”, reforçando o compromisso do governo em universalizar o acesso à água potável no Nordeste.
Ainda durante seu discurso, Lula enfatizou a importância do empenho conjunto entre governos estaduais e prefeituras para assegurar que o benefício da transposição chegue efetivamente à população, ressaltando que “se os governadores trabalharem direitinho, se os prefeitos trabalharem direitinho, o povo vai ter água potável para beber, as galinhas vão ter água para beber, todo mundo vai ter água para beber”.
EVTEA e a expansão hídrica sustentável no Piauí
A realização do Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental representa uma fase estratégica e indispensável para a ampliação do abastecimento hídrico no Piauí.
O EVTEA, previsto na legislação ambiental brasileira, tem como objetivo avaliar todos os impactos ambientais, econômicos e sociais do empreendimento, além de propor alternativas técnicas para a execução segura e sustentável do projeto.
Entre as etapas do estudo, estão a análise do traçado, identificação de áreas sensíveis, levantamento de comunidades afetadas e elaboração de medidas de mitigação de possíveis impactos negativos.
Com a autorização para o início do EVTEA, o governo federal pretende dar agilidade ao processo de transposição, criando condições para que obras estruturantes possam ser iniciadas nos próximos anos.
O avanço dessa etapa é considerado fundamental para garantir que a água do rio São Francisco chegue de forma eficiente, segura e sustentável às cidades do Piauí, especialmente às comunidades rurais e urbanas que ainda convivem com a escassez.
Desenvolvimento regional e mudanças para o semiárido piauiense
A expectativa é que, com a conclusão dos estudos e posterior execução das obras, o novo eixo da transposição do rio São Francisco contribua para a transformação econômica e social do semiárido piauiense.
A garantia do abastecimento regular de água é vista por especialistas como fator determinante para o desenvolvimento regional, viabilizando a expansão da agricultura irrigada, o fortalecimento da pecuária e a melhoria das condições de vida da população.
O investimento em infraestrutura hídrica, especialmente em projetos de transposição como o do rio São Francisco, representa não apenas uma resposta emergencial à seca, mas também um caminho para promover justiça social, sustentabilidade e crescimento econômico em regiões historicamente marginalizadas.
O acompanhamento e fiscalização do EVTEA e das futuras obras serão essenciais para assegurar que os benefícios cheguem a quem mais necessita.
Diante do cenário de escassez hídrica, a pergunta que mobiliza gestores públicos, técnicos e a população é: como garantir que a água do São Francisco, ao chegar ao Piauí, seja realmente fonte de vida e desenvolvimento sustentável para todos?