1. Início
  2. / Indústria
  3. / Do minério ao metal inteligente que movimenta bilhões todos os anos. Descubra como é o processo de fabricação do aço na indústria siderúrgica!
Tempo de leitura 8 min de leitura Comentários 0 comentários

Do minério ao metal inteligente que movimenta bilhões todos os anos. Descubra como é o processo de fabricação do aço na indústria siderúrgica!

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 29/06/2025 às 19:30
aço, ferro, fabricação do aço, minério.
Fonte: IA.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Descubra como o minério de ferro se transforma em aço de alta performance. Entenda as etapas da produção siderúrgica, das matérias-primas à sustentabilidade, em um panorama completo da indústria do aço até chegar na sua casa.

O que é o aço e por que sua produção é essencial?

O aço é uma liga metálica composta principalmente por ferro e pequenas quantidades de carbono, além de outros elementos como manganês, silício, cromo, níquel e vanádio.

O aço está em praticamente tudo no nosso dia a dia. Sua versatilidade, resistência e capacidade de ser moldado o tornam indispensável em setores como construção civil, automotivo, naval, ferroviário e de bens de consumo.

Principais etapas do processo de fabricação do aço

1. Extração e preparação das matérias-primas

Pai e filho sorrindo ao fundo de arte promocional da Shopee para o Dia dos Pais, com produtos e caixas flutuantes em cenário laranja vibrante.
Celebre o Dia dos Pais com ofertas incríveis na Shopee!
Ícone de link VEJA AS OFERTAS!

Tudo começa com a extração das matérias-primas que dão origem ao aço. O principal ingrediente é o minério de ferro, que geralmente é encontrado na natureza nas formas chamadas hematita ou magnetita. Além dele, é utilizado o carvão metalúrgico, que passa por um processo especial em fornos chamados de coqueificação, onde é transformado em coque, uma espécie de combustível rico em carbono. Também entra em cena o calcário, uma rocha que funciona como um “limpador”, ajudando a remover impurezas durante o processo.

Depois de extraídos, esses materiais são triturados, peneirados e transportados até as usinas siderúrgicas, onde tudo começa de fato a se transformar no aço que usamos no nosso dia a dia.

2. Produção do ferro-gusa no alto-forno

Na usina siderúrgica, um dos equipamentos mais importantes é o alto-forno. Ele funciona como um grande forno vertical, onde acontece a transformação do minério de ferro em um metal líquido chamado ferro-gusa. Esse processo acontece graças ao calor gerado pela queima do coque, que também produz um gás chamado monóxido de carbono. Esse gás reage com o minério de ferro e ajuda a separar o ferro puro das outras substâncias.

Como é um Alto-forno. Fonte: IA.
Alto-forno. Fonte: IA.

Durante essa etapa, o calcário também entra em ação. Quando aquecido, ele libera uma substância chamada óxido de cálcio, que ajuda a retirar as impurezas do material.

O resultado é o ferro-gusa líquido, que tem um alto teor de carbono — cerca de 4%. Esse material escorre para o fundo do alto-forno e será a base para a próxima etapa: a produção do aço propriamente dito.

3. Conversão do ferro-gusa em aço

Depois que o ferro-gusa líquido é retirado do alto-forno, ele ainda não pode ser usado diretamente, pois contém muito carbono e outras impurezas, como enxofre e fósforo. Para transformá-lo em aço, ele passa por uma etapa chamada conversão, onde essas impurezas são removidas.

Uma das formas mais usadas no mundo para fazer isso é através do convertedor LD, também conhecido como processo Linz-Donawitz. Nesse método, o ferro-gusa recebe uma injeção de oxigênio puro. Esse oxigênio reage com os elementos indesejados e os elimina, deixando o ferro mais puro e transformando-o em aço. Esse processo é rápido, eficiente e aproveita o próprio calor das reações químicas, sem precisar de muito combustível extra.

Outra maneira muito comum de produzir aço é com o forno elétrico a arco (FEA). Esse método é bastante usado quando o material de origem é sucata metálica, ou seja, aço reciclado. Nesse caso, a fusão acontece por meio de arcos elétricos muito potentes, gerados entre grandes eletrodos de grafite. Esse sistema tem várias vantagens: economiza minério de ferro, permite um controle mais preciso da composição do aço e ainda causa menos impacto ambiental.

Refino secundário: ajustes finais da liga metálica

Depois da conversão do ferro-gusa em aço, o material ainda precisa passar por alguns ajustes importantes antes de ser moldado. Essa fase é chamada de refino secundário, e funciona como um “acabamento” no aço líquido, para garantir que ele tenha exatamente as características desejadas.

Durante esse processo, o aço passa por técnicas especiais para remover gases indesejados, como o oxigênio e o hidrogênio, que podem formar bolhas e enfraquecer o material. Isso é feito por meio da desgaseificação a vácuo, onde o aço é exposto a uma pressão muito baixa para que esses gases saiam.

Além disso, são adicionados elementos químicos chamados elementos de liga, como níquel, cromo ou vanádio, dependendo do tipo de aço que se quer produzir. Esses elementos ajudam a dar propriedades específicas ao aço, como mais resistência, dureza ou flexibilidade. Também é feita a regulação da temperatura para garantir que o material esteja no ponto certo para a próxima etapa.

Duas técnicas muito usadas nesse processo são o RH/OB (Recirculating Heating/Oxygen Bubbling), que mistura o aço com oxigênio para ajudar na limpeza, e o LF (Ladle Furnace), um forno especial que permite o controle fino da composição e temperatura do aço.

Com esses cuidados, o aço atinge a qualidade ideal para ser solidificado e transformado em produtos finais com alto desempenho.

Solidificação: lingotamento contínuo

Com o aço já ajustado e purificado, chega o momento de transformá-lo de líquido para sólido. Esse processo é conhecido como lingotamento contínuo. Nele, o aço líquido é cuidadosamente despejado em moldes feitos de cobre que são resfriados com água. Isso faz com que o aço comece a se solidificar de forma controlada e contínua, enquanto ainda é puxado lentamente para fora do molde.

Esse método traz várias vantagens. Primeiro, evita desperdícios, já que praticamente todo o aço é aproveitado. Além disso, a solidificação controlada garante uma estrutura interna mais uniforme, o que significa um aço mais forte e confiável. Outro benefício é a alta velocidade de produção, o que torna o processo mais eficiente.

Ao final dessa etapa, o aço já está sólido, mas ainda não está na forma final que usamos no nosso dia a dia. Ele sai em blocos chamados semiacabados, que podem ter diferentes formatos, dependendo do que será produzido depois. Existem três principais tipos:

  • A tarrafa (ou slab), que é uma grande placa usada para fazer chapas de aço;
  • A tarrafa quadrada (bloom), usada para fabricar trilhos de trem e grandes vigas de construção;
  • E a tarrafa redonda (billet), que serve para fazer vergalhões e outros produtos longos e finos.

Esses blocos seguem para a próxima etapa: a laminação, onde o aço vai ganhar forma final.

Laminação: transformando o aço em produtos comerciais

Após a solidificação o aço passa por laminação a quente ou a frio.

Laminação a quente

Com o aço já solidificado em blocos semiacabados, é hora de dar forma ao material. Essa etapa é chamada de laminação, e uma das formas mais comuns de realizá-la é através da laminação a quente.

Nesse processo, os blocos de aço são reaquecidos até temperaturas altíssimas — geralmente acima de 1.000 °C —, o que deixa o material mais maleável, ou seja, mais fácil de ser moldado. Em seguida, ele passa por grandes rolos que o achatam e alongam, dando a forma desejada.

A laminação a quente é ideal para criar peças grandes e resistentes. Entre os principais produtos feitos dessa forma estão as chapas grossas, muito usadas na indústria naval e na fabricação de grandes estruturas metálicas; os perfis estruturais, como vigas e colunas usadas em construções; e os trilhos ferroviários, que exigem alta resistência para suportar o peso e o impacto dos trens.

Esse processo transforma o aço bruto em produtos que já começam a se parecer com o que encontramos no nosso dia a dia — e ainda há mais uma etapa para dar acabamento fino e precisão.

Laminação a frio

Depois da laminação a quente, alguns produtos ainda passam por mais uma etapa chamada laminação a frio. Ao contrário da anterior, esse processo é feito em temperatura ambiente, ou seja, sem o reaquecimento do aço. Mesmo sem calor, o material continua sendo moldado por rolos, mas agora com mais pressão e precisão.

Essa técnica é usada para deixar o aço ainda mais resistente e com um acabamento muito mais fino e uniforme. Além disso, o aço laminado a frio costuma ter dimensões mais exatas, o que é essencial para indústrias que exigem alta precisão.

Entre os produtos mais comuns feitos com esse tipo de laminação estão as chapas finas, muito usadas na fabricação de latas, peças industriais e estruturas leves; as bobinas, que são grandes rolos de aço usados principalmente pela indústria automobilística; e as peças utilizadas na produção de eletrodomésticos, como geladeiras, máquinas de lavar e fogões, produtos que exigem beleza, durabilidade e precisão.

Essa etapa finaliza o processo de transformação do aço, deixando o material pronto para ser usado nas mais diversas aplicações do nosso cotidiano.

Tipos de aço produzidos

Tipo de açoComposição principalAplicações
Aço CarbonoFerro + CarbonoConstrução, tubulações
Aço InoxidávelFerro + Cromo (+ Níquel)Utensílios domésticos, equipamentos médicos
Aço LigaFerro + elementos de liga (Mo, V, Mn)Indústria aeronáutica, ferramentas

Controle de qualidade no processo siderúrgico

A qualidade do aço é monitorada em todas as etapas através de:

  • Análise química (espectrometria)
  • Ensaios mecânicos (tração, dureza, impacto)
  • Inspeções não destrutivas (ultrassom, radiografia)

Monitoramento em tempo real por sensores IoT.

Sustentabilidade na produção do aço

A indústria siderúrgica moderna investe em tecnologias para reduzir sua pegada ambiental:

  • Reutilização de escória siderúrgica como matéria-prima para cimento e pavimentação.
  • Captura e reaproveitamento de CO₂ em processos industriais.
  • Eficiência energética com uso de energias renováveis e cogeração.
  • Economia circular: reaproveitamento de sucata e subprodutos.

Nós vimos que a fabricação do aço é um processo complexo, que integra ciência dos materiais, engenharia metalúrgica e inovação sustentável. Com o avanço das tecnologias digitais e pressões ambientais, o setor siderúrgico caminha para um futuro mais eficiente, limpo e alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Você já conhecia o processo de produção do aço?

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x