Com nova fábrica da GE de R$ 430 milhões, Rio de Janeiro dobrará manutenção de motores para 1.200 ao ano e se consolida como polo global da aviação.
O Rio de Janeiro se consolida como um dos centros mais estratégicos da aviação global. A GE Aerospace, por meio de sua subsidiária GE Celma, decidiu ampliar de forma inédita sua presença no estado com um investimento de R$ 430 milhões na construção de uma nova fábrica em Três Rios, a 70 quilômetros de Petrópolis, onde já opera uma das maiores unidades de manutenção, reparo e revisão de motores aeronáuticos do planeta.
A decisão não é casual. Hoje, a planta de Petrópolis revisa cerca de 600 motores por ano, atendendo companhias de diversos continentes. A nova unidade permitirá que o Rio alcance uma capacidade inédita: 1.200 motores revisados anualmente, dobrando sua participação na cadeia global de MRO (Maintenance, Repair and Overhaul). Com isso, o Brasil deixa de ser apenas um player regional para se tornar um polo mundial, apelidado por executivos do setor como a “oficina de motores de avião do mundo”.
A importância do investimento de R$ 430 milhões
O valor anunciado pela GE Aerospace reflete a confiança na estrutura já consolidada no Rio. A planta em Três Rios, prevista para iniciar operações em 2026, terá tecnologia de ponta para lidar com motores de nova geração, como os CFM LEAP e GEnx, utilizados por aeronaves modernas da Boeing e da Airbus.
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Com esse aporte, a GE não apenas aumenta a capacidade, mas também cria cerca de 500 novos empregos diretos e indiretos na região.
Esse efeito multiplicador reforça a relevância econômica da aviação para o estado do Rio de Janeiro, que passa a integrar um seleto grupo de locais do mundo capazes de realizar manutenções complexas em motores de última geração.
GE Aerospace e o papel do Rio na cadeia global
A GE Celma já é reconhecida como uma das maiores unidades de MRO da GE Aerospace fora dos Estados Unidos.
Em Petrópolis, motores de companhias como Ryanair, Azul, Gol, Latam e Lufthansa passam por desmontagem completa, inspeção, substituição de peças e testes de certificação.
Com a chegada da nova unidade em Três Rios, o Rio se posiciona ainda mais fortemente no mapa da aviação mundial.
Enquanto outros países competem para atrair fábricas de montagem, o Brasil conquistou protagonismo em um setor muitas vezes invisível, mas absolutamente vital: a manutenção aeronáutica, responsável por garantir a segurança de milhares de voos diários.
O Rio de Janeiro como polo de MRO
O mercado global de MRO movimenta mais de US$ 80 bilhões por ano e é dominado por grandes hubs nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
A entrada definitiva do Rio de Janeiro nesse circuito global representa um salto de competitividade.
Segundo projeções do setor, a frota mundial de aeronaves comerciais deve crescer cerca de 3% ao ano até 2040, impulsionando a demanda por manutenção.
O Brasil, por sua posição estratégica na América Latina e infraestrutura consolidada, se torna referência para companhias que buscam eficiência e qualidade em revisões de motores.
Por que o Rio foi escolhido?
Especialistas apontam três razões centrais para a decisão da GE:
- Histórico comprovado de excelência em Petrópolis, que já opera como uma das fábricas mais eficientes da rede global da GE.
- Proximidade geográfica e logística, com fácil acesso ao Porto do Rio de Janeiro, ao Aeroporto do Galeão e a rodovias que facilitam o transporte de motores pesados.
- Mão de obra qualificada, formada em parte por centros como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e universidades locais.
Essa combinação garantiu ao estado a confiança necessária para receber um investimento desse porte, em um setor estratégico e altamente competitivo.