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Disputa por território entre Rússia e Ucrânia ganha novo capítulo com a exigência de presidente da Turquia a Putin. O que está em jogo?

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 02/10/2024 às 11:09
Disputa por território entre Rússia e Ucrânia ganha novo capítulo com a exigência de presidente da Turquia a Putin. O que está em jogo?
Foto: DALL-E

Um dos maiores aliados de Putin surpreendeu a todos ao exigir que a Crimeia, território anexada pela Rússia em 2014, seja devolvida à Ucrânia.

Nos últimos dias, uma reviravolta inesperada marcou a disputa por território entre Rússia e Ucrânia. Um dos maiores aliados de Putin, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, surpreendeu a todos ao exigir que a Crimeia, região anexada pela Rússia em 2014, seja devolvida à Ucrânia. A atitude deixou muitos perplexos, afinal, a Turquia tem mantido uma relação amistosa com a Rússia nos últimos anos. Então, por que Erdogan fez essa exigência agora? E como essa movimentação afeta o já complexo cenário geopolítico da guerra entre Rússia e Ucrânia? Vamos entender melhor essa situação.

Anexação da Crimeia e a importância estratégica da península

A Crimeia é uma península localizada na Ucrânia, banhada pelo Mar Negro, e sempre teve um papel estratégico na região. Em 2014, a Rússia, sob a liderança de Putin, anexou a Crimeia, o que gerou uma onda de críticas internacionais. A anexação foi realizada após um referendo organizado pela Rússia, que alegava que a maioria da população local desejava se unir ao país. No entanto, a comunidade internacional, incluindo a ONU, considerou essa manobra como uma violação do direito internacional, já que a Crimeia é reconhecida como território ucraniano.

Desde então, a península tornou-se um ponto crítico na relação entre a Rússia e a Ucrânia. Para Putin, a Crimeia tem um valor imenso, tanto militar quanto econômico. A península oferece à Rússia uma base naval estratégica no Mar Negro, além de garantir acesso a rotas comerciais importantes. Devolver a Crimeia seria um golpe gigantesco para Putin, tanto no cenário interno quanto no global.

A surpreendente exigência de Erdogan: o que está por trás?

A exigência de Erdogan para que Putin devolva a Crimeia à Ucrânia causou surpresa, principalmente porque a Turquia manteve boas relações com a Rússia nos últimos anos. Erdogan, conhecido por sua habilidade em equilibrar interesses internacionais, sempre soube “jogar dos dois lados”. A Turquia é membro da OTAN, uma aliança militar ocidental que Putin considera uma ameaça. Ao mesmo tempo, Erdogan mantém acordos comerciais com a Rússia, como a construção de uma usina nuclear em parceria e o fornecimento de gás natural.

No entanto, o presidente turco sempre deixou claro que nunca reconheceu a anexação da Crimeia pela Rússia. O que torna esse momento tão interessante é o contexto em que a guerra entre Rússia e Ucrânia está se intensificando, e Erdogan decide reforçar seu apoio à Ucrânia. Isso levanta a questão: por que Erdogan está fazendo essa exigência agora?

O papel dos tártaros da Crimeia e a jogada política de Erdogan

Uma possível explicação para o apoio renovado de Erdogan à Ucrânia está na relação histórica entre a Turquia e os tártaros da Crimeia. Esse grupo étnico tem uma longa história com a Turquia, e desde que a Rússia tomou o controle da Crimeia, os tártaros têm enfrentado perseguições. Erdogan, ao declarar que os tártaros devem viver em paz e segurança em sua terra natal, envia um recado claro a Putin e ao mundo: ele está se posicionando como um defensor dos direitos humanos.

Essa é uma jogada inteligente de Erdogan para ganhar apoio internacional. Ao defender os tártaros, ele fortalece sua imagem de líder preocupado com os direitos humanos, algo que pode melhorar sua relação com o Ocidente, especialmente com os Estados Unidos e a União Europeia. No entanto, é difícil acreditar que Putin simplesmente abriria mão da Crimeia, dada sua importância estratégica para a Rússia.

A relação delicada entre Rússia e Turquia

Apesar das aparências de uma amizade sólida, a relação entre Erdogan e Putin tem suas complicações. Nos últimos anos, a Turquia se manteve em uma posição única, evitando impor sanções à Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022, mas ao mesmo tempo, fornecendo drones militares para o governo ucraniano. Erdogan tem se mostrado um verdadeiro mestre em manter um equilíbrio entre os dois lados do conflito.

Essa postura ambígua de Erdogan levanta a pergunta: será que ele está apenas jogando para ganhar pontos com o Ocidente, especialmente com a OTAN, ou há algo mais nessa jogada política? A resposta pode estar na tentativa de Erdogan de colocar a Turquia em uma posição ainda mais influente no cenário geopolítico global, especialmente enquanto a guerra na Ucrânia continua.

A Rússia devolveria a Crimeia?

A questão que permanece é: Putin realmente consideraria devolver a Crimeia à Ucrânia? A resposta mais provável é que não. A península é vital para a Rússia em termos militares e econômicos, e abrir mão desse território seria visto como um sinal de fraqueza, algo que Putin dificilmente aceitaria.

No entanto, ao exigir a devolução da Crimeia, Erdogan não está apenas desafiando Putin, mas também mostrando ao Ocidente que a Turquia está “do lado certo da história”. Essa postura pode fortalecer a posição da Turquia dentro da OTAN e melhorar suas relações com os países ocidentais, ao mesmo tempo em que mantém sua relevância como mediadora no conflito entre Rússia e Ucrânia.

O futuro das relações entre Rússia, Turquia e Ucrânia

À medida que a guerra entre Rússia e Ucrânia se intensifica, a posição da Turquia se torna cada vez mais delicada. Se Erdogan continuar pressionando Putin sobre a Crimeia, a relação entre os dois países pode se deteriorar ainda mais. No entanto, o presidente da Turquia é conhecido por sua habilidade em jogar em ambos os lados e, por enquanto, continua a manter acordos estratégicos com a Rússia, ao mesmo tempo em que se aproxima do Ocidente.

O futuro das relações entre Rússia, Turquia e Ucrânia ainda é incerto, mas uma coisa é clara: Erdogan está jogando um jogo de xadrez geopolítico de altíssimo nível. Ao exigir a devolução da Crimeia, ele se coloca como defensor dos tártaros e dos direitos humanos, enquanto equilibra seus laços comerciais e estratégicos com a Rússia. Resta saber como Putin reagirá a essa nova pressão e se a relação entre os dois países será afetada de forma mais drástica.

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Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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