Entenda como o Brasil busca um modelo de geração sustentável, equilibrando energia solar e eólica com justiça social e eficiência econômica.
A busca por um modelo de geração sustentável tem se tornado, portanto, um dos principais temas no setor energético brasileiro.
Nos últimos anos, o país passou por mudanças significativas na matriz energética, sobretudo com o crescimento de fontes renováveis, especialmente a energia solar e eólica.
No entanto, especialistas ainda enfrentam, de fato, o desafio de equilibrar sustentabilidade, eficiência e economia, como aponta Francisco Silva, diretor técnico regulatório da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
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Historicamente, o Brasil sempre dependeu fortemente de hidrelétricas, que, durante décadas, se mantiveram como a principal fonte de energia do país.
De um lado, o sistema hidrelétrico brasileiro se destacou por fornecer energia limpa e de baixo custo; de outro, também revelou vulnerabilidades, especialmente em períodos de seca, quando os reservatórios não conseguem abastecer plenamente.
Por isso, essas limitações abriram espaço para o desenvolvimento de outras fontes de energia renovável, como a solar e a eólica, que vêm se expandindo rapidamente na última década.
Além disso, a energia solar e eólica, embora promissoras, apresentam características próprias que desafiam o conceito de um modelo de geração sustentável.
Por exemplo, o vento não sopra sempre da mesma forma, e o sol só gera energia durante o dia, com maior intensidade em determinados horários.
Ademais, a tecnologia necessária para capturar e distribuir essa energia ainda evolui constantemente.
Assim, sistemas de armazenamento, como baterias e usinas híbridas, se tornam cada vez mais relevantes para garantir que a energia chegue aos horários de maior demanda.
Portanto, esses avanços tecnológicos são essenciais para consolidar um modelo de geração sustentável no Brasil.
O desafio da intermitência e do consumo equilibrado
Nem sempre a produção dessas fontes coincide com os momentos de maior demanda.
Por isso, é preciso criar soluções que tornem o modelo eficiente e equilibrado, garantindo, consequentemente, que a energia produzida seja aproveitada de forma sustentável.
Francisco Silva, inclusive, destaca que o sistema atual de geração não considera adequadamente os horários em que a energia se torna mais barata.
Além disso, o modelo incentiva a instalação de painéis solares apenas para quem pode investir, criando subsídios que nem sempre beneficiam todos os consumidores de forma justa.
Além disso, créditos de energia surgem em horários de baixa demanda, mas muitas vezes são utilizados quando o custo da energia está mais alto, desequilibrando o sistema.
Portanto, esse cenário evidencia a necessidade de reformular o modelo de geração sustentável, integrando melhor a produção e o consumo de energia renovável.
Até setembro deste ano, os subsídios para energia solar residencial atingiram cerca de 12 bilhões de reais.
Além disso, grandes empresas também aproveitam esses incentivos para reduzir custos em data centers e operações industriais; no entanto, no fim, o custo da energia recai sobre quem não possui geração própria.
Ademais, a expansão da geração distribuída exige atenção à rede elétrica.
Portanto, é necessário adaptar a infraestrutura para evitar sobrecargas, quedas de tensão e interrupções no fornecimento.
Sem esse planejamento, mesmo um modelo baseado em fontes renováveis pode enfrentar problemas de eficiência, comprometendo a sustentabilidade do sistema.
Lições históricas e regulação necessária
Ao longo da história da energia no Brasil, cada mudança na matriz energética trouxe desafios regulatórios e técnicos.
Por exemplo, a expansão das hidrelétricas exigiu grandes investimentos em infraestrutura e adaptações ambientais.
Do mesmo modo, o crescimento da energia solar e eólica requer ajustes regulatórios que integrem essas fontes de forma eficiente ao sistema elétrico nacional.
Assim, surge a discussão sobre como tornar o modelo de geração sustentável mais equilibrado, incentivando não apenas a produção de energia, mas também o consumo consciente e planejado.
Além disso, especialistas apontam que mecanismos de armazenamento de energia ajudam a deslocar a produção para horários de maior demanda, equilibrando o sistema e valorizando a energia gerada nos momentos mais necessários.
Ademais, políticas públicas que ampliem o acesso à geração própria, principalmente para consumidores de menor poder aquisitivo, podem distribuir melhor os benefícios da energia renovável.
Do mesmo modo, o avanço da comercialização de energia entre consumidores, empresas e produtores independentes contribui para um modelo de geração sustentável mais eficiente.
Por meio de plataformas digitais e sistemas de gestão de energia, é possível compartilhar o excedente produzido, promovendo economia colaborativa no setor elétrico.
Educação e conscientização do consumidor
A educação do consumidor é outro ponto crucial.
Para que o modelo de geração sustentável funcione plenamente, é necessário que as pessoas entendam os impactos do consumo em horários de pico e aprendam a ajustar seu uso conforme as demandas do sistema.
Dessa forma, a conscientização reduz desperdícios e aumenta a eficiência da energia gerada, fortalecendo a sustentabilidade do modelo.
Além disso, o Brasil possui condições naturais favoráveis para um modelo energético baseado em renováveis.
Com abundância de vento em várias regiões e alta incidência solar, o país tem potencial para se tornar referência mundial em energia limpa.
No entanto, sem ajustes regulatórios e incentivos que equilibrem produção e consumo, a expansão dessas fontes pode não atingir todo seu potencial sustentável.
Por isso, o envolvimento da sociedade também se mostra essencial.
Assim, programas de educação, campanhas de conscientização e incentivos econômicos podem motivar famílias e empresas a adotar hábitos mais sustentáveis, alinhando o consumo de energia com os objetivos ambientais do país.
Caminhos para consolidar o modelo sustentável
O desafio apontado por Francisco Silva e outros especialistas não se limita à tecnologia ou à disponibilidade de recursos.
Portanto, tornar o modelo de geração sustentável envolve planejamento estratégico, regulação adequada e engajamento coletivo.
O equilíbrio entre produção, consumo e subsídios garante que o sistema elétrico brasileiro funcione de forma eficiente, justa e ambientalmente responsável.
Assim, é fundamental que o debate sobre o modelo de geração sustentável continue, reunindo governos, empresas, consumidores e especialistas.
Somente com ações coordenadas será possível criar um sistema de energia que atenda à crescente demanda sem comprometer o futuro ambiental, econômico e social do país.
A trajetória do Brasil rumo a um modelo de geração sustentável ainda se constrói, mas os sinais são positivos.
Portanto, a ampliação da energia solar e eólica, combinada com políticas inteligentes e regulação adequada, pode consolidar o país como referência em energia limpa.
Esse caminho exige esforço conjunto, inovação e comprometimento, mas gera benefícios duradouros para toda a sociedade.