Mistura de diesel e biodiesel deve atingir novo recorde no país, impulsionada pelo agronegócio e pela atividade industrial
O consumo de diesel B, mistura entre diesel A e biodiesel, deve atingir novo recorde histórico em 2025, conforme projeção da StoneX, empresa global de serviços financeiros.
A estimativa, divulgada em outubro de 2025, indica um crescimento anual de 2,7%, totalizando 69,1 milhões de metros cúbicos do combustível.
Essa alta, impulsionada pelo transporte de insumos agrícolas durante o plantio da soja, reforça o papel estratégico do setor agropecuário no consumo nacional.
Demanda em ritmo acelerado impulsionada pelo campo
De acordo com Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o desempenho do diesel B em 2025 confirma sua forte ligação com a dinâmica rural.
Ele destacou que, mesmo com oscilações pontuais, a demanda deve encerrar o ano em alta, sustentada por uma safra robusta e leve expansão da atividade industrial.
Além disso, a intensificação do transporte de grãos e fertilizantes ao longo dos meses de setembro a dezembro deve consolidar o recorde anual de consumo.
Por outro lado, para 2026, as projeções seguem positivas, embora com ritmo de crescimento mais moderado.
O aumento esperado da produção de soja e milho, aliado à expansão industrial regional, tende a elevar o fluxo de caminhões pesados nas rodovias.
O volume crescente de exportações deve reforçar o movimento logístico nacional.
Portanto, o transporte contínuo de cargas deverá manter o consumo de diesel B elevado nos próximos anos.
-
Bilhões de barris verdes: estudo revela que pastos degradados podem transformar o Brasil em potência dos biocombustíveis
-
Cedro Mineração e Gás Verde lançam projeto-piloto de descarbonização: substituição do diesel por GNV na logística de minério de ferro em Minas Gerais
-
GWM fecha parceria com IPT para testar caminhões movidos a hidrogênio verde no Brasil e impulsionar inovação sustentável na mobilidade pesada
-
Biocombustíveis da floresta, como açaí e babaçu, desafiam o petróleo e se consolidam como alternativa limpa e viável no Pará
Projeções econômicas e possíveis incertezas
Enquanto isso, o Banco Central do Brasil, em seu boletim de setembro de 2025, projeta um crescimento econômico mais contido, próximo de 1,5% ao ano.
Já para 2025, as estimativas variam entre 2,0% e 2,2%, indicando estabilidade moderada no desempenho econômico.
Entretanto, permanecem incertezas quanto aos efeitos da política tarifária dos Estados Unidos sobre setores produtivos brasileiros.
Há também a possibilidade de desaceleração da economia global, o que pode afetar as exportações nacionais.
Diante desse contexto, a StoneX prevê que as vendas de diesel B devem subir 1,9% em 2026, alcançando cerca de 70,4 milhões de metros cúbicos.
O avanço, porém, deve ocorrer em ritmo mais lento do que em 2025, refletindo uma combinação de crescimento interno gradual e desafios externos.
Esses fatores podem influenciar diretamente a demanda por combustíveis em todo o país.
Cenários para o diesel A e a mistura de biocombustível
No caso do diesel A, o desempenho dependerá do volume de diesel B comercializado e da mistura de biodiesel adotada em 2026.
Segundo a Lei do Combustível do Futuro, a proporção de biocombustível deve aumentar 1 ponto percentual por ano até 2030.
Com isso, o percentual deve alcançar 20% ao final do ciclo.
Contudo, em 2025, houve atrasos na implementação do B15, devido às discussões sobre o impacto da alta do óleo de soja nos preços internos.
Esse fator também elevou o custo do produto final e influenciou o ritmo de adoção da mistura.
Assim, a StoneX elaborou dois cenários possíveis para o próximo ano.
- Cenário 1: Manutenção do B15 (15% de biodiesel) durante todo o ano.
O resultado seria um consumo de 59,9 milhões de m³ de diesel A, alta de 1,2% frente a 2025. - Cenário 2: Adoção do B16 (16% de biodiesel) a partir de março.
Isso reduziria a participação do combustível fóssil para 84%, com demanda de 59,3 milhões de m³ e crescimento de 0,2%.
Ainda assim, outros cenários para o B16 seguem em avaliação pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O órgão deve definir a proporção final no início de 2026.
Perspectiva otimista e relevância do biocombustível
Apesar das incertezas, o setor segue otimista quanto à consolidação do biodiesel como pilar energético nacional.
A StoneX, referência em inteligência de mercado desde 1924, reforça que a integração entre campo, indústria e exportações sustentará o consumo elevado de diesel B.
Esse alinhamento fortalece a cadeia produtiva e o papel do biocombustível na economia brasileira.
Portanto, mesmo com possíveis ajustes na economia global e nas políticas de mistura, o Brasil deve encerrar 2025 com o maior consumo de diesel B da história.
O país se consolida, assim, como líder regional na adoção de biocombustíveis sustentáveis.