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Descubra como os estaleiros brasileiros influenciam o mercado

Escrito por Adalberto Schwartz
Publicado em 12/06/2025 às 16:00
Estaleiro brasileiro com navio cargueiro azul e guindastes amarelos ao fundo.
Navio em construção em estaleiro brasileiro com guindastes e estrutura industrial ao redor.

Conheça a importância dos estaleiros brasileiros, desde suas raízes históricas até seu impacto atual na economia, na geração de empregos e no desenvolvimento estratégico do país.

Os estaleiros brasileiros exercem um papel fundamental no desenvolvimento da indústria naval e na economia nacional.

Além disso, muito além da simples construção de navios, eles representam a força da mão de obra especializada, o avanço tecnológico e o potencial estratégico do Brasil no cenário marítimo mundial.

Por isso, compreender essa influência ajuda a enxergar o quanto esse setor impacta o mercado de forma ampla, dinâmica e contínua, afetando desde o transporte de cargas até a defesa nacional.

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O setor naval movimenta uma cadeia produtiva diversificada, que vai desde a produção de aço até a engenharia especializada.

Por essa razão, o desenvolvimento dos estaleiros relaciona-se diretamente à prosperidade e à inovação do país, assim como simboliza a autonomia brasileira em relação a embarcações estratégicas.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria naval representava, em 2022, cerca de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro, reforçando sua importância econômica.

As origens da construção naval no Brasil

Infográfico com linha do tempo ilustrando as origens da construção naval no Brasil, com ícones representando marcos históricos dos séculos XVI ao XIX.

A construção naval no Brasil tem raízes que remontam ao período colonial, no século XVI, quando os portugueses estabeleceram os primeiros estaleiros rudimentares para fabricar embarcações destinadas à exploração e proteção das rotas marítimas.

Conforme explica o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), esses primeiros estaleiros foram fundamentais para a fixação dos portugueses no território e para a defesa das possessões coloniais.

Inicialmente, as regiões do Nordeste e Sudeste ganharam os primeiros espaços para construção naval, aproveitando a abundância de madeiras nativas.

As embarcações construídas naquela época eram adequadas para a navegação costeira e fluvial.

No século XIX, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808, ocorreu a abertura dos portos brasileiros.

Segundo o IHGB, esse evento foi um divisor de águas para o desenvolvimento econômico e industrial, incluindo a construção naval.

Dessa forma, os estaleiros passaram a fabricar embarcações maiores e mais resistentes, como corvetas e fragatas da Marinha Imperial Brasileira, aumentando a capacidade de defesa do país.

Durante o governo de Getúlio Vargas (1930–1945; 1951–1954), o país viveu uma forte fase de industrialização.

Nesse contexto, a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941, representou um marco para o setor naval.

Segundo o Ministério da Economia, a CSN passou a suprir os estaleiros com aço produzido internamente, diminuindo a dependência de importações e fortalecendo a indústria nacional.

Além disso, políticas públicas daquele período incentivaram a criação de estaleiros maiores e mais tecnificados, como o Estaleiro Atlântico Sul, fundado em 1954, no Rio de Janeiro.

A Era Vargas e a expansão do setor naval

Na década de 1960, o Brasil adotou uma postura estratégica para fortalecer o setor naval.

De acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), esse período foi marcado pelo aumento da produção de embarcações nacionais, visando garantir autonomia estratégica, estimular a economia e gerar empregos.

O Fundo da Marinha Mercante (FMM), criado em 1958, financiou a construção e modernização das embarcações, tornando os estaleiros mais competitivos.

Dados da Associação Brasileira da Indústria Naval (ABIN) indicam que entre as décadas de 1970 e 1980, o Brasil chegou a ser o segundo maior produtor mundial de navios, atrás apenas do Japão.

Nesse auge, estaleiros como Verolme, Mauá e Ishikawajima construíram embarcações para exportação, fortalecendo a indústria naval brasileira e sua presença internacional.

Esse sucesso deveu-se a uma combinação de políticas protecionistas, forte demanda por navios petroleiros devido à exploração do petróleo offshore e à aposta do governo na substituição de importações.

Também nesse período, a cadeia produtiva se consolidou, incluindo fornecedores de aço, equipamentos e tecnologia.

O Rio de Janeiro, São Paulo e o Sul do Brasil se destacaram como polos navais. Por isso, o setor naval se tornou símbolo de progresso nacional.

Crises e retomadas no setor naval

Infográfico com linha do tempo ilustrando as crises e retomadas do setor naval brasileiro entre a década de 1990 e os dias atuais, com ícones representando falências, investimentos no pré-sal e geração de empregos.

Apesar do sucesso, a indústria naval brasileira enfrentou severas crises na década de 1990.

Conforme relatório do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a abertura econômica do Plano Real em 1994, combinada à falta de políticas públicas específicas para o setor, levou muitos estaleiros à falência.

O setor não conseguiu competir com a indústria asiática, sobretudo chinesa e sul-coreana, que ofereciam custos menores e alta escala produtiva.

No entanto, a partir dos anos 2000, houve uma recuperação significativa, impulsionada principalmente pelos investimentos da Petrobras no boom do pré-sal.

O Plano Nacional de Energia 2030, do Ministério de Minas e Energia, destaca que essa demanda criou necessidade urgente por navios de apoio, plataformas e sondas.

Consequentemente, estaleiros como o Atlântico Sul passaram por modernização.

Enquanto novos polos navais surgiram em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, trazendo milhares de empregos e revitalizando economias locais.

Além do impacto econômico, esses investimentos garantiram capacidade brasileira para construir embarcações estratégicas, reforçando a soberania nacional.

Desafios e perspectivas para o futuro

Infográfico com quatro blocos destacando os principais desafios e perspectivas da indústria naval brasileira: modernização tecnológica, custos elevados, formação de mão de obra qualificada e diversificação das embarcações.

Atualmente, os estaleiros brasileiros continuam sendo grandes empregadores, especialmente em cidades que cresceram ao redor dos polos navais, como Niterói, Rio Grande e Ipojuca.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o setor gera milhares de empregos diretos e indiretos nessas regiões.

Porém, o setor enfrenta desafios para manter sua competitividade global.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) destaca que os custos elevados de produção, a burocracia e a instabilidade econômica dificultam a atração de investimentos.

Além disso, há necessidade urgente de modernização tecnológica, com foco em automação, inovação e sustentabilidade, para acompanhar os padrões internacionais cada vez mais exigentes.

Assim, para crescer, o país precisa investir na formação técnica e profissional, garantindo uma mão de obra qualificada e atualizada.

Também, a diversificação das embarcações produzidas, com atenção ao transporte de cargas variadas e ao turismo marítimo, pode reduzir a dependência do setor do petróleo e gás.

Políticas públicas estáveis, incentivos fiscais claros, retomada do Fundo da Marinha Mercante e simplificação de processos são medidas para dar segurança jurídica e atrair investimentos.

Da mesma forma, a inserção do Brasil em tratados comerciais internacionais pode abrir portas para novos mercados, conforme indicam especialistas em comércio exterior.

Estaleiros brasileiros e a sustentabilidade

Em um contexto global preocupado com o meio ambiente, os estaleiros brasileiros têm a oportunidade de se posicionar na vanguarda da construção naval sustentável.

Segundo a Associação Brasileira de Engenharia Naval (ABENAV), tecnologias como navios movidos a gás natural, sistemas de reaproveitamento energético e o uso de materiais menos poluentes estão em crescimento.

Adotar essas práticas não só atende às demandas ambientais, mas também torna os estaleiros mais competitivos, atraindo clientes que valorizam a responsabilidade ambiental.

Além disso, a inovação nessa área contribui para o desenvolvimento de uma indústria naval moderna e preparada para os desafios do futuro.

Portanto, os estaleiros brasileiros são muito mais do que simples locais de construção de navios. Eles compõem a história econômica, industrial e estratégica do país.

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Como o BRASIL fabricava os MAIORES NAVIOS DO MUNDO? | História Ibérica

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Adalberto Schwartz

Adalberto Schwartz é engenheiro de energia e analista técnico com mais de 20 anos de experiência no setor de petróleo, gás, energias renováveis e infraestrutura energética. Formado em Engenharia de Energia em 2003, com especialização em transição energética e exploração offshore, construiu uma carreira sólida atuando em projetos de usinas, plataformas e soluções de baixo carbono. Desde 2015, atua como comunicador técnico, produzindo conteúdos jornalísticos e análises aprofundadas sobre o cenário energético global. Seus textos unem racionalidade técnica, dados confiáveis e linguagem acessível, sendo referência para profissionais do setor, investidores e interessados em geopolítica da energia.

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