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Desconto russo, lucro indiano: o petróleo que irritou Washington

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 10/08/2025 às 23:08
Refinaria da Reliance na Índia com bandeira dos EUA ao fundo, simbolizando lucros com petróleo russo e tensões comerciais
Refinaria da Reliance na Índia, principal beneficiária do petróleo russo com desconto, em meio a atritos comerciais com os Estados Unidos.
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Entenda como as compras de petróleo barato da Rússia impulsionaram os lucros da Reliance e acirraram tensões comerciais com os Estados Unidos

Desde fevereiro de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Índia passou a importar petróleo bruto russo com descontos significativos. Com isso, refinarias locais, como a Reliance Industries, presidida por Mukesh Ambani, ampliaram seus ganhos. Ao mesmo tempo, essa estratégia colocou Nova Déli no centro de uma disputa comercial com os Estados Unidos.

Segundo a consultoria Energy Aspects, entre 2022 e 2025, as refinarias indianas obtiveram US$ 16 bilhões em lucros extras com essas compras. Desses valores, cerca de US$ 6 bilhões foram diretamente para a Reliance, que opera o maior complexo de refino do mundo, em Jamnagar.

Ganhos bilionários com petróleo russo

Antes da guerra, a Índia importava pouco petróleo russo por via marítima. No entanto, dados oficiais mostram que, desde então, o país adquiriu cerca de US$ 140 bilhões em petróleo com desconto. Assim, essas compras sustentaram não apenas a produção interna, mas também as exportações.

De acordo com a Energy Aspects, o desconto médio chegou a US$ 11 por barril no período. Porém, atualmente, essa diferença caiu para cerca de US$ 2, sem considerar os custos de transporte.

Washington reage com tarifas elevadas

Em agosto de 2025, o presidente Donald Trump acusou a Índia de financiar a guerra russa e dobrou as tarifas sobre produtos indianos para 50%. Essa decisão, entretanto, foi recebida com surpresa por autoridades indianas, que reforçaram que o petróleo russo não está sujeito a sanções diretas.

Além disso, afirmaram que os Estados Unidos haviam aceitado essas compras desde que respeitassem o teto de US$ 60 por barril, estabelecido pelo G7 para limitar as receitas de Moscou. Portanto, a mudança de postura de Washington gerou forte tensão diplomática.

Contratos de longo prazo reforçam posição da Reliance

Em dezembro de 2024, a Reliance assinou um contrato de 10 anos com a estatal russa Rosneft, garantindo o fornecimento de 500 mil barris diários. Logo depois, o volume médio em 2025 subiu para 700 mil barris diários, frente aos 400 mil de 2024.

Com esse aumento, as receitas da empresa saltaram de US$ 57,2 bilhões em 2021-22 para US$ 71,7 bilhões em 2024-25. Ainda assim, a companhia afirma que o petróleo russo representa apenas 30% do total processado e que os lucros dependem também do preço dos derivados.

Europa impõe restrições e Índia avalia impactos

Em julho de 2025, a União Europeia anunciou que, a partir de janeiro de 2026, irá restringir produtos derivados de petróleo russo refinados em países terceiros. Essa medida segue sanções aplicadas à Nayara Energy, que mantém vínculos diretos com a Rosneft.

De acordo com o analista Isaac Levi, do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, esse comércio representa uma “brecha gritante” nas sanções. Ao mesmo tempo, a Reliance declarou possuir uma base de clientes diversificada e disse já comprar petróleo suficiente de outros fornecedores para atender a Europa.

Por outro lado, a consultoria Kpler apontou que a demanda indiana por petróleo russo caiu, especialmente entre refinarias estatais, enquanto empresas privadas desaceleram as compras.

Mercado interno e lucros das refinarias

O governo indiano utiliza o petróleo russo mais barato para reduzir custos com subsídios e manter a competitividade das refinarias. Dessa forma, em março de 2022, o barril custava US$ 112,87 no país; já em agosto de 2025, o preço havia caído para US$ 71,17.

Entretanto, o valor da gasolina em Nova Déli recuou apenas 7% no período, chegando a ₹ 94,41. Ainda assim, entre 2022-23 e 2024-25, os dividendos das principais refinarias estatais cresceram 255%, alcançando quase US$ 1 bilhão.

O que você acha que deve ser prioridade para a Índia: manter os contratos com a Rússia para garantir preços baixos e lucros ou reduzir a dependência para evitar tensões comerciais com o Ocidente?

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Ucuz Sanal Sunucu
11/08/2025 00:43

sitenizi takip ediyorum makaleler Faydalı bilgiler için teşekkürler

Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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