Entenda como as compras de petróleo barato da Rússia impulsionaram os lucros da Reliance e acirraram tensões comerciais com os Estados Unidos
Desde fevereiro de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Índia passou a importar petróleo bruto russo com descontos significativos. Com isso, refinarias locais, como a Reliance Industries, presidida por Mukesh Ambani, ampliaram seus ganhos. Ao mesmo tempo, essa estratégia colocou Nova Déli no centro de uma disputa comercial com os Estados Unidos.
Segundo a consultoria Energy Aspects, entre 2022 e 2025, as refinarias indianas obtiveram US$ 16 bilhões em lucros extras com essas compras. Desses valores, cerca de US$ 6 bilhões foram diretamente para a Reliance, que opera o maior complexo de refino do mundo, em Jamnagar.
Ganhos bilionários com petróleo russo
Antes da guerra, a Índia importava pouco petróleo russo por via marítima. No entanto, dados oficiais mostram que, desde então, o país adquiriu cerca de US$ 140 bilhões em petróleo com desconto. Assim, essas compras sustentaram não apenas a produção interna, mas também as exportações.
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De acordo com a Energy Aspects, o desconto médio chegou a US$ 11 por barril no período. Porém, atualmente, essa diferença caiu para cerca de US$ 2, sem considerar os custos de transporte.
Washington reage com tarifas elevadas
Em agosto de 2025, o presidente Donald Trump acusou a Índia de financiar a guerra russa e dobrou as tarifas sobre produtos indianos para 50%. Essa decisão, entretanto, foi recebida com surpresa por autoridades indianas, que reforçaram que o petróleo russo não está sujeito a sanções diretas.
Além disso, afirmaram que os Estados Unidos haviam aceitado essas compras desde que respeitassem o teto de US$ 60 por barril, estabelecido pelo G7 para limitar as receitas de Moscou. Portanto, a mudança de postura de Washington gerou forte tensão diplomática.
Contratos de longo prazo reforçam posição da Reliance
Em dezembro de 2024, a Reliance assinou um contrato de 10 anos com a estatal russa Rosneft, garantindo o fornecimento de 500 mil barris diários. Logo depois, o volume médio em 2025 subiu para 700 mil barris diários, frente aos 400 mil de 2024.
Com esse aumento, as receitas da empresa saltaram de US$ 57,2 bilhões em 2021-22 para US$ 71,7 bilhões em 2024-25. Ainda assim, a companhia afirma que o petróleo russo representa apenas 30% do total processado e que os lucros dependem também do preço dos derivados.
Europa impõe restrições e Índia avalia impactos
Em julho de 2025, a União Europeia anunciou que, a partir de janeiro de 2026, irá restringir produtos derivados de petróleo russo refinados em países terceiros. Essa medida segue sanções aplicadas à Nayara Energy, que mantém vínculos diretos com a Rosneft.
De acordo com o analista Isaac Levi, do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, esse comércio representa uma “brecha gritante” nas sanções. Ao mesmo tempo, a Reliance declarou possuir uma base de clientes diversificada e disse já comprar petróleo suficiente de outros fornecedores para atender a Europa.
Por outro lado, a consultoria Kpler apontou que a demanda indiana por petróleo russo caiu, especialmente entre refinarias estatais, enquanto empresas privadas desaceleram as compras.
Mercado interno e lucros das refinarias
O governo indiano utiliza o petróleo russo mais barato para reduzir custos com subsídios e manter a competitividade das refinarias. Dessa forma, em março de 2022, o barril custava US$ 112,87 no país; já em agosto de 2025, o preço havia caído para US$ 71,17.
Entretanto, o valor da gasolina em Nova Déli recuou apenas 7% no período, chegando a ₹ 94,41. Ainda assim, entre 2022-23 e 2024-25, os dividendos das principais refinarias estatais cresceram 255%, alcançando quase US$ 1 bilhão.
O que você acha que deve ser prioridade para a Índia: manter os contratos com a Rússia para garantir preços baixos e lucros ou reduzir a dependência para evitar tensões comerciais com o Ocidente?
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