Arqueólogos encontraram no vale do Supe a cidade de Peñico, construída pela civilização Caral, considerada a mais antiga das Américas e marcada por paz e cultura em vez de guerras.
Uma descoberta no deserto do Peru está transformando a compreensão sobre as origens das civilizações nas Américas. Em julho deste ano, a arqueóloga Ruth Shady revelou a existência da cidade de Peñico, erguida há quase 4 mil anos pela civilização Caral, considerada anterior a impérios como os incas, maias e astecas.
De acordo com o portal Xataka, a nova cidade foi localizada a apenas 11 km do sítio arqueológico de Caral, e fornece pistas inéditas sobre como um povo antigo sobreviveu a mudanças climáticas, manteve sua cultura viva e se organizou sem registros de guerras ou muralhas defensivas.
Peñico: uma cidade soterrada pelo tempo
Peñico permaneceu escondida durante séculos sob a areia do vale do Supe, a quatro horas de Lima. As escavações mostraram templos, casas e objetos preservados que comprovam a força de uma sociedade estruturada e resiliente.
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O mais impressionante é que, ao contrário de outras civilizações antigas marcadas por disputas militares, não foram encontradas armas nem sinais de fortificações.
O que prevalece são elementos ligados à arte, à religião e ao convívio comunitário. Isso sugere que a civilização Caral conseguiu prosperar por meio da cooperação, mesmo enfrentando longos períodos de seca.
O legado da civilização Caral
Antes de incas, maias e astecas, o povo Caral já havia consolidado sua presença no litoral árido do Peru entre 3.000 a.C. e 1.800 a.C.
A localização estratégica, próxima ao Pacífico e a terras férteis dos Andes, permitia a integração de várias cidades conectadas pelo comércio e pela troca cultural.
As escavações em Caral e agora em Peñico revelam anfiteatros, praças circulares e instrumentos musicais, como flautas feitas de ossos de aves, que reforçam a centralidade da música e dos rituais religiosos na vida social.
Esse traço cultural contrasta com as dinâmicas militaristas que marcaram civilizações posteriores.
Um modelo de sociedade pacífica
Para Ruth Shady, responsável pelas pesquisas desde 1994, o caso de Peñico ensina que era possível enfrentar crises climáticas sem recorrer à violência.
A migração para fundar a cidade ocorreu em resposta a uma seca prolongada, mas em vez de guerras por recursos, a população buscou alternativas de sobrevivência e reorganização social.
Esse aspecto faz da civilização Caral um exemplo raro: um povo que priorizou cultura, religião e ciência, resistindo por séculos sem deixar registros de batalhas.
Para os arqueólogos, trata-se de um modelo de organização que ainda inspira reflexões no presente.
Turismo arqueológico e valorização local
Atualmente, tanto Caral quanto Peñico estão abertos à visitação. Guias locais, treinados pela equipe de pesquisadores, acompanham os visitantes, explicando detalhes sobre religião, agricultura, astronomia e política da época.
Passear entre as pirâmides de barro e as praças circulares é, segundo relatos, como retornar milhares de anos no tempo.
Além de fortalecer a identidade cultural peruana, a descoberta também impulsiona o turismo sustentável na região, beneficiando as comunidades locais e promovendo a preservação do patrimônio histórico.
A descoberta no deserto do Peru vai além da arqueologia: revela que há quatro mil anos uma sociedade conseguiu prosperar sem guerra, valorizando cultura e cooperação.
Peñico e Caral não apenas ampliam o conhecimento histórico, mas também levantam questionamentos sobre os caminhos que as sociedades modernas seguem diante de crises globais.
E você, acredita que a civilização Caral pode ser um exemplo de como enfrentar desafios atuais sem violência? Acha que o mundo moderno tem algo a aprender com esse povo do passado? Deixe sua opinião nos comentários — sua visão pode enriquecer esse debate histórico.