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Histórico: pesquisadores localizam o lendário ‘navio fantasma’ F.J. King, perdido em 1886 e buscado por 140 anos

Publicado em 18/09/2025 às 20:25
Naufrágio, Navio Fantasma
Esta visão de um modelo 3D do FJ King mostra os danos na proa do navio quando ele atingiu o fundo e na popa quando ele foi levado pelo vento • Zach Whitrock/Wisconsin Historical Society
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Pesquisadores localizam o navio fantasma F.J. King após 139 anos desaparecido, revelando detalhes preservados e reforçando a importância histórica dos naufrágios

Um dos mistérios mais persistentes da navegação nos Grandes Lagos chegou ao fim. Depois de quase 140 anos submerso e décadas de buscas frustradas, o veleiro de madeira F.J. King foi localizado no Lago Michigan, próximo à cidade de Baileys Harbor, Wisconsin.

A descoberta foi anunciada no último domingo (14) pela Wisconsin Underwater Archeology Association em parceria com a Wisconsin Historical Society.

Um naufrágio que virou lenda

O F.J. King naufragou em setembro de 1886 durante uma forte tempestade noturna. A embarcação de 44 metros transportava grãos, madeira, minério de ferro e outros produtos quando ventos violentos romperam o casco.

O capitão William Griffin ordenou a evacuação, e a tripulação conseguiu escapar no bote auxiliar.

Dias depois, o faroleiro William Sanderson relatou ter visto os mastros emergindo da superfície, e pescadores encontraram fragmentos do navio em suas redes.

Mesmo assim, inúmeras expedições falharam em localizá-lo, o que alimentou a aura de “navio fantasma” entre caçadores de naufrágios.

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O leme do FJ King fica no fundo do Lago Michigan, próximo à popa do navio • Tamara Thomsen/Wisconsin Historical Society

A busca incansável

O historiador marítimo Brendon Baillod, atual presidente da Wisconsin Underwater Archeology Association, liderou a mais recente missão.

Ele vinha investigando o caso há anos e encontrou uma pista crucial: um artigo de jornal publicado logo após o acidente, no qual Sanderson indicava a posição aproximada dos destroços.

Com base nessa informação, Baillod mapeou uma área de 5,2 km² e organizou uma equipe formada por 20 cientistas cidadãos.

Em 28 de junho, usando sonar de varredura lateral, eles captaram a imagem de um navio com o casco notavelmente preservado.

A confirmação veio com veículos subaquáticos controlados à distância, que desceram até 50 metros de profundidade.

Parecia que o navio tinha desaparecido no ar. Quando vimos as primeiras imagens, foi inacreditável”, relatou Baillod. Segundo ele, os voluntários foram os primeiros a enxergar a embarcação desde 1886.

O valor histórico da descoberta

Construído em 1867, o F.J. King teve 19 anos de operações lucrativas no comércio entre os Grandes Lagos. Na época, Wisconsin era considerado o celeiro dos Estados Unidos, e o transporte de grãos movimentava a economia da região.

Para Ric Mixter, especialista em naufrágios e membro do conselho da Great Lakes Shipwreck Historical Society, encontrar um navio em tão bom estado é empolgante.

Ele destacou que restos preservados ajudam a entender a vida nos lagos no século XIX.

Mixter também ressaltou a importância de incluir exploradores amadores no processo. “O fato de arqueólogos novatos participarem da missão é tão relevante quanto a própria descoberta”, afirmou.

Uma recompensa que ficou no passado

O fascínio pelo F.J. King não começou agora. Há cerca de 20 anos, o Neptune’s Dive Club, em Green Bay, chegou a oferecer uma recompensa de US$ 1.000 a quem encontrasse o navio.

Na mesma época, Baillod iniciou sua investigação sistemática dos registros históricos.

O envolvimento contínuo de clubes, pesquisadores e voluntários mostra como naufrágios despertam o interesse popular e científico.

Afinal, cada descoberta carrega fragmentos de histórias esquecidas e reforça a identidade cultural dos Grandes Lagos.

Um cemitério submerso

Estima-se que cerca de 6.000 embarcações estejam afundadas nos Grandes Lagos, resultado do tráfego intenso de navios comerciais nos séculos XIX e XX aliado ao clima instável da região.

Só no Lago Michigan, mais de 200 naufrágios ainda aguardam para ser localizados.

Segundo Baillod, a área tem a maior concentração de navios afundados por quilômetro quadrado no mundo. Por isso, a busca continua e deve render novas descobertas nos próximos anos.

Fatores que facilitaram a descoberta

A clareza da água foi determinante. A introdução acidental dos mexilhões-quagga nos anos 1990 alterou o ecossistema local.

Esses moluscos filtraram a água e aumentaram a visibilidade de apenas alguns metros para até 30 metros em certas áreas.

Além disso, a evolução tecnológica reduziu custos. Equipamentos de sonar que custavam US$ 100.000 em 1980 hoje podem ser adquiridos por pouco mais de US$ 10.000, permitindo que grupos menores tenham acesso às buscas.

Uma nova era para os naufrágios

Desde a década de 1960, navios vêm sendo localizados nos Grandes Lagos, mas o ritmo das descobertas cresceu nos últimos anos.

Pesquisadores e veículos de mídia já classificam esse momento como uma “era de ouro” das explorações subaquáticas.

O turismo também se beneficiou. Com águas mais transparentes, praticantes de stand-up paddle e caiaque conseguem visualizar embarcações do século XIX logo abaixo da superfície.

Isso amplia o interesse público e ajuda a preservar a memória desses naufrágios.

A Noaa, agência norte-americana responsável por estudos oceânicos e atmosféricos, trabalha em um projeto para mapear em alta resolução todo o fundo dos Grandes Lagos até 2030.

Se concluído, o levantamento poderá revelar todos os navios perdidos na região.

O futuro das expedições

Baillod acredita que ainda há muito por vir. Ele mantém um banco de dados com embarcações desaparecidas e espera continuar as buscas junto a equipes de cientistas cidadãos.

Não tenho dúvidas de que novos achados vão surgir. Continuaremos procurando e, certamente, continuaremos encontrando”, disse.

Assim, o resgate do F.J. King não apenas encerra um mistério histórico, mas também simboliza o início de novas jornadas em um dos maiores leitos de naufrágios do planeta.

Com informações de CNN.

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Romário Pereira de Carvalho

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