Explosões de magnetares podem ser responsáveis por até 10% do ouro da Via Láctea, afirmam pesquisadores
Cientistas confirmam que clarões de radiação vindos de magnetares, as estrelas de nêutrons mais extremas do universo, são capazes de forjar vastas quantidades de ouro, platina e até urânio em segundos. Essa descoberta muda tudo o que se sabia sobre a origem dos metais mais valiosos do cosmos.
Clarões de radiação cósmica abalam antigas teorias sobre a origem dos metais mais pesados do universo
Um clarão de radiação detectado no espaço está fazendo cientistas repensarem tudo o que se sabia sobre a origem de metais como o ouro, a platina e o urânio. Pesquisadores liderados por Brian Metzger, do Centro de Astrofísica Computacional do Instituto Flatiron, descobriram que as violentas explosões de magnetares podem gerar esses metais preciosos em questão de segundos. A quantidade? Bilhões de bilhões de quilos em um único evento.
Uma explosão e toneladas de ouro: o que são os magnetares?
Magnetares são estrelas de nêutrons hipercompactas, com mais massa que o Sol comprimida em uma esfera de apenas 20 km. Seu campo magnético é o mais intenso do universo, trilhões de vezes mais forte que qualquer coisa conhecida na Terra. Se aproximar de um deles é impossível, mas se fosse, só a presença poderia bagunçar seus átomos. É nesse ambiente absurdo que nascem os elementos mais raros do universo.
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Como os magnetares geram metais raros em segundos
Durante suas explosões, essas estrelas liberam energia em forma de raios X e raios gama, em níveis tão altos que afetam até satélites na Terra. Uma única erupção pode formar até dois milhões de bilhões de bilhões de quilos de elementos pesados. Essas explosões são comparadas a verdadeiras fábricas cósmicas, onde nêutrons colidem com elementos mais leves e criam átomos como o ouro e o urânio.
Segundo Metzger, essa é apenas a segunda vez que a ciência vê provas diretas de onde esses metais nascem. O processo, chamado “processo r”, ocorre em ambientes extremamente densos e repletos de nêutrons livres, exatamente como nas explosões de magnetares.
A nova origem do ouro e a revolução na astronomia
Antes, acreditava-se que o ouro e outros metais pesados vinham majoritariamente de supernovas ou fusões de estrelas de nêutrons. A descoberta recente, porém, mostra que as erupções de magnetares podem ser responsáveis por até 10% desses metais na nossa galáxia.
Esse tipo de explosão ainda é raro e difícil de capturar em tempo real, mas já existem registros importantes, como o evento observado em dezembro de 2004. Na época, telescópios detectaram um brilho gama minutos após a explosão, que os cientistas agora acreditam ser o resfriamento de elementos pesados recém-formados.
O impacto dessas descobertas para o futuro da ciência
Na prática, entender como o ouro surge no universo não é apenas uma curiosidade científica. Esses metais são base de tecnologias modernas, de smartphones a sistemas espaciais. A descoberta também explica por que alguns metais aparecem mais cedo do que o esperado em galáxias jovens: os magnetares entram em ação antes de outros eventos cósmicos.
E o mais fascinante: pode ser que parte do ouro usado hoje em chips ou alianças tenha vindo da fúria de um magnetar há bilhões de anos.
O que vem por aí: próximas erupções e rastreamento com novos telescópios
Futuras missões como o Compton Spectrometer and Imager, da NASA, previsto para 2027, devem permitir um monitoramento mais preciso desses fenômenos. Com instrumentos modernos e sensíveis a vários comprimentos de onda, os cientistas esperam captar novas erupções em tempo real.
Ao observar o brilho radioativo e os isótopos formados na explosão, será possível entender mais sobre como a matéria evolui no universo. E talvez, finalmente, desvendar todos os segredos do ouro estelar.
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