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Descoberta em estado esquecido no Brasil pode gerar 495 mil empregos, injetar R$ 175 bilhões no PIB e mudar o mapa energético

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 28/10/2025 às 12:52
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Licença ambiental inédita abre caminho para exploração de petróleo na Margem Equatorial, região próxima à foz do rio Amazonas, e pode redefinir a matriz energética e o desenvolvimento econômico do Norte do país.

A autorização concedida pelo Ibama à Petrobras para iniciar a perfuração de um poço exploratório na Margem Equatorial, a cerca de 500 quilômetros da foz do rio Amazonas, encerrou um impasse ambiental que se arrastava havia anos e abre uma nova frente de prospecção de petróleo no país.

A fase atual é restrita à coleta de dados geológicos, sem extração de petróleo, e deve durar aproximadamente cinco meses.

Segundo estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o avanço do projeto pode gerar 495 mil empregos e movimentar R$ 175 bilhões na economia brasileira, caso as reservas sejam confirmadas e o desenvolvimento comercial seja autorizado.

Licença destrava projeto na Margem Equatorial

O aval permite à Petrobras realizar atividades em águas profundas no litoral do Amapá, próximo à divisa com o Pará, em uma área distante da costa.

O objetivo é identificar possíveis acúmulos de hidrocarbonetos e avaliar se há viabilidade técnica e econômica para a exploração futura.

A autorização ocorre após uma negativa anterior do Ibama, em 2023, que motivou ajustes no plano ambiental da estatal.

Projeções econômicas e impacto potencial

De acordo com a CNI, a exploração na região pode movimentar cadeias produtivas em diversos setores, incluindo serviços marítimos, engenharia e fornecimento de insumos industriais.

O cálculo considera investimentos diretos e indiretos ao longo de todo o ciclo do projeto.

Economistas ouvidos pela imprensa destacam, no entanto, que o impacto econômico só será sentido se houver confirmação de reservas rentáveis e início efetivo da produção — o que ainda depende de novas fases de licenciamento.

Estimativas sobre o potencial de reservas

Um relatório do Itaú BBA aponta que a Bacia da Foz do Amazonas pode conter até 5,7 bilhões de barris de petróleo.

Caso os dados se confirmem, o volume aumentaria em cerca de 34% as reservas brasileiras e em 58% as da Petrobras.

Especialistas em energia consideram a Margem Equatorial uma das regiões mais promissoras para ampliar a produção nacional nos próximos anos, embora alertem que o desafio logístico e ambiental é elevado.

Licenciamento e condicionantes ambientais

O Ibama informou que a autorização foi concedida após um processo de avaliação técnica que incluiu audiências públicas, reuniões com comunidades locais e inspeções em unidades da Petrobras.

O instituto destacou que mais de 400 técnicos participaram das análises.

Entre as exigências impostas à estatal estão a criação de um Centro de Reabilitação e Despetrolização da Fauna em Oiapoque (AP), a inclusão de três embarcações de apoio ambiental e a realização de simulados de resposta a vazamentos durante a perfuração.

Segundo o órgão ambiental, as medidas visam garantir que eventuais incidentes sejam respondidos de forma rápida e eficiente.

A Petrobras informou que os protocolos de segurança seguem padrões internacionais e que a operação será conduzida com “segurança, responsabilidade e qualidade técnica”.

Governo classifica projeto como estratégico

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a Margem Equatorial é considerada uma área estratégica para o futuro energético do país.

Segundo ele, o governo defende que a exploração ocorra dentro dos parâmetros técnicos e ambientais exigidos pela legislação brasileira.

O ministério tem reforçado a importância da diversificação das fontes de energia e da manutenção da autossuficiência nacional em petróleo.

Avaliação do mercado e da Petrobras

Especialistas do setor financeiro avaliam que o impacto imediato da licença é limitado, uma vez que ainda não há confirmação de reservas comercialmente viáveis.

O economista Gustavo Trotta, da Valor Investimentos, afirmou em entrevista à CNN que “ainda não há certezas se haverá reservas exploráveis, portanto, o impacto no fluxo de caixa ou no resultado da empresa é, por ora, reduzido”.

A Petrobras informou que a perfuração tem caráter exclusivamente exploratório e que novas licenças serão necessárias caso haja indicação positiva de petróleo em quantidade comercial.

A companhia reiterou que segue os protocolos definidos pelo Ibama e que mantém diálogo contínuo com o órgão regulador.

Debate ambiental e posicionamento de especialistas

Pesquisadores e organizações ambientais ressaltam que a área da Margem Equatorial apresenta alta sensibilidade ecológica, com biodiversidade marinha significativa e influência de correntes próximas ao bioma amazônico.

Entidades como o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) defendem que o avanço da exploração deve ser acompanhado por monitoramento permanente e transparência nas medidas de mitigação de impactos.

Especialistas em política energética apontam que o desafio do Brasil é equilibrar a expansão da produção de petróleo com as metas de transição energética e redução de emissões.

Segundo eles, os resultados da perfuração no Amapá poderão orientar a estratégia nacional para novos projetos de exploração.

Próximas etapas da operação

A Petrobras iniciou a montagem da estrutura necessária para perfuração e coleta de amostras, que serão analisadas para determinar o tipo e a qualidade dos reservatórios.

Os dados obtidos nesta fase vão indicar se há condições técnicas e econômicas de avançar para uma segunda etapa, de testes mais detalhados.

De acordo com fontes do setor, a perfuração exploratória deve levar cerca de cinco meses, período após o qual os resultados serão encaminhados ao Ibama e à Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Somente após essa análise será possível definir se o projeto poderá evoluir para a fase de produção.

Caso o potencial estimado se confirme e o licenciamento avance, a Margem Equatorial poderá se consolidar como uma das principais fronteiras energéticas do país.

A questão que se impõe é: o Brasil conseguirá conciliar a busca por novos recursos fósseis com o compromisso de manter a proteção ambiental e cumprir suas metas climáticas?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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