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Conheça o desastre que mudou a construção civil brasileira – Queda do pavilhão da GAMELEIRA resultou em 69 mortos e 119 pessoas soterradas

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 11/07/2024 às 01:22
Conheça o desastre que mudou a construção civil brasileira - Queda do pavilhão da GAMELEIRA resultou em 69 mortos e 119 pessoas soterradas
Foto: Reprodução/Youtube

Tragédia que marcou a história: queda do pavilhão da gameleira deixa 69 mortos e 119 soterrados, redefinindo padrões de segurança na construção civil brasileira.

A maior tragédia da construção civil no Brasil. Em 1971, um colapso devastador abalou o e gerou o desastre da GAMELEIRA em Belo Horizonte, projetado pelo famoso Oscar Niemeyer e o engenheiro Joaquim Cardoso. 119 pessoas soterradas. 69 morreram. O acidente forçou uma mudança radical nas normas de construção, resultando na NBR6118 – uma das mais seguras do mundo. A história revela a importância crucial da segurança no trabalho e do conhecimento técnico.

Os projetos de Oscar Niemeyer e a maior tragédia da construção civil brasileira

Os projetos de Oscar Niemeyer estão espalhados por todo o país e entraram para a história, mas hoje vamos falar de uma obra que ele, com certeza, queria esquecer. O Pavilhão da Gameleira, em Belo Horizonte, Minas Gerais, que por muitos anos foi considerado a maior tragédia da construção civil do Brasil. Quer entender o que houve com esse projeto? Afinal, quais foram as causas desse colapso que ceifou a vida de dezenas de pessoas?

O projeto do Palácio das exposições e o desastre da GAMELEIRA

Em 1971, um projeto em concreto armado chamava a atenção de todo o país. A obra, que foi nomeada como Palácio das Exposições, seria o maior do tipo da América Latina, com mais de 7.300 metros quadrados de área construída.

O projeto era ousado. Elaborado totalmente em concreto armado, tinha vãos livres de 65 metros e vigas-parede de 9,80 metros de altura na longitudinal e vãos de 30 metros na transversal. Tudo isso sobre apenas dez pilares, cinco de cada lado da estrutura. O projeto era assinado por Niemeyer e calculado pelo engenheiro Joaquim Cardoso.

A obra ganhou ainda mais notoriedade em 4 de fevereiro de 1971, quando uma sessão inteira do pavilhão colapsou, soterrando 119 pessoas, onde 69 delas morreram. A tragédia foi considerada o maior acidente de trabalho em número de vítimas até os acontecimentos de Brumadinho, em 2019. Mas afinal, o que pode ter acontecido para que uma obra desse porte ruísse dessa maneira? Após mais de 50 anos do ocorrido, ainda há muita controvérsia.

As causas do desastre da GAMELEIRA – a maior tragédia da construção civil brasileira

Há especialistas que dizem que as causas foram devido a recalques nas fundações, executada com tubulão a ar comprimido, onde a maior carga ultrapassava 2.800 toneladas. Mas hoje, a comunidade da engenharia concorda que as fundações ou solo não foram os responsáveis por essa tragédia.

Seria então o projeto? Apesar desse acontecimento ter dado fim à carreira do engenheiro Joaquim Cardoso, ficou comprovado que os projetos estruturais elaborados por ele estavam 100% corretos e nada tiveram a ver com o colapso. Mas completamente abalado, acabou encerrando a carreira após a tragédia e morreu pouco tempo depois.

Erros na execução do projeto da Gameleira

Análises mais rigorosas constataram, então, vários erros na execução do projeto, o que em laudo final foi dado como causa provável para os acontecimentos. Diversas mudanças do projeto, como nas resistências do concreto e a mudança do tipo de aço, de CA50 calculado no projeto para CA25, com a metade da resistência, foram fatores fundamentais para os acontecimentos de 1971.

Além de uma mudança repentina no cronograma de obras da Gameleira, que numa tentativa de adiantar a inauguração, a retirada dos escoramentos das lajes e vigas foram iniciadas antes da cura completa do concreto, além da retirada ser feita de forma inversa ao recomendado, dos apoios em direção ao centro, quando o correto é do centro em direção aos apoios, para evitar as elevadas tensões no centro do vão.

A tentativa de compensação e seus efeitos

Na tentativa de compensar a redução da resistência do aço, a construtora dobra a quantidade de barras, o que deixa pouco espaço para o concreto, onde em diversas fotos é possível observar que a ligação de pilares e vigas não existe aderência entre o concreto e as barras de aço, o que foi, com certeza, um dos principais fatores que levaram ao colapso da estrutura.

Esses acontecimentos foram responsáveis por uma verdadeira virada de chave na comunidade de engenharia brasileira. A partir dela, a primeira norma nacional para obras em concreto, a NB01, foi completamente reformulada, considerada a norma-mãe do concreto armado, hoje substituída pela NBR6118, que estabelece regras claras para obras desse tipo, sendo considerada uma das mais completas e seguras do mundo.

A importância de seguir o projeto à risca

Esse acidente poderia ter sido evitado se os executores tivessem seguido o projeto à risca. É crucial que os engenheiros acompanhem as obras de perto e possuam um conhecimento profundo das normas de segurança para prevenir esse tipo de tragédia.

Frequentemente, a pressão por prazos leva a decisões que comprometem a qualidade e a segurança. Os profissionais não devem ceder a pressões externas que possam colocar vidas em risco. A excelência na construção não termina com a colocação da última pedra; ela continua com a manutenção e a inspeção regular das estruturas.

A sua opinião importa

Mas e você, conhecia essa obra? Concorda com as razões apontadas pelos laudos? Deixe a sua opinião aí nos comentários.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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