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Depois dos carros da BYD, vem a nova ofensiva da China: celulares premium que superam iPhone e Galaxy em bateria, tela dobrável e preço de até R$ 33 mil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 26/08/2025 às 18:23
Huawei, Jovi e Oppo desafiam Apple e Samsung no Brasil com celulares premium, telas dobráveis, baterias potentes e preços inéditos.
Huawei, Jovi e Oppo desafiam Apple e Samsung no Brasil com celulares premium, telas dobráveis, baterias potentes e preços inéditos.
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Fabricantes chinesas aceleram no Brasil com celulares de luxo, trazendo telas dobráveis, baterias potentes e preços inéditos, em uma disputa direta com Apple e Samsung que promete transformar o mercado de smartphones no país.

Fabricantes chinesas abrem uma nova frente no Brasil ao disputar o topo do mercado de smartphones.

A Huawei voltou a vender aparelhos no país com os dobráveis Mate X6 e Mate XT, posicionados em um nicho superpremium e com preços que chegam a R$ 33 mil.

Ao mesmo tempo, Jovi e Oppo reforçam a oferta de modelos avançados para um público que busca desempenho, design e serviços diferenciados.

O movimento marca a transição de uma estratégia focada em volume e baixo custo para outra baseada em aspiração de marca.

Huawei, Jovi e Oppo desafiam Apple e Samsung no Brasil com celulares premium, telas dobráveis, baterias potentes e preços inéditos. ( Foto: Divulgação/investnews)
Huawei, Jovi e Oppo desafiam Apple e Samsung no Brasil com celulares premium, telas dobráveis, baterias potentes e preços inéditos. ( Foto: Divulgação/investnews)

Huawei aposta em celulares dobráveis de alto valor

A retomada da Huawei no varejo brasileiro começou em junho com a venda dos modelos Mate X6 e Mate XT.

A empresa mira consumidores dispostos a pagar mais por formatos inovadores.

O X6, segundo a fabricante, combina uma tela principal com outras duas internas, dobradas para dentro do aparelho, que se desdobram em um painel maior.

Já o XT amplia o conceito: quando totalmente aberto, forma um display de 10,2 polegadas, com proposta próxima à de um tablet dobrável.

O posicionamento de preço evidencia a busca por diferenciação.

O Mate X6 parte de R$ 22 mil, enquanto o Mate XT chega a R$ 33 mil. A comparação com o iPhone top de linha — o iPhone 16 Pro Max de 1 TB, na casa de R$ 15,5 mil — ajuda a dimensionar o salto de valor que a chinesa pretende capturar.

A aposta é ocupar um espaço até então dominado por Apple e Samsung entre os aparelhos que funcionam também como objeto de desejo.

Além do hardware, a Huawei trabalha com um ecossistema próprio. Por restrições impostas nos Estados Unidos, a marca opera sem Android e utiliza o HarmonyOS em seus smartphones.

A volta ao país começou com uma pop-up store no Shopping Cidade São Paulo, aberta neste mês, e prevê uma loja conceito ainda em 2025.

No online, a empresa vende no site próprio e em marketplaces como Amazon, Shopee, Mercado Livre e TikTok Shop.

Estratégia muda: de baixo custo à construção de marca

A guinada lembra a trajetória recente das montadoras chinesas no Brasil. No primeiro momento, a disputa se dava entre as opções mais baratas.

Em seguida, as marcas elevaram o patamar, transformando SUVs híbridos em produtos de prestígio e avançando sobre segmentos de BMW, Mercedes e Porsche — caso da Zeekr.

A BYD, hoje líder entre as chinesas no país, reforçou essa ambição com presença de marketing em produções de TV.

A lógica agora chega aos celulares. “Para conseguir reputação relevante, tem que construir marca”, afirma Diego Marcel, gerente de relações públicas do negócio de consumo da Huawei no Brasil.

Ele descreve a oferta de aparelhos de altíssimo preço como um sinal de que a companhia pretende ser aspiracional.

A estratégia, diz, abre caminho para uma segunda etapa, com a entrada de modelos em faixas de valor mais amplas para buscar market share.

Jovi estreia mirando luxo e prepara expansão

Outra estreante em 2025 é a Jovi, denominação escolhida no Brasil pela chinesa Vivo para evitar confusão com a operadora homônima.

A companhia montou linhas de produção na Zona Franca de Manaus, em parceria com a GBR, e lançou quatro modelos em dois segmentos.

No patamar mais elevado, o V50 chega por R$ 4,5 mil com design ultrafino, bateria de longa duração e câmera com lentes Zeiss, grife alemã tradicional na fotografia.

A marca também prepara o terreno para ganhar escala com a linha Y, faixa de entrada com preços entre R$ 1,4 mil e R$ 1,8 mil.

Apesar do tíquete menor, os aparelhos preservam diferenciais claros, como bateria de 6.500 mAh — cerca de 40% acima da capacidade do iPhone 16 Pro Max — e certificação militar de resistência a quedas e trincas, oferecendo robustez semelhante à de capinhas reforçadas.

Nada foi decidido ao acaso, segundo a empresa.

Huawei, Jovi e Oppo desafiam Apple e Samsung no Brasil com celulares premium, telas dobráveis, baterias potentes e preços inéditos. ( Foto: Divulgação/investnews)
Huawei, Jovi e Oppo desafiam Apple e Samsung no Brasil com celulares premium, telas dobráveis, baterias potentes e preços inéditos. ( Foto: Divulgação/investnews)

Muitos falavam que não tinham problema de bateria, mas viviam conectados em tomadas ou power banks. Também era comum encontrar celulares com a tela trincada”, relata André Varga, diretor de produto da Jovi e ex-executivo da Samsung no Brasil.

Com base nesse diagnóstico, a companhia adaptou o portfólio à realidade local.

Para reduzir a barreira de troca, a Jovi aposta em serviço.

Cada aparelho sai de fábrica com o pacote Benefícios 5 Estrelas, que inclui um ano de proteção contra quebra de tela, dois anos de garantia contra defeitos, quatro anos para a bateria e cinco anos de revisão anual gratuita.

Nosso investimento é de longo prazo. Quem monta fábrica no Brasil e oferece esse nível de serviço está mostrando que quer disputar espaço de verdade”, diz Varga. A meta é figurar entre as cinco maiores marcas do país no médio prazo.

Oppo cresce no intermediário premium

A Oppo chegou um ano antes e também produz em Manaus, em parceria com a Multi (ex-Multilaser). O foco está nos intermediários avançados, com o Reno 13F como vitrine.

O modelo combina câmera principal de 50 megapixels e recursos de IA do Google (Gemini), com preço em torno de R$ 3 mil nas principais redes.

De acordo com fontes do varejo ouvidas pelo InvestNews, a marca já alcançou participação de dois dígitos nas vendas de celulares em uma das maiores redes do país, sinal de que a estratégia começa a ganhar tração.

Mercado brasileiro: números e potencial de expansão

O pano de fundo é um mercado de 138 milhões de usuários de smartphones, com projeção de atingir 178 milhões até 2029, segundo a Statista.

O tamanho e o ritmo de renovação do parque tornam o Brasil um terreno fértil para novas marcas — embora a barreira dos 80% hoje concentrados por Samsung, Apple e Motorola siga difícil de romper.

No universo de eletroeletrônicos, o avanço chinês já transparece no tíquete médio.

Dados da NielsenIQ indicam que as marcas da China respondem por 14% das vendas em volume no Brasil, mas por 21% do faturamento, reflexo do salto para modelos mais caros.

O crescimento é consistente. Em 2019, a fatia era de 16%. Hoje, com o ticket médio bem mais alto, passa de 21%, e tudo indica que deve continuar aumentando”, afirma Érica Andrade, gerente para as categorias de Áudio e Vídeo da consultoria.

O movimento não se limita ao Brasil. “Quando olhamos para países como Chile e Peru, vemos participação acima de 25% em algumas categorias”, observa Mateus Rabelo, gerente-sênior para Tech&Durables da NielsenIQ.

Para ele, a expansão tende à consolidação: “Não parece um voo de galinha. Já existe investimento instalado, fábrica em operação e uma estratégia consistente”.

Canais de venda e próximos passos das chinesas

Enquanto consolida a presença física, a Huawei reforça vendas digitais em marketplaces e no canal próprio, prática comum entre novas entrantes.

O plano da empresa é trazer linhas com preços mais próximos de iPhone e Galaxy S, para alinhar o Brasil ao calendário internacional de lançamentos.

Toda a produção seguirá importada da China nesta fase. A fabricação local só entra em pauta se as vendas ganharem escala.

O avanço de Jovi e Oppo pela via da manufatura em Manaus aponta outra trilha possível: reduzir impostos, acelerar a logística e criar um pós-venda mais próximo.

Em ambos os casos, a ambição é a mesma — disputar valor de marca em um segmento até aqui dominado por duas empresas.

Resta saber como o consumidor brasileiro reagirá aos formatos dobráveis, às baterias de longa duração e aos pacotes de serviço como diferenciais na decisão de compra.

Diante desse novo tabuleiro, a pergunta que se impõe é direta: você trocaria um iPhone ou Galaxy por um dobrável superpremium ou por um intermediário turbinado vindo da China, mesmo pagando mais por inovação, bateria e serviços?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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