A venda histórica encerra a era do icônico estádio de Milão, inaugurado em 1926. O novo projeto de 1,2 bilhão de euros promete transformar o local em uma arena moderna para 71.500 pessoas antes da Euro 2032
O dia 30 de setembro de 2025 marcou uma virada na história do futebol italiano. Após décadas de debates e impasses burocráticos, a prefeitura de Milão aprovou a venda do terreno onde está o lendário estádio San Siro. Por 197 milhões de euros, o consórcio formado por Milan e Inter assumiu o controle do local e definiu o fim de uma era, abrindo caminho para uma nova arena de padrão internacional.
Demolição do San Siro: uma decisão que encerra uma era
Com a aprovação por 24 votos a 20, a prefeitura de Milão se despediu oficialmente do San Siro. A partir de agora, o estádio passa a ser propriedade conjunta de Milan e Inter, encerrando quase um século de controle público.
A decisão evita que o estádio fosse tombado como patrimônio histórico. Isso aconteceria em novembro de 2025, quando o segundo anel completaria 70 anos, o que tornaria impossível sua demolição.
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O acordo permitiu que o projeto seguisse adiante e garantiu que Milão permanecesse entre as sedes da Eurocopa de 2032.
O novo estádio e o recado da Uefa
A pressão da Uefa foi determinante para a aceleração do processo. A entidade retirou de Milão a final da Liga dos Campeões de 2027 ao considerar o San Siro fora dos padrões modernos exigidos.
Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, foi direto ao criticar a infraestrutura italiana. “A Serie A é fascinante, mas os estádios são terríveis. Algo precisa mudar”, declarou.
O novo estádio deverá ter capacidade para 71.500 pessoas e será construído no estacionamento atual do San Siro. A previsão é que a arena esteja pronta em 2030, antes da Euro 2032.
Do sonho à concretização
A ideia de uma nova casa para Milan e Inter é antiga, mas sempre esbarrou em entraves políticos e legais. Em 2018, o projeto “The Cathedral” chegou a ser apresentado, mas acabou arquivado pela prefeitura.
Com a chegada da RedBird Capital ao Milan, em 2022, e da Oaktree Capital à Inter, em 2024, os clubes decidiram assumir o controle da situação. A aquisição do terreno foi o ponto final de uma longa disputa.
Enquanto isso, as duas equipes seguirão jogando no San Siro até a conclusão da nova arena, prevista para a temporada 2030/31.
Arquitetura de ponta e investimento bilionário
O novo estádio será desenvolvido pelas empresas Foster + Partners, do Reino Unido, e Manica, dos Estados Unidos.
As duas são responsáveis por projetos de referência mundial, como o Allegiant Stadium, em Las Vegas, e o Lusail Iconic Stadium, palco da final da Copa de 2022.
O investimento total está estimado em 1,2 bilhão de euros. As obras devem começar em 2027 e durar cerca de três anos.
Demolição do San Siro: uma despedida histórica
O San Siro foi inaugurado em 1926 e reformado pela última vez em 1990. Em 2026, quando completará 100 anos, sediará sua despedida simbólica: a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Milão-Cortina.
Para muitos torcedores, a demolição representa uma perda emocional. O estádio, chamado oficialmente de Giuseppe Meazza pelos torcedores da Inter e popularmente de San Siro pelos do Milan, é um símbolo do futebol mundial.
Por que reformar era inviável
Segundo estudos técnicos, o estádio é composto por três estruturas sobrepostas — erguidas em 1926, 1956 e 1990 — com pouca integração entre si. Isso dificultava qualquer tentativa de modernização.
Além disso, os assentos são estreitos e os acessos, limitados, o que compromete conforto e segurança. Uma reforma completa exigiria a demolição parcial do primeiro anel e a reestruturação do teto, elevando os custos além do que seria necessário para erguer um novo estádio.
O presidente do Milan, Paolo Scaroni, afirmou que seria impossível conciliar obras dessa magnitude com a rotina esportiva dos clubes. “Ficaríamos anos sem estádio, perdendo até 70% da receita anual”, explicou.
Um abismo financeiro entre Itália e Europa
A disparidade financeira foi outro fator decisivo. De acordo com levantamento do Sport Insider, o Real Madrid arrecadou 251 milhões de euros com o reformado Santiago Bernabéu em uma única temporada.
Enquanto isso, Milan e Inter somaram apenas cerca de 70 milhões cada com bilheterias e programas de sócios no mesmo período. O contraste mostra o quanto o San Siro se tornou obsoleto diante de arenas modernas.
O Manchester United, por exemplo, faturou 157 milhões de euros; o Arsenal, 151 milhões; e o Bayern de Munique, 132 milhões.
Esses números explicam por que clubes italianos lutam para competir financeiramente com os grandes da Europa.
Um futuro de ambição e modernização
A nova arena busca mais do que substituir um estádio antigo: ela simboliza a tentativa de reposicionar Milão e o futebol italiano no cenário internacional.
Em comunicado conjunto, Milan e Inter afirmaram que o projeto representa “um passo histórico para o futuro dos clubes e da cidade”.
A expectativa é que a iniciativa inspire outros clubes italianos a investir em estádios modernos, capazes de gerar mais receitas e proporcionar experiências de alto nível aos torcedores.
Demolição histórica: o fim de um templo, o início de outro
Embora a demolição do San Siro traga nostalgia, o consenso é que o futebol italiano precisava desse salto.
A arena centenária deixará de existir fisicamente, mas sua história seguirá viva nas memórias e nas cores de dois gigantes que decidiram caminhar juntos rumo ao futuro.
Com informações de Estadão.