Banco afirma que decisões foram individuais após quatro meses de análise de “atividade digital”. Sindicato contesta critérios, cobra transparência e promete ação coletiva.
O Itaú Unibanco promoveu na segunda-feira, 8 de setembro de 2025, uma leva de desligamentos concentrada em equipes que atuavam em home office ou modelo híbrido. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região estima cerca de mil demissões e diz que não houve diálogo prévio com a entidade.
O banco confirmou que houve cortes, mas sustenta que não se tratou de demissão em massa e sim de decisões individuais após “revisão criteriosa” de condutas ligadas ao trabalho remoto e ao registro de jornada.
Segundo o sindicato, os desligamentos atingiram áreas como o Centro Tecnológico, CEIC e Faria Lima. A entidade afirma que vai buscar responsabilização judicial e pede a reposição das vagas por entender que as equipes já estavam sobrecarregadas.
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O que diz o Itaú sobre “atividade digital” e horas extras
Em nota publicada na quarta-feira, 10 de setembro, o Itaú afirmou ter identificado uma “minoria de colaboradores” com baixos níveis de atividade digital ao longo de quatro meses. Nos casos mais críticos, a atividade diária teria chegado a 20% da jornada, com registro de horas extras nos mesmos dias, o que o banco classifica como “quebra de confiança”.
O comunicado traz exemplos internos: em uma área de 316 analistas, a média de atividade digital era de 72%, enquanto desligados ficaram entre 27% e 37% no período. Em outra estrutura, com média de 75%, um desligado marcou 39% e ainda registrou horas extras. Para a instituição, cerca de 75% é um “patamar adequado” ao home office, considerando intervalos e sazonalidades.
O banco também afirma que as decisões não visaram reduzir o quadro, mas preservar a cultura organizacional e a relação de confiança com clientes e funcionários. “Padrões incompatíveis” foram citados como motivo de desligamento.
Como o Itaú monitorou quem não cumpria a jornada home office
O Itaú diz que monitora o uso de equipamentos e softwares corporativos em conformidade com a legislação e políticas internas, e que não grava telas, áudios ou vídeos. O foco está em indicadores de atividade digital correlacionados à jornada registrada e ao uso de horas extras. A empresa sustenta que 60% do quadro atua em regime híbrido ou remoto e que a autonomia dada às equipes exige responsabilização individual.
Na prática, a métrica busca medir tempo de interação com sistemas corporativos e frequência de uso em horário de expediente. Críticos afirmam que “cliques” e tempo de tela podem não refletir entregas, especialmente em tarefas analíticas ou de gestão. O debate se intensificou com o avanço de softwares de produtividade e de ferramentas de inteligência artificial para auditoria de comportamento laboral.
Especialistas lembram que a LGPD permite monitoramento se houver informação e base legal claras, mas recomenda critérios objetivos, feedbacks e chance de correção antes de medidas punitivas, principalmente em teletrabalho.
Reação do sindicato e próximos passos
O sindicato classificou a medida como “desproporcional” diante do lucro do banco no primeiro semestre e disse que houve “falta de transparência” nos critérios. A entidade anunciou ação coletiva e agenda de mobilização com trabalhadores desligados, afirmando que não aceitará o teletrabalho como justificativa para cortes em larga escala.
Em entrevistas e plenárias, dirigentes apontaram “risco de erro” em algoritmos de monitoramento e pediram que a instituição explique publicamente como os dados são coletados, ponderados e auditados. Segundo o sindicato, parte dos demitidos não recebeu advertências ou feedbacks prévios e alguns relatam bom desempenho recente.
Veículos da imprensa também relataram que o banco teria cogitado número maior de cortes antes de consolidar as demissões desta semana, informação não confirmada pelo Itaú.
E você, o que pensa sobre isso? “Atividade digital” é um critério justo para medir produtividade em home office ou entregas deveriam pesar mais que cliques? Deixe seu comentário e diga se o banco agiu corretamente ou se os métodos de monitoramento passaram do ponto.