Reestruturação na Intel envolve cortes em massa, fechamento de fábricas estratégicas e abandono de projetos globais, em resposta a prejuízos financeiros e à necessidade de adaptação no mercado de tecnologia.
A Intel anunciou uma profunda reestruturação global, envolvendo a demissão de aproximadamente 24 mil funcionários até o final deste ano.
A medida faz parte de um plano rigoroso de corte de custos, detalhado no relatório de resultados financeiros do segundo trimestre de 2025.
Com essa decisão, a companhia norte-americana projeta uma redução significativa de sua força de trabalho, consolidando cerca de 75 mil “funcionários principais” ao término do ano, ante os 99.500 contabilizados em dezembro de 2024.
-
Nova lista de profissões insalubres garantem aposentadoria a partir de 55 anos e beneficia trabalhadores com apenas 15 anos de contribuição
-
Em meio ao “tarifaço”, China mira o Brasil com investimento bilionário visando carros elétricos, mineração e logística
-
Brics Pay une Brasil, China e outros 9 países em sistema inspirado no Pix que reduz IOF, contorna o SWIFT e pode ser lançado nas próximas semanas para desafiar a hegemonia dos EUA
-
Estes são os 6 bancos digitais que mais receberam reclamações no Brasil, segundo Procon, Banco Central e Reclame Aqui, com prejuízos que ultrapassam R$ 50 milhões aos clientes
A estratégia de enxugamento foi intensificada após anos de dificuldades financeiras e desempenho abaixo do esperado, especialmente diante do avanço da inteligência artificial (IA) no setor de tecnologia.
Segundo a Intel, o enxugamento não se restringe apenas ao corte de pessoal, mas também implica o encerramento de operações em fábricas estratégicas, o fechamento de projetos internacionais e a redução de investimentos em setores considerados de menor retorno.
Demissão em massa e impactos na estrutura global
A reorganização inclui o abandono de projetos de megafábricas em países como Alemanha e Polônia, onde a empresa pretendia investir dezenas de bilhões de dólares e gerar até 5 mil empregos diretos em novas unidades de produção e montagem.
Com o cancelamento dessas iniciativas, a Intel confirma o fim de suas operações de montagem e testes também na Costa Rica, restringindo a atuação local às áreas de engenharia e setores corporativos.
Os cortes atingem ainda as instalações da empresa em Ohio, nos Estados Unidos, como parte da revisão dos investimentos em infraestrutura.
Em declaração oficial, o CEO Lip-Bu Tan justificou as decisões afirmando que, nos últimos anos, a companhia “investiu acima da necessidade” em novas plantas industriais, sem a devida correspondência na demanda do mercado global.
Segundo Tan, a fragmentação dessas unidades tornou a operação da Intel mais onerosa e menos eficiente, tornando indispensável a readequação da capacidade produtiva ao cenário atual.
Prejuízo bilionário e desempenho financeiro da Intel
No segundo trimestre de 2025, a Intel registrou prejuízo de US$ 2,9 bilhões (cerca de R$ 16,05 bilhões), mesmo mantendo uma receita estável de US$ 12,9 bilhões (R$ 71,4 bilhões) em comparação ao ano anterior.
O processo de demissão em massa e a reestruturação devem gerar um custo extraordinário estimado em US$ 1,9 bilhão (R$ 10,52 bilhões) apenas neste trimestre, valor que pesa sobre o balanço da empresa, mas que, segundo a direção, é considerado necessário para garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo.
Os resultados mostram crescimento tímido no setor de data centers, com alta de 4% e receita de US$ 3,9 bilhões (R$ 21,59 bilhões), enquanto o segmento de chips para computadores pessoais teve retração de 3%, totalizando US$ 7,9 bilhões (R$ 43,73 bilhões).
Os negócios de fundição, área em que a Intel fabrica semicondutores para terceiros, avançaram 3%, chegando a US$ 4,4 bilhões (R$ 24,35 bilhões).
Foco no corte de custos e mudanças estratégicas
Para enfrentar os desafios financeiros, a empresa estipulou uma meta de redução de despesas de US$ 17 bilhões (aproximadamente R$ 94,1 bilhões) ao longo de 2025.
O enxugamento inclui a saída definitiva da fabricação de chips automotivos, conforme anunciado ao final de junho.
A Intel encerrou essa unidade, considerada promissora até pouco tempo atrás, e demitiu até 20% dos trabalhadores alocados nas fábricas de semicondutores, numa tentativa de equilibrar o caixa e priorizar setores mais estratégicos diante do cenário econômico adverso.
A reestruturação, segundo a direção da empresa, também prevê ajustes na linha de produtos.
Pelo menos um dos chips principais para laptops permanece em desenvolvimento conforme cronograma, e o processador Nova Lake está confirmado para lançamento até o fim de 2026.
Ainda assim, não há garantias de que o ritmo das demissões será reduzido nos próximos meses, já que parte das ações anunciadas foi concluída, mas a companhia não descartou novas medidas de ajuste, dependendo das condições de mercado.
Mercado de tecnologia e desafios para o futuro
O anúncio da Intel acontece em um momento de transformações intensas no setor de tecnologia, impulsionado principalmente pelo crescimento da inteligência artificial e pela necessidade de adaptação rápida às novas tendências do mercado global de semicondutores.
Embora a receita geral da companhia não tenha apresentado queda significativa, o prejuízo acumulado e os custos de reestruturação evidenciam o tamanho do desafio enfrentado por um dos maiores nomes da indústria mundial.
Os desinvestimentos em projetos na Europa e América Latina, incluindo o encerramento das operações de montagem e testes na Costa Rica, refletem uma nova postura da Intel, que opta agora por operar de forma mais enxuta e direcionada a segmentos considerados essenciais para sua sobrevivência.
Analistas do mercado avaliam que a capacidade de execução desse plano de corte de custos e a aposta em novas tecnologias serão determinantes para a recuperação da companhia.