Apesar do expressivo crescimento nos últimos anos, a CBPM alerta para o setor da mineração no estado da Bahia, que agora sofre com um problema ainda mais preocupante, a falta de ferrovias necessárias para o escoamento de cargas e os problemas na logística
Recentemente, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) destacou os principais problemas que atingem a mineração na Bahia. Até essa segunda-feira, (16/05), o órgão demonstrou que os principais problemas que ameaçam o crescimento do setor atualmente são a falta de ferrovias e a falta de logística para um escoamento adequado da produção, que continua em expansão ao longo dos últimos anos.
Crescimento da mineração baiana será afetado pela falta de uma infraestrutura logística adequada para o escoamento da produção, com déficit de ferrovias
O estado da Bahia vem sendo uma das maiores referências em crescimento na mineração nos últimos anos e, atualmente, está entre os três maiores arrecadadores da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). No entanto, esse crescimento está sendo ameaçado por uma questão ainda mais emergencial, a falta de ferrovias e de uma logística adequada para o escoamento de toda essa produção, que só tende a crescer ao longo do ano de 2022.
A principal questão apontada por pesquisadores da área, como o professor André Luis Melo, do Departamento de Engenharia de Transportes e Geodésia (DETG), é que o modal rodoviário ainda é muito superestimado dentro do estado. No entanto, ao longo do processo de escoamento da produção nas operações da mineração, esse transporte se torna inviável e a melhor alternativa são as ferrovias do estado. Mas o que é visto atualmente no estado é um forte sucateamento do modal ferroviário.
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Um dos principais exemplos apontados pela CBPM é a VLI/Ferrovia Centro-Atlântica S/A, que há quase 25 anos tem deixado diversos trechos em situação de precariedade. Além disso, foram desativados também os trechos Senhor do Bonfim-Juazeiro/Petrolina, Esplanada-Propriá, Mapele-Calçada, e parcial no Porto de Aratu, o que corresponde à perda de mais de 620 km. Com isso, a logística para o escoamento da produção da mineração se torna cada vez mais complicada e burocrática, uma vez que não há uma infraestrutura de qualidade para que essas cargas sejam transportadas.
CBPM alerta sobre necessidade de investimentos nas ferrovias baianas para garantir uma estrutura adequada para o escoamento da produção do setor mineral
A extensão territorial do estado da Bahia necessita de uma diversificação dos modais de transporte, segundo a CBPM. Isso acontece pois, para um estado com essas dimensões, depender apenas das rodovias é inviável financeiramente. E, com os investimentos necessários nas ferrovias, a Bahia pode ter a infraestrutura adequada para que o escoamento da produção da mineração seja realizado de maneira mais eficiente. Assim, o crescimento do setor no estado não será apenas financeiro, mas também haverá uma compensação logística e de desenvolvimento para a própria região.
Por isso, o presidente da CBPM, Antônio Carlos Tramm, afirma que “Os trens sumiram, não transportam nem cargas e nem passageiros. Houve sucateamento da malha. São 10 portos/terminais baianos sem acesso ferroviário. Enquanto isso, a FCA/VLI pleiteia a renovação do contrato de concessão por mais 30 anos. O que se espera é que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não conceda a renovação até que a concessionária apresente as devidas explicações sobre o que foi feito por mais de duas décadas e o que será realizado em médio e longo prazo no futuro”.
E, o que a CBPM espera para os próximos meses com a chegada de novos empreendimentos no estado, como a mina de ouro da Equinox Gold, é que o governo do estado possa abrir as discussões em torno da logística de escoamento dessa produção.