Do interior de São Paulo à liderança de um dos maiores bancos da América Latina, a trajetória de superação e estratégia que moldou o futuro financeiro do Brasil
Antes de ser sinônimo de solidez bancária, Amador Aguiar foi lavrador, tipógrafo e office boy. Criado na roça, sem diploma e com um dedo amputado, ele virou presidente de banco por acaso e fez disso o maior acerto da história do setor financeiro brasileiro. Sua biografia não é só inspiradora, mas também estratégica: mostra como visão de negócio, disciplina e resiliência podem superar qualquer currículo formal.
Ao fundar o Bradesco em 1943, Amador construiu um império partindo do interior paulista com foco em inclusão financeira, tecnologia pioneira e atendimento popular, enquanto os concorrentes olhavam apenas para os grandes fazendeiros.
O banco que começou com pequenas agências agrícolas foi o primeiro a usar computadores no país, criar cartão de crédito e manter escolas próprias. Hoje, mesmo sob pressão de bancos digitais, o legado do autodidata continua influenciando cada decisão.
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De lavrador a presidente de banco por acidente
Nascido em 1904, Amador Aguiar era o 12º filho de uma família pobre de Ribeirão Preto, e precisou abandonar a escola aos 13 anos para trabalhar na lavoura. Aos 16, brigou com o pai e saiu de casa com a roupa do corpo. Dormiu em banco de praça, passou fome em Bebedouro e conseguiu emprego como tipógrafo.
Perdeu parte do dedo em um acidente, mas não desistiu: completou os estudos por conta própria e, aos 21 anos, virou office boy no Banco Noroeste em Birigui.
Em poucos anos, assumiu cargos de confiança e, em 1943, foi chamado para tentar salvar um banco em colapso na cidade de Marília. Após a morte repentina do então presidente da instituição, Amador foi convidado a assumir o cargo.
Ali nascia o Banco Brasileiro de Descontos, que mais tarde seria rebatizado como Bradesco.
Estratégia de expansão e foco nas classes populares
Enquanto os grandes bancos priorizavam clientes de elite, Amador apostou na base da pirâmide, abrindo agências próximas a zonas rurais e pequenas cidades. Foi o primeiro a levar educação financeira ao público comum, ensinando clientes a usar cheque e crédito.
O banco também foi pioneiro em atendimento automatizado, criando máquinas autenticadoras em 1955, três décadas antes da concorrência.
Nos anos seguintes, o Bradesco cresceu agressivamente por meio da aquisição de bancos menores e da abertura de novas unidades. Em 2010, chegou a ter presença em todos os municípios brasileiros, algo inédito no setor privado.
A Fundação Bradesco, criada por Amador em 1956, é hoje uma das maiores redes educacionais do país, com 40 escolas e mais de 42 mil alunos.
Inovações, desafios e sucessões
Entre os marcos de inovação, o Bradesco foi o primeiro banco a comprar um computador no Brasil (IBM 1401, em 1961), lançou o primeiro cartão de crédito nacional em 1968, criou atendimento remoto via telefone, homebanking nos anos 80 e expandiu sua atuação para Londres, Nova York e Hong Kong.
Com a morte de Amador Aguiar nos anos 80, Lázaro de Mello Brandão assumiu o comando, mantendo a cultura de reinvenção. Nas décadas seguintes, o banco enfrentou concorrência crescente, comprou o HSBC Brasil em 2015 por R$ 17,6 bilhões e continuou diversificando suas operações com seguros, previdência, investimentos e canais digitais.
Crise recente e tentativa de reinvenção digital
A pandemia expôs as fragilidades do modelo tradicional. Na tentativa de atrair clientes de menor renda, o Bradesco liberou crédito fácil e colheu inadimplência recorde de 6,4% em 2023. Enquanto isso, bancos digitais como Nubank e Inter tomavam mercado com tecnologia leve e linguagem acessível. O Bradesco, com sua estrutura rígida, parecia perder o ritmo.
Mas em 2023, Marcelo Noronha assumiu a presidência com um plano de transformação de 5 anos, focado em reduzir riscos, acelerar inovação e reestruturar o atendimento físico. Desde então, o banco lidera a concessão de crédito do Pronampe, reestruturou sua operação digital e reforçou parcerias internacionais como a compra de metade do Banco John Deere e acordos com o BNP Paribas para o segmento private.
Bradesco hoje: entre a tradição e o novo jogo
Com mais de 2.750 agências, milhões de clientes e valor de mercado superior a R$ 150 bilhões, o Bradesco continua sendo um dos pilares do sistema bancário brasileiro. Só no primeiro trimestre de 2025, o banco lucrou R$ 5,8 bilhões e distribuiu R$ 3 bilhões em JCP aos acionistas.
Mesmo com desafios como o fechamento de agências e pressão das fintechs, o banco tem se apoiado no tripé tecnologia, governança e impacto social para sustentar sua relevância. Foi incluído no ranking da Forbes das 750 melhores empregadoras do mundo e tem investido em IA, big data, ESG e crédito rural, mirando a próxima década.
Você já conhecia a história de Amador Aguiar? Acha que o Bradesco ainda consegue se reinventar para continuar competitivo no mundo digital? Deixe sua opinião nos comentários, queremos ouvir quem acredita ou duvida da força dos gigantes tradicionais.