São Paulo domina a economia do Brasil! como o Estado mais rico do país chegou ao topo, mesmo partindo de uma origem periférica?
Em 2024, o Estado de São Paulo alcançou um feito surpreendente: ultrapassou a Argentina em volume de riqueza gerada. Segundo dados oficiais, o Produto Interno Bruto (PIB) paulista chegou a R$ 3,5 trilhões, quase o triplo do segundo colocado nacional, o Rio de Janeiro. Se fosse um país, São Paulo figuraria entre as maiores economias da América Latina.
Essa virada histórica envolve mais do que números. Ao longo de dois séculos, São Paulo deixou de ser uma província periférica e se tornou o Estado mais rico do Brasil.
A transformação foi impulsionada por decisões políticas, mudanças institucionais e estratégias de infraestrutura que canalizaram recursos e talentos para seu crescimento. Mas como esse processo aconteceu?
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O passado pobre de uma terra fértil
No século 19, São Paulo tinha pouca importância econômica. O Censo de 1872 mostrou que a capital paulista somava apenas 30 mil habitantes, enquanto o Rio de Janeiro abrigava 270 mil.
As províncias mais prósperas estavam ligadas à mineração, à cana-de-açúcar e à exportação — setores dominados por outras regiões.
Apesar do solo fértil e das condições ideais para o cultivo, São Paulo era deixado de lado. Os impostos arrecadados eram baixos e o movimento portuário discreto.
Historicamente, os produtos saíam do interior por trilhas difíceis, como o Caminho do Peabiru, usado por povos indígenas antes da colonização.
A dificuldade em atravessar a Serra do Mar era um dos maiores entraves. A solução para esse gargalo só viria no final do século 18, com a construção da Calçada do Lorena, uma estrada estreita e sinuosa.
Café, pedágios e autonomia política: os pilares da virada
O cenário começou a mudar em 1834, após uma reforma constitucional que permitiu às províncias criar assembleias legislativas próprias. Com mais autonomia, São Paulo passou a investir em infraestrutura. A estratégia foi ousada: aumentar os impostos locais para construir estradas melhores.
Para isso, o Estado criou dezenas de pedágios, usando o dinheiro arrecadado para modernizar os acessos entre o interior e o litoral.
Isso reduziu o custo do transporte e impulsionou o cultivo do café, que passou a ser plantado em áreas cada vez mais distantes da costa.
Essa decisão marcou o início de um ciclo de crescimento sustentado. O café virou o principal motor econômico, e a riqueza gerada foi usada para expandir ferrovias, atrair imigrantes e fundar instituições que seriam essenciais no século 20, como a USP e o Banco do Estado.
O que explica a liderança de São Paulo?
Para a cientista política Elizabeth Balbachevsky, o diferencial paulista não foi a riqueza inicial, mas o tipo de colonização. Como a província não teve grande destaque no projeto colonial português, ela teria escapado da herança patrimonialista que marcou outras regiões.
Por outro lado, o sociólogo Jessé Souza vê outra explicação. Para ele, o sucesso de São Paulo foi também uma construção simbólica.
Após a Revolução Constitucionalista de 1932, a elite local criou uma narrativa que colocava o estado como o “Estados Unidos do Brasil”, exaltando a figura dos bandeirantes como desbravadores civilizatórios.
O domínio atual e os reflexos no Brasil
Hoje, São Paulo concentra boa parte do dinheiro circulante no país, atrai investimentos internacionais e lidera setores como tecnologia, indústria e finanças. A economia paulista sustenta empregos, gera inovação e ainda influencia decisões políticas em Brasília.
No entanto, esse domínio gera questionamentos. Até que ponto é saudável para o Brasil ter tamanha concentração de riqueza em uma única região? A desigualdade econômica entre Estados é um dos grandes desafios nacionais.
Apesar disso, os números não mentem: São Paulo construiu um modelo que se tornou referência. E mesmo partindo de uma posição periférica, tornou-se símbolo de crescimento, eficiência e poder econômico no cenário nacional e internacional.