Leilões costumam atrair atenção por itens valiosos ou raros, mas alguns chamam a atenção por serem simplesmente esquisitos. Ao longo da história, objetos inusitados foram arrematados por valores surpreendentes
Nem tudo que é precioso vem em caixas de joias. Em alguns casos, o valor está na estranheza ou importância histórica. Ao longo da história, itens curiosos — e até questionáveis — foram parar em casas de leilões. De sangue presidencial a um império inteiro, o mundo já viu de tudo sendo ofertado ao maior lance em leilões ‘estranhos’.
Sangue presidencial à venda
Em maio de 2012, um leilão chamou a atenção nos Estados Unidos. Um colecionador colocou à venda uma amostra do sangue do ex-presidente Ronald Reagan. O frasco continha uma pequena quantidade de resíduo, armazenada desde 1981, quando Reagan foi hospitalizado após uma tentativa de assassinato.
Segundo o vendedor, a motivação era simples: “Eu era um verdadeiro fã da Reaganomics e senti que o próprio presidente Reagan preferiria me ver vendê-lo”. A amostra foi inicialmente oferecida à biblioteca presidencial do ex-presidente.
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Como a instituição recusou, o item foi anunciado publicamente. O destaque da listagem era um “um anel de um quarto de polegada de resíduo de sangue na ponta da rolha de borracha inserida”.
O valor de lances chegou a US$ 30.086. Mas a comoção pública fez o vendedor mudar de ideia. A amostra acabou sendo doada à Fundação Presidencial Ronald Reagan. Um porta-voz agradeceu: “Manterá os restos mortais do presidente Reagan longe das mãos do público”.
Um mar de gatos mumificados
O cenário muda para 1889, no Egito. Em Beni Hasan, trabalhadores encontraram um cemitério de gatos mumificados. Estimava-se que os felinos tinham entre 3.000 e 4.000 anos. Antigamente, eram embalsamados como oferendas aos deuses.
Mas o respeito das eras passadas não sobreviveu ao tempo. Crianças brincavam com as múmias nas ruas. Pouco depois, uma empresa de leilões inglesa resolveu dar um destino mais “útil” aos felinos: enviou 180.000 gatos mumificados à Grã-Bretanha para venda.
O leilão ocorreu em 10 de fevereiro de 1890. Rapidamente virou motivo de piada. Os animais desintegravam ao toque. O jornal Bristol Mercury ironizou: “Alguma diversão foi evocada sobre a venda dos quartos traseiros de um gato”.
No fim, a maioria dos felinos virou fertilizante. A imprensa britânica chamou de “fur-tilizer”. Um lote inteiro foi vendido por menos de £6 a tonelada. O martelo do leilão? A cabeça de um dos próprios gatos.
A biblioteca que nunca existiu
No dia 10 de agosto de 1840, colecionadores de livros correram para Binche, uma pequena cidade da Bélgica. O motivo era o leilão da coleção do Conde JNA de Fortsas, conhecido por adquirir somente livros únicos. Se descobrisse outra cópia, ele destruía a sua. O catálogo do leilão listava apenas 52 volumes.
Obras estranhas como um livro sobre hieróglifos fálicos e canções flamengas perdidas chamavam atenção. Dizem que até uma princesa enviou um agente com ordens para pagar “qualquer preço”.
Mas ninguém encontrou o local do leilão. Moradores da cidade não sabiam de nada. Em pouco tempo, a verdade veio à tona: tudo era uma farsa criada por Renier Chalon, um antiquário francês.
Ele havia inventado o conde, os livros e o leilão. Curiosamente, o próprio catálogo falso se tornou item de colecionador. Em 2005, uma cópia foi vendida por US$ 1.320.
Pombos militares desvalorizados
Em 25 de dezembro de 1901, o New York Times estampava a manchete: “OS POMBOS DA MARINHA VÃO”. O texto explicava: cinquenta e cinco pássaros seriam leiloados no estaleiro do Brooklyn.
Por anos, os pombos-correio serviram como meio de comunicação naval. Mas com a chegada do rádio Marconi, tornaram-se obsoletos.
A Marinha então decidiu vender seus bandos. Um detalhe foi ignorado: os pombos eram treinados para retornar ao estaleiro. Ou seja, inúteis para qualquer novo dono.
No estaleiro de Norfolk, na Virgínia, 150 aves — que custaram US$ 8 cada — foram vendidas por apenas US$ 30 no total. O destino? “Fins de tiro ao alvo”.
Mesmo assim, a decisão foi apressada. Os pombos ainda eram úteis, principalmente quando os rádios falhavam. Durante as Guerras Mundiais, milhares foram novamente mobilizados. A única ameaça real? Falcões treinados pelos nazistas para caçá-los.
Quando um império entra em leilão
O ano era 193 d.C. O novo imperador romano, Pertinax, tentou reformar a Guarda Pretoriana. Eles não gostaram e o mataram. Em seguida, decidiram lucrar com a tragédia: leiloaram o trono imperial.
Dois homens participaram da disputa. No fim, Dídio Juliano venceu ao oferecer 25.000 sestércios para cada um dos 10.000 guardas. Era o suficiente para comprar um cavalo por soldado.
Juliano assumiu o poder, promoveu festas e foi ao teatro. Mas o povo ficou indignado. Senadores e governadores se revoltaram.
Leilões estranhos: a imaginação não tem limites
Leilões muitas vezes envolvem quadros raros, carros antigos ou joias. Mas essas histórias mostram que o mundo das ofertas pode ir muito além. Sangue, gatos mumificados, livros inexistentes, pombos aposentados, um trono… Tudo já esteve à venda.
O que parecia absurdo ganhou lances reais. E, em alguns casos, deixou marcas que o tempo não apagou. Afinal, como dizia o ditado romano: caveat emptor — cuidado, comprador.
Com informações de Mental Floss.