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Mais tributos à vista: governo prepara mais um pacote de aumento de impostos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 24/08/2025 às 11:27
Mais tributos à vista, impostos
Foto: Reprodução
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O governo volta a apostar no aumento de impostos para tentar equilibrar as contas públicas em 2026. A medida provisória 1.303, já em vigor, eleva a tributação de empresas, apostas online, fintechs e até investimentos isentos. A proposta, porém, encontra forte resistência de setores produtivos e precisa passar pelo Congresso até outubro.

O governo federal apresentou, em junho, a Medida Provisória (MP) 1.303. Ela aumenta uma série de tributos para reforçar a arrecadação e fechar as contas públicas de 2026, ano eleitoral.

Segundo informações do G1, a medida, que enfrenta resistência de setores produtivos, já está em vigor, mas precisa ser aprovada pelo Congresso até outubro para não perder validade.

Segundo o Ministério da Fazenda, os recursos são fundamentais para sustentar a meta fiscal. A previsão é de incremento de R$ 21 bilhões em arrecadação no próximo ano.

Meta fiscal em disputa

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a proposta orçamentária de 2026, a ser enviada em 30 de agosto, já incorpora os efeitos da MP.

A meta oficial é de superávit de 0,25% do PIB, cerca de R$ 31 bilhões. Analistas, porém, consideram o objetivo difícil, porque exigirá forte controle de gastos em pleno ano eleitoral.

Se a medida provisória for derrubada, total ou parcialmente, o governo terá de refazer as contas para compensar perdas de receita.

Histórico de aumento de impostos

Em 2024, o governo já se apoiou na tributação de fundos exclusivos, das “offshores” e nas mudanças em subvenções estaduais.

Também manteve o aumento de impostos sobre combustíveis, retomou o voto de confiança no Carf e limitou o pagamento de precatórios.

Essas ações ajudaram a fechar as contas em anos anteriores. Agora, o objetivo é repetir a fórmula para sustentar o arcabouço fiscal.

Outras medidas em análise

Além da MP, a equipe econômica também aposta na aprovação da PEC 66, que altera regras sobre precatórios.

A mudança pode abrir espaço de R$ 12,4 bilhões no orçamento de 2026, porque ajusta o limite de gastos conforme a inflação.

O governo quer usar esse espaço para despesas obrigatórias, como o salário maternidade.

O Tesouro Nacional, no fim de julho, admitiu que um esforço adicional de arrecadação pode ser necessário. Nos últimos anos, o governo também contou com dividendos de estatais e leilões de petróleo para reforçar a receita.

Reação do setor produtivo

As entidades empresariais reagiram duramente à MP. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma que o aumento do IR sobre juros sobre capital próprio (JCP) vai reduzir investimentos.

Também critica a tributação de títulos incentivados, como LCI, LCA e debêntures, e alerta para a insegurança jurídica causada por mudanças nas regras de compensação tributária.

Para a entidade, o Brasil já tem uma carga tributária elevada, de 32,3% do PIB, contra média de 21,4% na América Latina.

A Febraban, que representa os bancos, disse compreender a necessidade de equilíbrio fiscal, mas considera a elevação de impostos uma solução ruim para a economia real.

Defende que o tema seja amplamente debatido no Congresso.

A Abdib, associação de empresas de infraestrutura, alerta para os riscos do fim dos incentivos nas debêntures de infraestrutura e nas Letras de Crédito de Desenvolvimento.

A Associação de Bets e Fantasy Sport (ABFS) também criticou a medida. Afirma que o aumento da carga tributária sobre apostas online compromete a operação de empresas legalizadas e favorece o mercado paralelo.

Para a entidade, isso reduzirá empregos e investimentos, além de diminuir a arrecadação no médio prazo.

A Abrasca, que representa companhias abertas listadas na B3, avaliou que o aumento do imposto sobre JCP desestimula o mercado de capitais.

Também critica a limitação no uso de créditos tributários, porque pode elevar o endividamento das empresas.

O que prevê a MP 1.303

A medida provisória contempla um conjunto de ações. Entre as principais, estão:

  • Apostas online: alíquota sobe de 12% para 18% sobre a receita líquida (GGR). Haddad argumenta que o setor tem lucro bruto de R$ 40 bilhões por ano. A expectativa é arrecadar R$ 1,7 bilhão em 2026.
  • Juros sobre capital próprio: aumento da taxação de 15% para 20%, com potencial de gerar R$ 5 bilhões adicionais.
  • Títulos incentivados: LCI e LCA passam a ser tributados em 5%. O governo diz que a isenção custa R$ 41 bilhões por ano e espera arrecadar R$ 2,6 bilhões em 2026.
  • Aplicações financeiras: unificação da alíquota de IR em 17,5%. Hoje varia entre 15% e 22,5%. A medida não gera impacto fiscal.
  • Criptoativos: ganhos passarão a ser tributados em 17,5%. O governo não divulgou estimativa de arrecadação.
  • Fintechs e cooperativas: alíquotas sobem de 9% para até 20%, dependendo do porte. A expectativa é arrecadar R$ 1,6 bilhão.
  • Compensações tributárias: novas regras para coibir abusos devem render R$ 10 bilhões em 2026.
  • Educação: o programa Pé de Meia, voltado para manter alunos no ensino médio, passa a integrar o piso constitucional de investimentos. Isso abre espaço de R$ 12 bilhões no orçamento, mas reduz recursos disponíveis para outras áreas da educação.

O desafio do Congresso

O governo conta com a aprovação da MP até o início de outubro.

Caso contrário, perde validade e deixa um rombo nas contas.

O desafio é grande, porque as críticas do setor produtivo ganharam apoio de parlamentares preocupados com o impacto econômico das medidas.

O ministro Haddad insiste que a arrecadação adicional é indispensável para cumprir o arcabouço fiscal. Sem ela, afirma, o país enfrentará restrições ainda maiores de gastos em 2026.

A oposição, por sua vez, acusa o governo de aumentar impostos sem atacar o problema dos gastos públicos.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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