Em uma reviravolta que virou meme e expôs uma ferida nacional, a Índia superou o Brasil em cobertura de saneamento básico. Entenda como o país asiático conseguiu e por que o Brasil ficou para trás.
Uma notícia surpreendente se espalhou pelas redes sociais brasileiras e virou sinônimo de frustração nacional: a Índia, um país historicamente associado a graves problemas sanitários, ultrapassou o Brasil em cobertura de saneamento básico. O dado, confirmado por relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial, gerou uma onda de debates e memes que questionam a gestão da infraestrutura no país.
A comparação é um alerta. Enquanto a Índia implementou um programa massivo e focado que tirou centenas de milhões de pessoas de condições insalubres, o Brasil, mesmo com leis avançadas e maior riqueza, patina em um problema crônico que afeta diretamente a saúde e a economia. A história dessa ultrapassagem revela muito sobre prioridades políticas e a urgência de tratar o saneamento básico como a pauta fundamental que ele é.
Os números da virada: uma década de diferença
Os dados comparativos da OMS são claros e mostram uma inversão de papéis impressionante. A métrica utilizada é o acesso a “saneamento gerenciado de forma segura”, que considera não apenas a existência de um banheiro, mas o tratamento adequado do esgoto.
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- Em 2010: O Brasil estava à frente, com 40% de cobertura contra 26% da Índia.
- Em 2022: A virada aconteceu. A Índia alcançou 52% de sua população, enquanto o Brasil permaneceu estagnado em 50%.
Dados do Censo de 2022, divulgados pelo IBGE, aprofundam o problema brasileiro: embora 62,5% dos lares estejam conectados à rede de esgoto, apenas 55,2% do esgoto coletado no país é efetivamente tratado. Isso nos coloca atrás de países como México e Peru.
O segredo da Índia: a missão “Índia Limpa”
O salto indiano não foi um acaso. Ele é resultado direto da Swachh Bharat Mission (Missão Índia Limpa), um programa nacional lançado em 2014 pelo primeiro-ministro Narendra Modi. Com um foco obsessivo em acabar com a “defecação a céu aberto”, a iniciativa se tornou uma das maiores campanhas de saneamento da história.
- Resultados: Em poucos anos, o programa viabilizou a construção de mais de 110 milhões de banheiros, beneficiando cerca de 600 milhões de pessoas.
- Impacto na Saúde: Os resultados foram além da infraestrutura. Um estudo publicado na revista Nature em 2024 associou o programa a uma redução de 30% na mortalidade infantil no país.
O impasse brasileiro: leis avançadas, investimentos lentos
O Brasil possui uma das legislações mais modernas do mundo para o setor, o Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020. A lei estabeleceu metas claras de universalização (99% de acesso à água e 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2033) e abriu o mercado para a iniciativa privada, com empresas como Aegea e BRK Ambiental assumindo grandes concessões.
O problema, no entanto, é o ritmo dos investimentos. Segundo o Instituto Trata Brasil, para atingir as metas, o país precisaria investir R$ 45,1 bilhões por ano. Em 2023, o investimento total foi de apenas R$ 25,6 bilhões, um déficit que atrasa o progresso e perpetua um grave problema de saúde pública.
O custo do atraso e a frustração nacional
A falta de saneamento básico tem um custo humano e econômico altíssimo. O Instituto Trata Brasil estima que o problema cause 11,5 mil mortes e mais de 340 mil hospitalizações por ano no país, principalmente por doenças de veiculação hídrica. A universalização, por outro lado, poderia gerar benefícios econômicos de R$ 1,4 trilhão.
A frustração com esse cenário se reflete nas redes sociais, onde a comparação com a Índia se tornou um símbolo da ineficiência e da falta de prioridade política. Os memes e as críticas virais são um recado claro da população: o Brasil não pode mais aceitar ser superado em uma área tão fundamental para a dignidade e o desenvolvimento.
E você, o que acha? Qual é o principal obstáculo para a universalização do saneamento básico no Brasil: falta de dinheiro, de gestão ou de vontade política? Deixe sua opinião nos comentários.