A ordem de Donald Trump levou tropas e navios americanos à costa venezuelana, acirrando disputas militares e provocando reações imediatas do governo de Nicolás Maduro
A movimentação militar dos Estados Unidos na América do Sul voltou a chamar atenção nesta semana. Por ordem do presidente Donald Trump, cerca de 4 mil soldados foram deslocados para reforçar o combate ao narcotráfico na costa da Venezuela.
A Casa Branca acusa Nicolás Maduro de liderar um cartel internacional responsável pelo envio de drogas — incluindo o fentanil — para os EUA.
Essa decisão reacendeu o debate sobre o poder militar de ambos os países. Os números mostram um abismo entre as forças armadas de Washington e Caracas, embora a Venezuela mantenha investimentos consistentes em defesa.
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Poderio militar americano
Segundo a plataforma Global Firepower, os Estados Unidos ocupam a liderança mundial em poder bélico. O país soma 1,3 milhão de militares em serviço ativo e chega a 2,1 milhões quando somados os integrantes da reserva.
O arsenal aéreo é impressionante. São mais de 13 mil aeronaves, com 9.700 em condições operacionais. Isso resulta de investimentos contínuos na indústria militar, que segue como a mais avançada do planeta.
No campo terrestre, o país mantém mais de 4.600 tanques e cerca de 391 mil veículos preparados para operações. No mar, o poder aumenta ainda mais com 440 ativos navais, incluindo 70 submarinos.
Outro ponto decisivo é o arsenal nuclear. Segundo a Federação de Cientistas Americanos (FAS), os EUA possuem 5.177 ogivas, atrás apenas da Rússia.
Forças da Venezuela
A Venezuela exibe números muito mais modestos. O contingente total chega a cerca de 337 mil militares, entre ativos, reservas e forças paramilitares.
A frota aérea soma 229 aeronaves, mas apenas 126 estão prontas para uso imediato. O arsenal terrestre é formado por 172 tanques e cerca de 8.800 veículos. Já o poder naval se limita a 34 embarcações militares.
Apesar da diferença, o país continua investindo em defesa. Dados do The World Factbook, da CIA, mostram despesas militares que variaram de 0,3% a 1,6% do PIB entre 2020 e 2024. Em 2024, a estimativa aponta 0,6%.
A estrutura de segurança conta com cerca de 125 mil a 150 mil integrantes das Forças Armadas ativas, além de aproximadamente 200 mil membros das Milícias Bolivarianas.
Criada em 2007 por Hugo Chávez, a Milícia Nacional é hoje parte da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e inclui cerca de 5 milhões de reservistas, segundo dados oficiais.
Origem do arsenal venezuelano
Grande parte do inventário militar da Venezuela é de origem russa e soviética, de acordo com a CIA. Nos últimos anos, o país passou a adquirir também equipamentos da China e do Irã.
Ainda que mantenha alguns itens antigos de países como França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e até Estados Unidos, o peso maior é de Moscou.
Vale lembrar que desde 2006 Washington proíbe a venda e transferência de armas para Caracas.
Tensão recente com os EUA
A chegada de três destróieres americanos à região aumentou a tensão. O USS Gravely, o USS Jason Dunham e o USS Sampson — todos equipados com o sistema Aegis de mísseis guiados — devem se aproximar da costa venezuelana.
A resposta de Nicolás Maduro foi imediata. O presidente anunciou a mobilização de 4,5 milhões de paramilitares em todo o país, classificando a operação como uma “ameaça direta” dos Estados Unidos.
Washington, por outro lado, insiste que a ação tem como objetivo combater o narcotráfico e pressionar o governo chavista.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Trump usará “toda a força” contra o regime de Maduro.
Ordem presidencial e repercussão
Segundo a Reuters, os navios americanos deveriam se aproximar da Venezuela já nesta quarta-feira. A ação deriva de uma ordem assinada por Trump em 8 de agosto, autorizando o Pentágono a usar força militar contra cartéis latino-americanos.
O decreto classifica esses grupos como organizações terroristas, abrindo espaço inclusive para operações em águas territoriais e em solo estrangeiro. Essa possibilidade levanta questionamentos jurídicos e preocupa os países vizinhos.
Reflexo no Brasil
Interlocutores do governo brasileiro acompanham com cautela a movimentação. Eles destacam que a Venezuela tem uma fronteira de mais de 2 mil quilômetros com o Brasil.
Ainda não há uma reação concreta em Brasília, mas a avaliação é de que os Estados Unidos podem estar preparando o terreno para uma intervenção militar no país vizinho.
Portanto, mesmo que a disputa esteja centrada em Caracas, a escalada das tensões preocupa diretamente toda a região.
Com informações de O Globo.