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O Maior Aeroporto Offshore da China: Uma Ilha artificial de 20,87 km² em Dalian
Construir um aeroporto já é uma obra monumental. Agora imagine erguer um aeroporto internacional completo sobre o mar, sustentado por uma ilha artificial retangular de 20,87 km². Esse é o desafio da China com o Dalian Jinzhouwan International Airport, em construção no mar de Bohai, a apenas 4,5 km da costa de Dalian, província de Liaoning.
Com previsão de operação plena até 2035 e um orçamento de 26,3 bilhões de yuans (cerca de US$ 4,3 bilhões ou R$ 20 bilhões), o projeto já movimentou mais de 187 milhões de metros cúbicos de aterro e se tornou símbolo de inovação em engenharia marítima e geopolítica.
Uma Ilha Artificial Gigante que Se Transforma em Aeroporto Internacional
A ideia de um novo aeroporto para Dalian surgiu no início dos anos 2000 por três motivos centrais:
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- Saturação do aeroporto Zhou Shuizi, que já operava acima da capacidade.
- Desejo de transformar Dalian em hub internacional completo.
- Falta de espaço em terra firme para expansão.
Inspirado em exemplos como Kansai (Japão), o projeto ganhou força e foi aprovado em 2012 pelo Conselho de Estado da China. A construção começou em 2014, mas foi interrompida por problemas financeiros, questões ambientais e pela pandemia de coronavírus. Apenas em 2023 a obra foi retomada com nova gestão e cronograma mais realista.
Em julho de 2025, 94% da área da ilha já estava formada. A gigantesca estrutura mede 6,54 km de comprimento por 3,5 km de largura, cercada por um sistema de diques de 21 km.
A escolha de Dalian é estratégica: a cidade é um polo econômico portuário, servindo como ponto de conexão entre a China continental, Japão, Coreia do Sul e o Pacífico Norte. Mais do que infraestrutura, o aeroporto offshore é uma afirmação de poder tecnológico e político.
Engenharia de Ponta: Como a China Está Construindo um Aeroporto Sobre o Oceano
Erguer uma ilha artificial não é apenas despejar areia no mar. O subsolo da região é altamente compressível e instável, exigindo soluções de ponta em engenharia geotécnica.
- Foram instalados cerca de 12 milhões de drenos verticais pré-fabricados (PVDs), acelerando a dissipação da pressão de poros e a consolidação do solo.
- A obra também utilizou martelos de 90 toneladas, aplicando impactos equivalentes a 100 toneladas-força por metro a cada golpe, atingindo profundidades de até 13 metros.
- O pico de operação ocorreu em 2025, quando foram despejados 263.300 m³ de aterro por dia.
Cada estaca foi monitorada com ensaios de integridade sônica e de carga, além de receber QR codes que registram profundidade, tipo de solo e resistência, tudo integrado a uma plataforma digital BIM.
Além disso, uma rede de instrumentação geotécnica realizou até agora mais de 3,7 milhões de leituras, acompanhando recalques absolutos e diferenciais, pressões intersticiais e deslocamentos horizontais. Os dados são processados em sistemas com alertas preditivos, permitindo correções antes que ocorram falhas.
Essa abordagem busca evitar os problemas enfrentados por Kansai, no Japão, que sofreu recalques acentuados após a inauguração.
Um Terminal de Meio Milhão de Metros Quadrados e Quatro Pistas para 80 Milhões de Passageiros
O terminal de passageiros terá 500.000 m² em formato radial, com seis “braços” de cobertura. O desenho garante eficiência no embarque e desembarque, mantendo a distância média de caminhada abaixo de 8 minutos.
O edifício será setorizado em áreas para voos domésticos e internacionais, com plataformas independentes que permitem futuras expansões modulares.
Quando finalizado, o aeroporto contará com quatro pistas, capacidade para 80 milhões de passageiros por ano e movimentação de 550.000 toneladas de carga.
Comparações globais:
- Kansai (Japão): 10,55 km² de ilha artificial.
- Hong Kong International: 19,05 km² após expansão.
- Dalian Jinzhouwan: 20,87 km², superando ambos.
Em termos de terminal, rivaliza com o Concourse A de Dubai (528.000 m²), um dos maiores do mundo. Já sua capacidade inicial de 48 milhões de passageiros se aproxima de Schiphol (Amsterdã), que em 2024 recebeu 67 milhões de pessoas.
Mais que Transporte: Um Marco Geopolítico e Científico da China
O projeto vai além da aviação. A ilha artificial está planejada para abrigar parques logísticos e áreas de pesquisa em aviação e climatização offshore, transformando-se em plataforma para inovação científica.
A obra também funciona como catalisador para a reurbanização da orla de Dalian e a expansão da mobilidade integrada. Estão previstas novas linhas de trem, metrô e rodovias elevadas conectando o aeroporto ao centro da cidade.
Incluído no 14º Plano Quinquenal da China, o aeroporto offshore se consolida como vitrine tecnológica do país, reforçando sua liderança em megaestruturas sobre o mar.
O Dalian Jinzhouwan International Airport não é apenas um aeroporto, mas uma declaração da China ao mundo: de que engenharia, geotecnia e planejamento urbano podem superar barreiras naturais e criar soluções em escala continental.
E você, leitor: acredita que aeroportos sobre ilhas artificiais são o futuro da aviação, ou representam riscos ambientais e econômicos que ainda não conseguimos medir?
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