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A cúpula colossal da Basílica de Nossa Senhora Aparecida: 70 metros de altura, 34 de diâmetro e revestida por 5 milhões de pastilhas coloridas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 07/10/2025 às 17:05
Com 70 m de altura e 5 milhões de pastilhas, a cúpula da Basílica de Aparecida é um dos maiores feitos da engenharia e da fé brasileira.
Com 70 m de altura e 5 milhões de pastilhas, a cúpula da Basílica de Aparecida é um dos maiores feitos da engenharia e da fé brasileira.
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Símbolo máximo da união entre fé e engenharia, a cúpula da Basílica de Nossa Senhora Aparecida impressiona por suas dimensões monumentais e pela precisão de sua construção. Com 70 metros de altura, 34 de diâmetro e revestida por 5 milhões de pastilhas coloridas, ela representa o coração do maior santuário mariano do mundo e um dos marcos arquitetônicos mais admirados do Brasil

Localizada no ponto central da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no Vale do Paraíba (SP), a cúpula é um dos elementos mais impressionantes da arquitetura religiosa brasileira.

Projetada para unir funcionalidade, estética e simbolismo, ela se destaca pela forma imponente e pela complexidade técnica envolvida em sua construção, tornando-se uma referência nacional em engenharia e arte sacra.

A Basílica de Aparecida é visitada por milhões de pessoas todos os anos.

Somente em 2024, o número de visitantes ultrapassou 9 milhões, reafirmando o santuário como o maior centro de peregrinação do Brasil e o segundo maior templo católico do mundo, atrás apenas da Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Sua história mistura fé, arte e tecnologia em proporções monumentais.

Construída com 35 mil m³ de concreto e 40 mil toneladas de aço, a Basílica de Aparecida é uma das maiores obras religiosas do planeta.
Construída com 35 mil m³ de concreto e 40 mil toneladas de aço, a Basílica de Aparecida é uma das maiores obras religiosas do planeta.

A origem da devoção e o milagre da pescaria

A história da Basílica remonta a mais de 300 anos, ao episódio conhecido como o milagre da pescaria, que marcou o nascimento da devoção à Nossa Senhora Aparecida.

Em 1717, três pescadores — Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso — lançaram suas redes no Rio Paraíba do Sul após dias de escassez. Em vez de peixes, encontraram um pequeno fragmento de imagem de barro, e logo depois, o corpo que completava a peça.

Pouco após a descoberta, as redes se encheram de peixes, o que foi interpretado como um sinal divino. A história se espalhou rapidamente, transformando aquela imagem — escurecida pelas águas — na padroeira do Brasil.

A primeira capela e o crescimento da devoção

Com a fama dos milagres, surgiram as primeiras romarias. Em 1745, foi erguida a primeira capela para abrigar a imagem, com a ajuda da família dos pescadores.

Entre os fiéis ilustres estava a princesa Isabel, que, após prometer devoção à santa, engravidou e deu à luz seu primeiro filho, Dom Pedro de Alcântara.

Durante o período da escravidão, a imagem negra de Nossa Senhora Aparecida se tornou símbolo de esperança e libertação para os escravizados, fortalecendo ainda mais o caráter popular e inclusivo da devoção.

O nascimento do maior projeto religioso do país

Com o passar das décadas, o pequeno santuário já não comportava o número crescente de peregrinos. Em 1939, iniciaram-se os planos para erguer uma nova basílica, milhares de vezes maior que a antiga.

O projeto ficou sob responsabilidade do arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, um dos maiores especialistas em arte sacra do país.

Calixto estudou templos na Itália, Alemanha e Estados Unidos, adaptando técnicas modernas de engenharia e acústica.

O projeto, aprovado pelo Conselho de Arte Sacra do Vaticano, foi classificado como “incrível e inigualável” pela combinação de grandiosidade e harmonia.

A grandiosa construção da nova Basílica

As obras começaram em 1952, com os trabalhos de terraplanagem, e seguiram até 1955, quando foram lançadas as fundações.

Foram utilizados 12 mil metros cúbicos de concreto e 1.200 toneladas de aço, sob a supervisão do engenheiro Paulo Franco Rocha.

O padre Noé Sotílio administrava os recursos obtidos por doações. Para economizar, encerrou o contrato com a construtora e montou uma equipe própria da Igreja, composta por operários e voluntários — uma tradição que se mantém até hoje.

A basílica foi projetada em estilo neorromânico, com planta em forma de cruz grega, nave central ampla e torres laterais que equilibram a monumentalidade da construção.

A cúpula monumental: fé e precisão em 52,86 metros de altura

O ponto mais simbólico e técnico do projeto é a cúpula central, posicionada exatamente sobre o altar principal. Situada a 52,86 metros de altura, ela une técnica, espiritualidade e arte em um só conjunto.

A altura de 52 metros é a altura máxima onde as pessoas podem ter acesso. Porém, se contar desde altar até o ponto mais alto, a altura chega a 72 metros.

Sua inauguração ocorreu em 11 de outubro de 2017, durante as comemorações dos 300 anos da aparição da imagem no Rio Paraíba do Sul.

A obra foi idealizada pelo artista sacro Cláudio Pastro, responsável também por outros elementos do interior do santuário. Seu trabalho transformou a cúpula em um verdadeiro livro visual da fé católica, repleto de cores, mosaicos e simbolismos.

Símbolos e significados da cúpula

Inspirado na parábola do grão de mostarda, Pastro criou uma composição que representa o crescimento da fé, que se espalha como uma árvore frondosa onde os pássaros encontram abrigo. No centro da estrutura, um pássaro simboliza o Espírito Santo, irradiando luz sobre o altar — um detalhe que se destaca quando a luz natural atravessa os vitrais.

Ao redor, 52 painéis informativos explicam o significado de cada elemento. As cores remetem à criação divina, os desenhos representam a diversidade dos povos e a comunhão entre os fiéis. O conjunto dialoga com os quatro pilares da basílica, também decorados por Pastro, reforçando o sentido de unidade entre fé e arte.

A calota da cúpula, parte superior e visível da estrutura, possui 34 metros de diâmetro, 109 metros de circunferência e 72 metros de altura total em relação à base. É composta por duas esferas sobrepostas, entre as quais há uma escada em espiral que conduz ao mirante.

Engenharia e visitação

Construir uma cúpula de tais proporções exigiu cálculos milimétricos e materiais de alta resistência.

O equilíbrio entre leveza visual e robustez estrutural foi alcançado com concreto armado e aço, em harmonia com o restante do edifício.

Hoje, o Santuário oferece o “Circuito de Visitação à Cúpula”, no qual o público pode subir até o ponto mais alto acessível — a 52 metros — para observar o interior do templo sob uma nova perspectiva. A visita faz parte do “Circuito 3 – Cúpula + Fachadas”, que inclui também o acesso às fachadas Norte, Leste e Sul, de onde se avista todo o complexo religioso.

Juscelino Kubitschek e a Torre Brasília

Durante visita à obra em 1960, o então presidente Juscelino Kubitschek ficou impressionado com o projeto e decidiu contribuir pessoalmente. Financiou a construção da Torre Brasília, uma estrutura metálica de 107 metros de altura, equivalente a um prédio de 30 andares.

É uma das únicas partes da basílica não feitas em concreto armado. Hoje, abriga setores administrativos, áreas técnicas, um museu e um mirante de 300 m², com vista panorâmica para o Vale do Paraíba.

Arquitetura, arte e fé em cada detalhe

O interior da basílica é um espetáculo visual. A cúpula, com 2 mil m² de área interna, é revestida com cerca de 5 milhões de pastilhas de vidro, formando o mosaico da Árvore da Vida. As colunas centrais exibem gravuras que representam a diversidade cultural e religiosa do povo brasileiro.

O templo tem formato de cruz latina, com 72 mil m² de área construída e capacidade para 270 mil pessoas em um único dia.

Além da beleza artística, o complexo movimenta uma impressionante estrutura econômica: R$ 1,4 bilhão por ano, valor 14 vezes superior ao orçamento anual do município de Aparecida.

Um complexo gigantesco de infraestrutura

O Santuário Nacional é muito mais do que a igreja principal. O Centro de Apoio aos Visitantes abriga 380 lojas, 874 banheiros, um heliponto e o maior estacionamento da América Latina, com espaço para 6 mil veículos.

O complexo, com 1,3 milhão de m², possui ainda estação própria de tratamento de água e sistemas de energia, segurança e manutenção contínua.

Ligando a Basílica Velha à nova estrutura, a famosa Passarela da Fé — com 392 metros de comprimento e 35 metros de altura — tornou-se um dos principais símbolos da devoção dos peregrinos que percorrem o trajeto a pé, muitos deles descalços, em agradecimento por graças alcançadas.

Custos e etapas recentes da construção

O valor total das obras da basílica é estimado em cerca de R$ 1,5 bilhão, sem incluir as expansões mais recentes. Em 2016, foi inaugurado o campanário, um dos últimos projetos desenhados por Oscar Niemeyer.

A torre dos sinos possui três campanas importadas da Holanda, com 97 toneladas no total e custo aproximado de R$ 5,6 milhões. O sistema é totalmente automatizado e permite a execução de melodias complexas, controladas por computador.

Reconhecimento internacional e visitas papais

A Basílica de Aparecida é um dos poucos locais do mundo a receber três visitas papais. Em 1980, João Paulo II coroou a imagem da santa. Em 2007, Bento XVI celebrou missa no local durante a V Conferência do Episcopado Latino-Americano. Já em 2013, Papa Francisco visitou o santuário poucos meses após assumir o pontificado, reforçando a importância da devoção mariana no Brasil.

Uma das maiores obras religiosas do planeta

A construção da Basílica envolveu 35 mil m³ de concreto, 40 mil toneladas de aço, 25 milhões de tijolos e 250 mil telhas. Mesmo após 65 anos de obras, o templo continua recebendo melhorias e ampliações, sem perder sua essência.

Mais do que um monumento religioso, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida é um símbolo nacional, uma síntese de história, arte e espiritualidade que impressiona fiéis e visitantes de todo o mundo.

A cúpula monumental, com seus 52 metros de altura e 34 de diâmetro, coroada por milhões de pastilhas que brilham sob a luz natural, permanece como o coração simbólico da fé católica brasileira — uma fusão de engenharia e devoção que traduz o poder da crença e da beleza em um só gesto arquitetônico.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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