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Cuba enfrenta escassez de mão de obra e empresários passam a contratar detentos e buscar profissionais em outros países 

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 19/07/2024 às 08:30
Cuba enfrenta escassez de mão de obra e empresários passam a contratar detentos e buscar profissionais em outros países 
Foto: EL times

Devido à forte escassez de mão de obra, empresas em Cuba contratam detentos para trabalho em fábricas. Entenda como essa iniciativa funciona e os impactos na economia do país.

A severa escassez de mão de obra, resultante do maior êxodo registrado em Cuba desde o triunfo da revolução em 1959, levou uma empresa de açúcar do país a contratar detentos para cumprir seu plano de produção, conforme declarou o diretor da companhia. Esta medida inusitada surge como uma solução temporária para atender às demandas produtivas em meio à crise de trabalhadores. Além disso, a empresa está considerando expandir suas contratações para incluir profissionais de outros países, buscando preencher as lacunas deixadas pela migração em massa.

Empresa de Cuba contrata detentos devido à escassez de mão de obra

Amaury Depestre, deputado pela província central de Cienfuegos e diretor da fábrica de açúcar, no dia 14 de julho, explicou que para concluir a última safra e cumprir o plano, teve que buscar pessoal extra, entre eles 113 prisioneiros que se incorporaram à tarefa.

Durante um debate na noite de segunda-feira, antes da sessão parlamentar que acontecerá nesta quarta-feira, Depestre, citado pelo portal pró-governo Cubadebate, não especificou sob quais condições a empresa de Cuba contrata detentos.

Contudo, desde março, cubanos e estrangeiros que cumprem penas de prisão contam com uma norma que estabelece seu direito a trabalhar dentro e fora das prisões do país, assim como o tratamento trabalhista e salarial a receber. 

Não é a primeira vez que diretores de empresas ou deputados de Cuba se queixam da escassez de mão de obra na agricultura, historicamente afetada pelo êxodo do campo para a cidade. A esse fenômeno somam-se agora uma emigração sem precedentes e o deslocamento dos trabalhadores agrícolas para empregos mais bem remunerados, sobretudo no crescente setor privado local.

Depestre chamou os deputados cubanos a colocarem “em foco” os salários do setor e a emigração que o castiga há alguns anos. Desde 2021, o grupo estatal AzCuba tenta frear a queda do setor, mas a safra 2022-2023 atingiu apenas 350 mil toneladas de açúcar, 4,4% do que Cuba chegou a produzir até o começo da década de 1990. 

Mais de meio milhão de cubanos entram nos EUA

O presidente da AzCuba, Julio García, não informou os parlamentares sobre os resultados finais da safra que concluiu em maio e que Cuba teve que realizar com “pouca disponibilidade de lubrificantes, combustíveis e outros insumos”.

A onda migratória de cubanos registrada desde o final de 2021 não tem precedentes, enquanto a ilha comunista está imersa em sua pior crise econômica em três décadas, com uma inflação disparada, apagões e escassez de alimentos, combustível e medicamentos.

Mais de 560 mil cubanos entraram nos Estados Unidos de forma irregular desde janeiro de 2022 até maio de 2024, segundo a Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras americana, e quase 100 mil voaram diretamente ao país devido a uma permissão de permanência temporária conhecida como Parole, que foi implementada em janeiro de 2023 pelo governo de Joe Biden. Não há uma cifra oficial da migração cubana para outros países da América Latina e Europa.

Brasil também contrata mão de obra carcerária

Cuba contrata detentos devido à escassez de mão de obra, mas não é a primeira a fazer isso, visto que, a partir do trabalho realizado dentro e fora de unidades prisionais, prisioneiros podem desenvolver novas habilidades, expandir suas oportunidades na área profissional para o retorno ao convívio social e ainda reduzir o tempo da pena a ser cumprida.

A mão de obra prisional está sendo empregada na readequação da sede da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) e no Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff). Atualmente, 12.211 detentos realizam algum tipo de atividade laboral apenas no Rio Grande do Sul. Dessas, 11.396 são homens e 815 são mulheres, segundo dados da Polícia Penal de dezembro do último ano.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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